quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Angola/NAÇÃO HONRA HERÓIS

5 fevereiro 2015, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Filipe Eduardo, Malanje

A celebração do 54º aniversário do início da luta de libertação nacional, assinalado ontem, decorreu sob o lema “Angola 40 anos de independência, paz, unidade nacional e desenvolvimento”.

O ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, que presidiu ao acto central em representação do Presidente da República, no município de Quiuaba Nzoji, na província de Malanje, apelou aos angolanos para celebrarem a efeméride em todas as aldeias, vilas, cidades e em todo o sítio onde esteja um angolano.

Bornito de Sousa recordou que os ideais da libertação do jugo colonial não começaram com o início da luta armada no dia 4 de Fevereiro de 1961. O ministro referiu a resistência de vários soberanos, reis e rainhas, tais como a rainha Njinga Mbandi, os reis Ngola Kiluanje Kia Samba, Ekuikui, Mandume, Muatxiânvua e outros.

Os patriotas angolanos procuraram, de início, alcançar a liberdade por vias pacíficas, tentaram
negociar com o regime colonial uma saída para a independência de Angola, mas os colonialistas não aceitaram, obrigando os angolanos a utilizar outros meios, incluindo a luta armada.

Sobre a escolha da data do 4 de Fevereiro de 1961, Bornito de Sousa recordou que a decisão foi tomada porque os angolanos quiseram aproveitar a presença de jornalistas provenientes de vários países que se deslocaram a Luanda para cobrir a anunciada chegada do navio “Santa Maria”, sequestrado por Henrique Galvão, um anti-salazarista português.

Os patriotas angolanos aproveitaram a data para o assalto a várias cadeias de Luanda. Naquela data - recordou o ministro - vários nacionalistas atacaram as cadeias com o objectivo de libertar os presos políticos, numa luta que se alastrou progressivamente a todo o país, até que deflagrou a Revolução dos Cravos em Portugal, em 25 de Abril de 1974, em resultado da luta conjugada do povo português e de todos os povos subjugados contra o regime colonial-fascista. 

No dia 15 de Janeiro de 1975 foi celebrado o Acordo do Alvor entre o Governo português e os movimentos de libertação de Angola, MPLA, FNLA e UNITA e, finalmente, a Independência Nacional foi proclamada a 11 de Novembro de 1975. O ministro da Administração do Território realçou a importância do 4 de Fevereiro, uma efeméride que vem incluída no conjunto de outras datas importantes ligadas à luta de libertação nacional. A título de exemplo, referiu o 4 de Janeiro, Dia dos Mártires da Libertação Nacional, em homenagem às vítimas do massacre que os colonialistas perpetraram contra os camponeses da Baixa de Cassange, especialmente na aldeia de Teca dya Kinda. Outra data não menos importante é o 15 de Janeiro, que por causa do Acordo do Alvor é celebrada como o Dia dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.
 
Bornito de Sousa referiu-se igualmente ao 15 de Março, data da expansão da luta armada de libertação nacional, em memória das populações do norte de Angola, que na sequência do 4 de Fevereiro revoltaram-se contra os colonialistas, uma acção que fez com que aquelas áreas do território nacional ficassem quase seis meses livres da ocupação portuguesa. “Temos recebido alguns pedidos para que o 4 de Janeiro passe a ser outra vez feriado. O Ministério do Trabalho fez um estudo e constatou haver muitos feriados, o que resultaria em quase 30 dias sem trabalharmos”, referiu Bornito de Sousa, que justificou a razão da diminuição do número de feriados nacionais. Outras datas, não menos importantes, passaram a ser comemorativas. 

Baixa do preço do petróleo
Sobre a baixa do preço do petróleo, Bornito de Sousa afirmou que o Conselho de Ministros vai apreciar, na próxima sexta-feira, o Orçamento Geral do Estado (OGE), aprovado no ano passado com base no preço do petróleo, avaliado na altura em cerca de 81 dólares o barril. 
O  preço baixou quase para metade e é preciso redifinir as prioridades, havendo projectos que vão ter que esperar. “Vamos ver o que é prioritário. A saúde, educação e área social são tidos em conta”, disse o ministro da Administração do Território.
Bornito de Sousa chamou a atenção para a necessidade do Orçamento do país não depender só do petróleo. Apelou aos angolanos para aproveitarem as potencialidades que o país oferece e apostar na diversificação dos seus produtos, aproveitando o seu potencial na agricultura, turismo, recursos minerais, água e outros.
 
No caso de Malanje, disse o ministro, a província tem muitas potencialidades na agricultura e pode produzir milho, mandioca, legumes, fruta, peixe e outros produtos do campo para o seu consumo e para exportar. Bornito de Sousa exortou igualmente para a necessidade de se apostar na formação de quadros para desenvolver a província. “Há que apostar no processo de ensino e educação. Para tal, devemos aproveitar as várias instituições de ensino superior da região, como é o caso da Faculdade de Medicina que este ano vai formar vários médicos”, disse o ministro.

A promoção da alfabetização deve constituir igualmente prioridade, não só para os mais novos como também para os adultos. O ministro da Administração do Território apelou à população de Quiuaba Nzoji para tomar todos os cuidados para prevenir doenças. 

Importância de Malanje 

Bornito de Sousa realçou a importância turística que a província de Malanje possui e que pode contribuir para a diversificação da economia nacional e diminuir a dependência do sector petrolífero. A título de exemplo, citou as Quedas de Calandula, as Pedras Negras de Pungo Andongo, os Rápidos do Cuanza e o Parque Nacional de Cangandala, onde se encontra a Palanca Negra Gigante.

Dignificar os heróis 
O ministro da Administração do Território apelou à população de Malanje e de outras localidades para celebrarem com dignidade o 4 de Fevereiro, como sendo uma data para se dignificar os heróis que tudo deram e fizeram para que Angola alcançasse a independência, a paz e a democracia.

Intervindo no acto, o governador provincial de Malanje, Norberto dos Santos, realçou a importância do 4 de Fevereiro, como sendo o início de vários acontecimentos que fizeram com que Angola fosse independente, bem como os esforços dos nacionalistas que tudo deram para hoje Angola atingir um nível de desenvolvimento que se traduz na paz, estabilidade, coesão e unidade nacional. Norberto dos Santos agradeceu ao Executivo por realizar o acto central na província de Malanje, um reconhecimento maior à sua população, e reafirmou a vontade do Governo Provincial em continuar a trabalhar para dignificar os 40 anos de independência que o país alcançou, fruto do sacrifício dos heróis de 4 de Fevereiro e não só. 
A cerimónia prosseguiu com a inauguração do Hospital Regional de Malanje, com capacidade para 90 internamentos, da Estação de Desenvolvimento Agrário e uma visita ao projecto agro-pecuário de Lutau.
 
Assistiram ao acto os ministros da Agricultura e da Educação, os secretários de Estado dos Antigos Combatentes, da Saúde e do Comércio, deputados da Assembleia Nacional, representantes de vários partidos políticos, autoridades eclesiásticas e tradicionais e uma moldura humana de muitos milhares de populares provenientes dos municípios de Malanje, Caombo, Kunda-dia-Base, Caculama e Cangandala.

Nenhum comentário: