10 fevereiro 2015, Mauro Santayana http://www.maurosantayana.com
(Brasil)
(Hoje em Dia) -- A imprensa internacional destaca o crescimento da
economia norte-americana, o que está sendo negado por observadores como o
ex-secretário do Tesouro dos EUA John Craig Roberts, que afirma que os números
são falsos, fruto de manipulação de dados de financiamento do sistema de saúde.
Enquanto isso, cresce o protagonismo diplomático, econômico e
geopolítico da China, segunda economia do mundo, dona das maiores reservas
monetárias do planeta e principal credora dos Estados Unidos, que substitui
Washington e a Europa como fonte de liquidez cambial, empréstimos
internacionais Estado a Estado e financiamento para infraestrutura.
A ofensiva financeira de Pequim ocorre, também, em regiões em que
há forte influência brasileira, e que já foram consideradas, no passado, como
um “quintal” exclusivo dos norte-americanos, o que faz com que o
“establishment” dos Estados Unidos esteja, há anos, preocupado com o tema.
Já em 2012, um relatório do “Diálogo Interamericano”, produzido
pelos economistas Kevin P. Gallagher, Amos Irwin e Katherine Koleski,
intitulado “The New Bank in Town” (“Um novo banco na cidade”), abordando o
financiamento chinês na América Latina, mostrava que, em 2010, bancos estatais
chineses emprestaram a países da região mais do que o Banco Mundial, o Banco
Interamericano e o Eximbank juntos, alcançando, de 2005 a 2012, mais de 75
bilhões de dólares.
Em 2013, essa quantia já chegava, no caso venezuelano, a 50 bilhões
de dólares, na Argentina, a 14 bilhões de dólares, no Brasil, a 13 bilhões de dólares
(10 bilhões a serem pagos em petróleo pela Petrobras), no Equador, a mais de 9
bilhões, e a outros países, a quantias menores de 5 bilhões de dólares, porém
significativas para o porte de sua economia.
Desse montante, 54 bilhões de dólares foram aplicados em
infraestrutura, 26 bilhões de dólares em energia e o restante em outras áreas,
como a mineração.
Na primeira semana de 2015 ocorreu em Pequim a reunião ministerial
do Fórum China–Celac, com a presença de aproximadamente 20 países.
Na ocasião o presidente Xi Jinping afirmou que a China pretende
investir 250 bilhões de dólares na América Latina nos próximos dez anos,
quantia que poderia chegar a 500 bilhões de dólares com o dinheiro de fundos e
investidores privados.
Há obras tocadas e planejadas por empresas chinesas em toda a
América Latina e Caribe, da futura ferrovia transoceânica Brasil–Peru à
remodelação do Porto de Santiago, em Cuba, onde a China pretende seguir o
Brasil, na intenção de instalar empresas voltadas para a venda de produtos aos
EUA, quando acabar o bloqueio.
Enquanto muita gente acha que Pequim está louca de emprestar
dinheiro a países como a Argentina e a Venezuela, os chineses avançam,
inexoravelmente, ampliando seu poder na região, aproveitando-se da perda de
influência dos EUA e da retirada do Brasil, que, devido a "razões de
política interna" (pressão contra o BNDES) recua.
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