quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Portugal/O MITO DE QUE É A ALEMANHA QUE FINANCIA A UNIÃO EUROPEIA – E A SRA. MERKEL QUER SER A "DONA DE TUDO ISTO"

9 fevereiro 15, Resistir.info http://www.resistir.info (Portugal)

por Eugénio Rosa*

O original está em http://www.resistir.info/e_rosa/ue_alemanha_07fev15.html

RESUMO DESTE ESTUDO

No estudo anterior provamos, utilizando dados da própria Comissão Europeia, como a Alemanha beneficiou com a criação da União Europeia e, nomeadamente, da zona euro. Para isso, mostramos como de uma situação deficitária, em que a Alemanha se encontrava antes da Zona Euro, em que tinha de transferir uma parte da sua riqueza para outros países, ficando com menos do que aquela que produzia, passou para uma situação altamente vantajosa, em que se apropria de uma parcela importante da riqueza criada em outros países, nomeadamente nos da União Europeia, acabando por ficar com uma riqueza muito superior à que produz, o que contribui para o seu nível de desenvolvimento e bem-estar. Neste estudo, como tínhamos prometido, vamos analisar os mecanismos utilizados pela Alemanha para alcançar essa situação vantajosa.

Para compreender isso, é preciso ter presente que a Alemanha, contribuindo apenas com 27,14% para o "Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira ", que é responsável pelo apoio aos países da U.E. em dificuldades; e com apenas 17,99% do capital do BCE, e
somente com 13% do capital do FMI, no entanto, devido à submissão/vassalagem dos governos e dos " opinion-makers" que dominam os media dos países da União Europeia está a conseguir alcançar, utilizando os mecanismos financeiros subtis, aquilo que não conseguiu com as armas e guerras mas que sempre ambicionou, que é o de impor a sua vontade e domínio a toda Europa, tirando disso elevadas vantagens. A sra. Merkel, à semelhança de Ricardo Salgado, quer ser a "dona de tudo isto" , que é a União Europeia.

Assim, a nível do "Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira", e tomando como exemplo o caso português, a Alemanha obtém nos mercados financeiros dinheiro a uma taxa de juro que ronda os 1% e depois empresta a Portugal, através do MEEF, a uma taxa superior a 2,5%, ou seja, a 2,5 vezes mais, embolsando desta forma anualmente muitos milhões € de lucro à custa de enormes sacrifícios impostos aos portugueses. Por outro lado, e como consequência de relações comerciais desiguais, a Alemanha acumulou deste que entrou para a Zona do Euro (2002-2015), segundo dados da própria Comissão Europeia, um gigantesco saldo positivo (excedente) na sua Balança de Transações correntes no montante de 2.030.800 milhões €, enquanto a Grécia acumulou um saldo negativo de 279.300 milhões €, e Portugal também acumulou um saldo negativo de 162.100 milhões €. Se limitarmos a nossa analise apenas às relações comerciais dentro (intra) da U.E., entre os diferentes países que a constituem, conclui-se, com base também em dados da própria Comissão Europeia, que a Alemanha acumulou após a entrada no euro (2002/2015), um gigantesco saldo positivo (excedente) na sua Balança Comercial de 1.293.600 milhões €, enquanto a Grécia, no mesmo período, acumulou um saldo negativo de 300.200 milhões €, e Portugal também teve um elevado saldo negativo de 230.900 milhões €. Portanto, verifica-se no seio da União Europeia profundas desigualdades, que se têm agravado com os anos, mas que a Comissão Europeia ignora, já que para a Alemanha é uma situação que lhe dá grandes benefícios. E o chamado "plano Juncker" é mais um instrumento no agravamento das desigualdades no seio da U.E. pois o país que será mais beneficiado com ele será precisamente a Alemanha. Se analisarmos apenas as relações comerciais entre Portugal e a Alemanha conclui-se que elas foram altamente desiguais e vantajosas para a Alemanha e desvantajosas para Portugal, já que Alemanha, no período 1995/2014, obteve um excedente (saldo positivo) de 40.764 milhões €, e Portugal um saldo negativo de igual montante. Uma parcela do emprego e riqueza alemão foi obtido à custa da despesa dos portugueses que se endividaram para isso, e agora acusam de serem consumistas. Afirmar como fez o ministro alemão que " "promessas à custas dos outros não são realistas" leva-nos a dizer que a "riqueza dos alemães obtida à custa do agravamento das desigualdades, da miséria e dos desequilíbrios no seio da U.E., atingindo nomeadamente os países mais frágeis, não é só irrealista como é imoral". (…)



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