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novembro 2013, GGN http://jornalggn.com.br (Brasil)
O SENADOR McCARTHY E O MENSALÃO:
PARALELOSHISTÓRICOS
Por Mottta Araujo
Joseph McCarthy foi um Senador
americano eleito pelo Estado de Wisconsin em 1947. Juiz de carreira, compensava
a mediocridade e a falta de cultura jurídica com rispidez e rapidez nos
julgamentos.
Chegando ao Senado em 1947, não se
destacou pelo brilhantismo até que pegou um filão do qual extraiu capital de
PATRIOTISMO, criando uma ideia de conspiração comunista no Departamento de
Estado. Destruiu a carreira de veteranos diplomatas sob a acusação de
filo-comunistas, sem nenhuma base, mas seus discursos histéricos e
desbalanceados INTIMIDAVAM o Senado, ninguém tinha coragem de enfrentá-lo
porque ela atacava quem se lhe opusesse, dando a entender que qualquer oponente
dele estava ajudando os comunistas e portanto podia ser comunista. A Comissão
de Atividades Anti-Americanas que ele criou e presidiu não tinha limites ou
contrapesos.
Seu discurso inicial que
desencadeou uma campanha violenta foi em fevereiro de 1950, com diplomatas como
primeiro alvo. Depois virou a artilharia do patriotismo contra artistas e
diretores de cinema, jornalistas, escritores, dramaturgos, roteiristas,
cientistas, mais de 1.000 pessoas foram submetidas a seus interrogatórios,
sempre na tecla de uma "conspiração comunista". Provocou grande
quantidade de dramas pessoais, carreiras destruídas, exílios, como o de Charles
Chaplin, que vivia há 35 anos nos EUA. Os ataques iam em um crescendo de histeria
e agressividade, provocando também
suicídios, como o do Senador Lester Hunt.
Mas aí McCarthy partiu para atacar o Exército e começou sua queda. Como não
tinha noção de limites, era um sujeito agressivo mas pouco inteligente, não
percebeu que o Exército era um alvo muito mais poderoso que ele, o próprio
Senado viu que suas teses e provas eram falsas e muito de seus discursos eram
invencionices fantasiosas. Por uma moção votada em 2 de dezembro de 1954, por
67 a 22 o Senado lhe deu um voto de CENSURA, que é muito raro e que significa o
fim político de um congresista. Morreu três anos depois de morte oficial por
hepatite, na verdade alcoolismo.
McCarthy teve um apogeu incrível,
apoiado por grande parte da imprensa, temido por todos, até no Executivo, ninguém
lhe enfrentava, mesmo os que percebiam que era um crápula. Até hoje nos EUA se
debate porque deixaram McCarthy ir tão longe e desgraçar tanta gente boa.
A explicação mais plausível é o medo de alguém que se opusesse a ele passasse
por IMPATRIOTA. Como dizia um grande filósofo "O mundo seria um lugar
melhor se os homens justos tivessem a audácia dos canalhas".
O julgamento do mensalão foi
inteiramente orientado na direção de um linchamento político. As penas são
aberrantes no sistema jurídico brasileiro. Como pode ser possível Marcos
Valério ser apenado com 40 anos, o dobro da maioria dos assassinos, o goleiro
Bruno que matou e sumiu com o cadáver de uma moça e por pouco não mata o filho
dela teve metade da pena do operador do mensalão, uma empregada de agência de
Valério foi apenada com mais de 10 anos, obviamente uma pessoa que estava lá
pelo emprego e que recebia ordens do patrão. A teoria de "domínio do
fato" é uma bizarrice jurídica, alguem construiu essa ideia mas ela está
muito longe de ter aceitação importante nos sistemas jurídicos, uma tese tirada
da biblioteca para esse julgamento, nunca foi aplicada antes em casos de
corrupção e veremos se será plicada no caso dos fiscais da Prefeitura.
O julgamento de um colegiado como é
uma Suprema Corte para ter legitimidade deve obedecer aos rituais tradicionais,
onde cada um do colegiado dá sua posição e ao final se coletam os votos. Juiz
de Suprema Corte contestar votos de outros juízes é algo inédito e contestar
grosseiramente, agressivamente, passando lição é um constrangimento moral,
viciando o processo. McCarthy também fazia isso, não admitia constestação a
suas teses e quem lhe contestasse era submetido a agressão grosseira, essa era
sua força, um medíocre que aterrorizava os demais Senadores porque ele punha na
mesa a tese "quem me contesta é impatriota e vendido aos comunistas".
Esse terrorismo moral com apoio da imprensa especialmente da revista TIME e do
jornal Chicago Tribune garantiu a ele 4 anos de glorificação pela midia, era
uma celebridade nacional, capa de revistas e jornais, desde o início muitos
bons cérebros percebiam a falsidade e a demagogia do Senador McCarthy mas
ninguém tinha sua ousadia, essa era sua maior arma, tipos como McCarthy avançam
sem limites enquanto ninguém lhe barra a passagem, esse processo é
relativamente comum nas democracias, cometas que surgem do nada e chocam pela
novidade, pelo imprevisivel, pela surpresa, pela audacia sem limites, pela
prepotencia até esfumarem no ar.
Qualquer semelhança é mera
coincidência, como diziam os filmes da MGM.
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