5 fevereiro 2015, Redecastorphoto http://redecastorphoto.blogspot.com (Brasil)
5/2/2015,
Finian Cunningham* − Strategic Culture
A Junta de Kiev-OTAN
promovem a NAZIFICAÇÃO da Ucrânia
Em mais um espetáculo de malabarismo, a mídia
ocidental está, nesta semana, apresentando de maneira distorcida a noção de que
os Estados Unidos e a OTAN estariam “considerando enviar ajuda militar letal”
para “defender” o regime de Kiev de uma “agressão russa”.
Não passa de uma piada sem graça. A explicação real
reside no fato de que a OTAN está perdendo a guerra que trava na Ucrânia e
necessita de mais suprimento militar para tentar recuperar pelo menos um pouco
do prejuízo.
Em primeiro lugar, a imprensa-empresa ocidental
reconhece maliciosamente que a OTAN, liderada pelos Estados Unidos supostamente
até este momento “só enviou para o teatro de guerra equipamento militar não letal”.
Essa desonestidade retórica tem a intenção de demonstrar que esse “material não
letal” de alguma forma não se trata de equipamento militar. Ocorre que, letal
ou não letal, equipamento militar é equipamento militar. Então, vamos deixar a
semântica de lado. Os Estados Unidos e seu alter ego de relações públicas
conhecido como OTAN, já estão profundamente envolvidos na guerra da Ucrânia
através de forte apoio ao regime de Kiev, já há mais de dez meses em combates
na ofensiva do leste ucraniano que apenas até este momento, já causou mais de
5.300 mortes.
Em segundo lugar, não passa de uma ilusão patética a
noção de que Washington estaria “reconsiderando” a possibilidade de enviar para
a Ucrânia “ajuda letal” conforme o que foi relatado na segunda feira pelo
jornal New York
Times.Equipamento militar letal já está sendo enviado para a Ucrânia pelos
Estados Unidos e seus aliados da OTAN. Apesar disso,
o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta semana que não resolverá o conflito “colocar mais armas letais na Ucrânia”. Enquanto isso, a chanceler alemã Angela Merkel, acrescentando que o conflito não pode ser resolvido por meios militares, prometeu que a Alemanha tampouco fornecerá armas para a Ucrânia. Tanto Obama quanto Merkel, ou são terrivelmente falsos ou vivem no mundo da Lua. Provavelmente, ambas as coisas.
o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta semana que não resolverá o conflito “colocar mais armas letais na Ucrânia”. Enquanto isso, a chanceler alemã Angela Merkel, acrescentando que o conflito não pode ser resolvido por meios militares, prometeu que a Alemanha tampouco fornecerá armas para a Ucrânia. Tanto Obama quanto Merkel, ou são terrivelmente falsos ou vivem no mundo da Lua. Provavelmente, ambas as coisas.
Vamos encurtar a história. Não só agora, mas desde o
ano passado a OTAN está em plena guerra na Ucrânia, se não nas últimas décadas,
de forma secreta.
Em sua coluna da SCF (Strategic Culture Foundation)
desta semana, Wayne Madsen
fornece provas precisas e
detalhadas de que um avião gigante de transporte, o Antonov AN124, ucraniano,
foi detectado enquanto transportava armas em um vôo através de vários países da
OTAN para Kiev nos últimos quatro meses, pelo menos. O avião de transporte – o
maior do mundo para este tipo de aeronave – foi visto sendo carregado nos
Estados Unidos, Noruega, Itália e Romênia na missão secreta de canalizar armas
pesadas para o regime de Kiev.
Antes disso, o governo russo já havia afirmado que
foram registrados em operação dentro da Ucrânia, mercenários dos Estados
Unidos, provavelmente da empresa Blackwater/Academi, empresa de segurança
contratada pelo Pentágono, lado a lado com unidades do exército ucraniano,
incluindo-se a Guarda Nacional Ucraniana, unidade ao estilo nazista da SS.
Nesta semana, Alexei Karyakin, porta voz da auto
declarada República Popular de Lugansk disse que pedaços de munições da OTAN
foram recuperadas em várias zonas de combate.
As marcas da OTAN
estavam em vários fragmentos das munições recuperadas... Agora a OTAN está
matando nossos concidadãos, disse Karyakin.
No início deste mês, quando a milícia pró russa de
auto defesa retomou o Aeroporto Internacional de Donetsk das forças de Kiev,
que o estavam usando como local favorável para bombardear Donetsk nos meses
passados, relataram que entre restos carbonizados foram encontrados manuais da
OTAN em várias línguas europeias, além de outros itens identificados como
equipamento padrão da OTAN.
A Lei de Apoio à Liberdade da Ucrânia foi aprovada
pelo Congresso dos Estados Unidos no final do ano passado, tornando obrigatória
a concessão de ajuda letal e não letal para o regime de Kiev no valor de 350
milhões de dólares. A administração Obama tenta manter a fantasia de que teria
agido no sentido de prover apenas ajuda “não letal” na Lei, mas isso é tentar
esticar nossa credulidade até os limites do rompimento.
O entendimento de que os Estados Unidos e seus aliados
da OTAN, Inglaterra, Polônia e Estados Bálticos inclusive, estão agora – e só
agora – especulando sobre a possibilidade de fornecimento de equipamento letal
para o regime de Kiev é simplesmente risível.
Na realidade, de acordo com relatórios de fontes
confiáveis, as tropas de choque paramilitares do partido neonazista Setor de
Direita (Pravy Sektor) foram usadas para incitar os protestos letais de Maidan
em novembro/2013, o que teve como consequência o golpe de Estado que derrubou o
governo eleito do presidente Yanukovich em fevereiro do último ano, estiveram
em treinamento por meses em campos militares na Polônia, aprendendo técnicas de
subversão e terrorismo. A Polônia, um membro da OTAN, e a agência americana CIA
instrumentalizaram assim o fornecimento de “cães de guerra” que precipitaram a
crise da mudança do regime e da guerra civil que hoje se desenrola na Ucrânia.
Podemos voltar ainda para a “revolução colorida” de
2004, inspirada pela CIA, ou ainda para 1991, quando a URSS entrou em colapso e
os Estados Unidos começaram a infiltração e fomentação, regada a cinco bilhões
de dólares, de “grupos da sociedade civil” na Ucrânia. A denominação não passa
de um eufemismo para a cobertura dos agentes da desestabilização promovida por
Soros-CIA-USAID. Quando, no final de 2013, a estridente Victoria Nuland, neocon do
Departamento de Estado se gabou desajeitadamente durante os protestos de Maidan
de ter dispendido cinco bilhões de dólares em fundos de cortesia, tomamos
conhecimento dos fatos. Ainda nesta semana a comparsa de Nuland no Departamento
de Estado, Jan Psaki, mais uma vez desvendou aos repórteres que os Estados
Unidos estão envolvidos em “trabalhos junto à oposição ucraniana” no anelo de
garantir que o país continue seguindo “um bom caminho” para a “transição”.
O momento em que se renovam as cismas sobre os
presumíveis apoios “letais” é a parte interessante da história. O jornal The
New York Times cita funcionários de nível superior e antigos
funcionários governamentais que passaram a apoiar o envio dos tais equipamentos
militares. Entre eles, contam-se o Secretário de Estado, John Kerry, o
Comandante do Estado Maior, General Martin Dempsey, o comandante militar da
OTAN, general Philip Breedlove, assim como seu antecessor, o almirante James
Stravidis. Algumas outras personalidades pertencem ao Instituto Brookings e ao
Conselho do Atlântico. Esses think tanks (organizações ou
grupos de reflexão e pesquisa que se pretendem independentes, para a confecção
e disseminação de ideias sobre temas variados que podem incluir desde economia,
política, ciência e até mesmo assuntos militares- NT) recomendaram ao
governo dos Estados Unidos, que fornecessem ao regime de Kiev equipamento
militar no valor de 3 bilhões de dólares (U$ 3.000.000.000) para os próximos
três anos. Isso significa dez vezes mais que o concedido pelo Congresso norte
americano, dominado por entusiasmados republicanos.
A Radio Europa Livre, agência de notícias vinculada à
CIA, “esclarece” que o debate sobre o incremento de ajuda militar ao regime de
Kiev foi “intensificado” porque: “o governo ucraniano (regime de Kiev) sofreu
importantes derrotas militares nas últimas semanas, o que tornou cada vez mais
claro que o cessar fogo não funciona”.
Isto é, a junta militar apoiada pelo ocidente está
perdendo a guerra – apesar de já desfrutar do apoio da OTAN e mesmo tendo
supostamente reagrupado suas forças ofensivas após o cessar fogo.
Além disso, o jornal The New York Times acrescenta
outro fator aos motivos pelos quais Washington agora quer a escalada da agenda
militar, que seja: as sanções econômicas impostas contra a Rússia “não
dissuadiram” o governo do presidente Vladimir Putin. Ou como a porta voz do
Departamento de Estado, Jan Psaki, afirmou, a Rússia não “mudou seu
comportamento”. O significado é o seguinte: a Rússia se recusou a ficar de
joelhos e adotar um comportamento servil, confrontando as ambições hegemônicas
globais de Washington.
Washington e seus servis vassalos europeus começam a
perceber que o seu esquema execrável para a mudança de regime na Ucrânia corre
o risco de dar em nada. Agora, Washington está tentando salvar seu desastrado
gambito para subjugar a Ucrânia e por extensão a Rússia, através da escalada da
aposta militar.
Mas Washington não pode, sem riscos, aumentar
abertamente seu envolvimento militar por razões políticas adversas tanto
nacional quanto internacionalmente. Os Estados Unidos tem que ser muito
cuidadosos para não deixar transparecer que já se encontra envolvido
militarmente até o pescoço na Ucrânia, da mesma forma que seus parceiros da gang da
OTAN.
Assim, Washington prefere retratar a situação como a
“defesa” do regime de Kiev, que dirige um país que anela se juntar à União
Europeia, que ama a democracia e que está sendo hostilizado pelos insurgentes,
os quais por sua vez não passariam de fantoches travando uma guerra de
procuração sob inspiração da Rússia.
As mentiras sistemáticas que os Estados Unidos e a
OTAN tem despejado durante meses sobre o conflito na Ucrânia se refletem nessa
linguagem e raciocínio tortuosos.
A singela verdade é que a OTAN, liderada pelos Estados
Unidos, está descaradamente escalando a guerra na Ucrânia e dela participando.
Pior: está perdendo a guerra desde seu início. Não é por outra razão que agora
Washington tenta realizar todas as acrobacias retóricas na tentativa de enganar
a população ocidental em concordar com uma enorme escalada militar de “sua”
guerra, sob o pretexto de fornecer “armas letais defensivas”.
*Finian
Cunningham nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963.
Especialista em política internacional. Autor de artigos para várias
publicações e comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em
6/2011) por seu jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos
humanos por parte do regime barahini apoiado pelo Ocidente. É pós-graduado com
mestrado em Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra,
antes de seguir carreira no jornalismo. Também é músico e compositor. Por
muitos anos, trabalhou como editor e articulista nos meios de comunicação tradicionais,
incluindo os jornais Irish Times e The
Independent. Atualmente está baseado na África Oriental, onde escreve um livro
sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.
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