O
ano de 2014 registou um novo recorde no valor do comércio entre a China e os
países de língua portuguesa, mas o grande peso de matérias-primas, cujos preços
estão em quebra internacional, fez com que o ritmo de crescimento abrandasse.
Com
um total de perto de 133 mil milhões de dólares em 2014, de acordo com dados
revelados este mês pelos Serviços de Alfândegas da China, valor que representou
um crescimento inferior a 1% relativamente a 2013, parece agora mais longe a
meta definida no final de 2013.
O
Plano de Acção para a Cooperação Económica e Comercial (2014-2016), aprovado
durante a 3ª reunião ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e
Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, previa a adopção de
“todas as medidas necessárias e propícias” para
atingir, até 2016, a meta de
160 mil milhões de dólares nas trocas no conjunto de países.
O
mais recente relatório do Conselho Empresarial Brasil-China é demonstrativo das
dificuldades na actual conjuntura, atribuindo a quebra nas exportações
brasileiras para a China à “tendência de queda dos preços internacionais das
principais matérias-primas.”
As
exportações de soja – feijão, farelo e óleo – e de minério de ferro, que
representam mais de dois terços das vendas brasileiras à China, aumentaram em
quantidade mas recuaram fortemente em valor.
“O
padrão das exportações brasileiras para o país asiático manteve-se igual
‘grosso modo’ ao verificado nos anos anteriores, uma vez que as vendas para a
China concentraram-se no envio de soja, minério de ferro e petróleo, que,
somados, representam 79,8% das vendas”, refere o mesmo relatório.
Apesar
de um recuo nos totais de exportações chinesas (3,49%) e importações (3,15%), o
Brasil continuou a ser, de longe, o mais importante parceiro comercial da China
nos países de língua portuguesa, com um comércio bilateral superior a 89 mil
milhões de dólares.
Também
no caso de Angola as importações de matérias-primas recuaram, 2,67 %, devido à
quebra do preço do petróleo, que constituiu o grosso das compras da China
àquele país, sendo que as exportações chinesas aumentaram mais de 50%.
Também
aqui as previsões de curto prazo não são favoráveis, tendo a Economist
Intelligence Unit revisto este mês em baixa significativa o preço médio
estimado para o barril de Brent em 2015, agora em 54 dólares.
Os
dados das Alfândegas da China indicam que em 2014 o melhor desempenho entre os
três maiores mercados no espaço “8+1” foi com o país em que as matérias-primas
pesam menos na balança, Portugal: crescimento de 25% nas exportações chinesas e
de 19% nas importações.
Entre
2002, quanto se cifravam em 5,6 mil milhões de dólares, e 2013, as trocas
comerciais da China com os países de língua portuguesa tiveram um aumento anual
médio de 37%.
A
necessidade de alargamento da base comercial já começou a ser antecipada na 3ª
reunião ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a
China e os Países de Língua Portuguesa, com o lançamento do Centro de Serviços
Comerciais para as Pequenas e Médias Empresas da China e dos Países de Língua
Portuguesa (PLP), do Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos PLP e
do Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial
entre a China e os PLP.
Foi
ainda lançado o Fundo da Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os
Países de Língua Portuguesa, uma iniciativa conjunta do Banco de Desenvolvimento
da China e do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização de Macau
(FDIC), com a primeira parcela no valor de 125 milhões de dólares.
(Macauhub/AO/BR/CN/CV/GW/MO/MZ/PT/ST/TL)
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