2 fevereiro 2015 Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)
João
Dias*, Addis Abeba
O primeiro ministro do Governo de Transição da
República Centro Africana (RCA), Mahamat Kamoun, agradeceu todo o apoio que têm
recebido de Angola para a estabilização daquele país.
A
mensagem foi transmitida sábado em Addis Abeba ao Vice-Presidente da República,
Manuel Vicente. Mahamat Kamoun informou sobre os últimos desenvolvimentos da
situação política, num momento em que a grande preocupação é fazer prevalecer o
diálogo necessário para a estabilização e paz.
As autoridades da República Centro Africana estão a preparar a consulta popular que culmina, dentro de dois meses, num Fórum Nacional de reconciliação. “Este processo de diálogo e reconciliação nacional inscreve-se
Na audiência concedida por Manuel Vicente, que em Addis Abeba representou o Chefe de Estado na Cimeira, as partes trocaram impressões sobre a sessão especial consagrada à Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos e evocaram, igualmente, os pontos que fazem parte da agenda da visita que a Presidente Catherine Samba-Panza efectua a Angola nos próximos dias.
Ainda na sexta-feira, o Vice-Presidente teve, à margem da Cimeira, um encontro com o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, com quem abordou aspectos relacionados com a cooperação bilateral e questões sobre a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL). Mais tarde, Manuel Vicente recebeu o representante do Presidente Barack Obama para a Região dos Grandes Lagos, Russell Feingold, de quem recebeu informações sobre a disponibilidade da Administração americana para a paz na região.
A 24ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana terminou no sábado. A liderança da organização é agora da responsabilidade do Presidente Robert Mugabe. A próxima Cimeira realiza-se na África do Sul.
Balanço positivo
O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, em jeito de balanço, considerou a Cimeira positiva. Apesar de ter sido proclamado 2015 o ano dedicado à mulher, foram os temas sobre o combate ao terrorismo, enquanto ameaça à paz no continente, que dominaram a discussão.
Os participantes analisaram o actual quadro de aplicação do programa da Nova Parceria Para o Desenvolvimento de África (NEPAD), assim como o Comité de Defesa e Segurança da União Africana debateu vários aspectos ligados aos conflitos armados que ainda afectam o continente.
Os estadistas discutiram igualmente a questão das resoluções da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) ligadas ao combate das “forças negativas”, que criam instabilidade na República Democrática do Congo, bem como o problema do terrorismo no continente. Na reunião do Comité de Defesa e Segurança, os Chefes de Estado e de Governo decidiram a realização de uma operação militar, com vista a desarmar os rebeldes da Forças Democráticas de Libertação do Ruanda, que insistem em desestabilizar a zona Leste da República Democrática do Congo.
Na Cimeira, Angola propôs à comunidade africana a iniciativa de institucionalização do Fórum para a Cultura de Paz, que pode ter lugar de dois em dois anos. Angola obteve ainda outra conquista, ao serem eleitos dois quadros seus para membros de órgãos de alto nível da UA, nomeadamente o professor Sebastião Isata, que passa a integrar a Comissão da União Africana do Direito Internacional (CUADI), e o sociólogo Paulo de Carvalho, que passa a fazer parte do Conselho da Universidade Panafricana (UPA).
A Universidade Panafricana é uma rede de universidades africanas criada por iniciativa dos Chefes de Estado para oferecer a educação de pós-graduação para a realização de uma África próspera, integrada e pacífica, sendo os principais destinatários jovens talentos locais.
A delegação angolana contou com a presença do ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, embaixadores e altos funcionários diplomáticos, que participaram nas reuniões de peritos e prepararam os documentos discutidos na Cimeira.
Na sexta-feira o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, reiterou que Angola, na qualidade de membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, vai continuar a trabalhar a favor da paz e estabilidade da República Democrática do Congo e na pacificação de outros países em conflito no continente e no mundo.
Manuel Vicente discursou na reunião conjunta para a avaliação da aplicação do Acordo-quadro para a Paz, Estabilidade e Cooperação da República Democrática do Congo, na presença do Presidente Joseph Kabila e do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
O Vice-Presidente da República lembrou que a postura intransigente das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda levou a várias reuniões entre os Chefes de Estado e de Governo da região e da SADC para avaliar o processo de desarmamento e rendição voluntária dos rebeldes.
*Com Angop
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