24 Fevereiro 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)
“Este é o momento em que choramos a partida sem regresso de um
homem que foi um combatente inquestionável pela liberdade”, estas foram as
primeiras palavras proferidas pelo Presidente da República, Filipe Nyusi,
durante velório do general na reserva, José Moiane, cujos restos mortais foram
ontem a depositar na cripta da Praça dos Heróis Moçambicanos, na capital do
país.
“Choramos a partida de um comandante corajoso, de um governante
determinado, de um conselheiro”, enalteceu ainda o Chefe do Estado no
seu
elogio fúnebre, aconselhando ao mesmo tempo aos moçambicanos a confortarem-se
com os ensinamentos que constituíram a vida e obra do destemido combatente pela
libertação da Pátria.
Segundo Filipe Nyusi, o tenente-general, para além de dedicar a sua
vida à luta pela libertação da nação moçambicana, era uma pessoa reservada e
contida naquilo que falava.
“Pesava as palavras porque sabia que elas são uma arma, uma arma
que ele sempre usou no sentido da construção, do entendimento e da
aproximação”, frisou o Chefe do Estado.
Durante o velório, que decorreu nos paços do Município da Cidade de
Maputo, a José Phahlane Moiane, de seu nome completo, foi atribuído pelo
decreto presidencial, a título póstumo, o grau de “Herói da República de
Moçambique” com o objectivo de se valorizar os seus feitos na contribuição para
a luta de libertação nacional, coesão da nação, consolidação da independência
nacional e da defesa da Pátria.
Numa cerimónia carregada de muita emoção, dor e consternação, para
a qual acorreram familiares, amigos, membros do Governo, o veterano da Luta de
Libertação Nacional foi descrito como sendo uma pessoa que pautou a sua vida
pela humildade, de fácil trato, corajoso e acima de tudo nacionalista,
determinado e perseverante.
“Este nacionalista convicto, este comandante destemido, este
dirigente comprometido com a causa nacional nunca olhou para a tribo, etnia,
raça ou para a religião”, acrescentou Nyusi, considerando Moiane um
nacionalista “de primeira linha” e com “elevados princípios de justiça social”.
Para o Presidente da República foi através dos valores de Moiane e
de outros jovens da geração “25 de Setembro” que os moçambicanos aprenderam o
valor essencial da unidade nacional, cristalizada pelo comandante Moiane nas
bases do Niassa e cimentada nas batalhas de Tete.
É que, não é para menos, segundo os colegas e amigos do malogrado,
foi através da liderança de Moiane com a colaboração de outros dirigentes de
guerrilha nas batalhas de Tete que se conseguiu alcançar a independência
nacional.
“Este general é um dos pilares fundamentais da vitória do povo
moçambicano contra o colonialismo português. Ele desempenhou um papel
extremamente estratégico para a FRELIMO atravessar o Zambeze e a partir daí
expandir a luta para Manica e Sofala e, não só, dali para a Zambézia reabrir a
frente da Zambézia”, reconheceu, por seu turno, Graça Machel.
Falando em representação do Presidente da Frelimo, Armando Guebuza,
que não esteve presente por razões de saúde, Eliseu Machava, secretário-geral
da Frelimo, lamentou o facto de se ter calado a voz firme, encantadora e
corajosa que era característica de José Moiane.
Para a família, a morte de José Moiane pregou-lhes uma partida,
pois na agenda familiar estavam ávidos em celebrar os 80 anos que o herói
nacional completaria a 28 de Novembro deste ano. Contudo, referem que seguirão
os ensinamentos do pai, pois sempre afirmava: “a vida é uma luta, meus filhos”,
referiu Ruth Moiane, uma das filhas do malogrado combatente.
Refira-se que pela morte do general Moiane foi decretado luto
nacional de dois dias.
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