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novembro 2013, Boletim Nº 1843 - Ano 40, Universidade
Federal de Minas Gerais https://www.ufmg.br (Brasil)
A Universidade Federal de Minas Gerais divulgou o resultado do Grande Prêmio UFMG de Teses defendidas em 2012. Foram vencedores três dos 46 trabalhos de doutorado indicados pelos programas de pós-graduação. Os premiados, respectivas áreas e trabalhos apresentados são:
Marília de Oliveira Scliar, Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde, GENES AMERICANOS
Ana Paula Moreira Barboza, Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, DESCOBERTA DO DIAMANTE
Emilio Meyer, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes, NÃO À “ANISTIA DE MÃO DUPLA
Mercosul & CPLP
inicia a publicação de três artigos sobre os trabalhos premiados. Os textos
estão na edição de novembro do Boletim Nº
1843 - Ano 40 da Universidade Federal de
Minas Gerais.
GENES AMERICANOS
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novembro 2013, Boletim Nº 1843 - Ano 40, Universidade
Federal de Minas Gerais https://www.ufmg.br (Brasil)
Tese que apontou semelhanças entre povos indígenas vai ajudar a entender povoamento do continente americano
Luana Macieira
A
investigação de Marília de Oliveira Scliar, que constatou semelhanças genéticas
entre dois grupos indígenas que habitam os Andes e a região amazônica do Peru,
foi vencedora na grande área de ciências agrárias, biológicas e da saúde. Para
a realização do trabalho, uma parceria com a Universidade Peruana Cayetano
Heredia permitiu a coleta de material genético de indivíduos integrantes dos
grupos investigados.
“Nossos colegas peruanos coletaram material genético de
indivíduos dos grupos Shimaas e Quéchuas. Queríamos entender qual é a relação
entre esses dois povos, uma vez que isso poderia trazer esclarecimentos sobre a
relação mais geral entre populações indígenas andinas e amazônicas, além de
trazer esclarecimentos sobre o povoamento da América”, explica a pesquisadora.
Depois da coleta do material
genético dos representantes das duas etnias, o DNA dos indivíduos foi
ressequenciado em laboratório. Segundo a pesquisadora, a última etapa da
pesquisa foi a realização da inferência de parâmetros demográficos dos dois
povos, o que permitiu a conclusão de que os Shimaas são uma subamostra da
diversidade genética dos Quéchuas e que as duas populações se separaram há
menos de cinco mil anos.
“Eles se separaram há pouco tempo, se levarmos
em consideração a idade do povoamento da América, que ocorreu há
aproximadamente 15 mil anos, e o desenvolvimento cultural dos povos que nessa
época já habitavam os Andes e a Amazônia. Essa descoberta nos permite concluir
que populações tão diferenciadas culturalmente podem ter uma relação genética
estreita, como no caso entre Quéchuas e Shimaas”, aponta Marília Scliar.
Ela destaca, ainda, que o estudo
pode ajudar a esclarecer como se deu o povoamento da América do Sul. “Os
pesquisadores ainda não sabem se os primeiros povos entraram no continente
sul-americano apenas pela costa do Pacífico e só depois se espalharam ou se
esse povoamento de deu em várias frentes. Estudos que analisam a origem de
povos e as semelhanças genéticas entre eles podem ajudar nesse tipo de
esclarecimento”, diz.
A pesquisadora esclarece que o
estudo continua em andamento, uma vez que foram comparados apenas dois povos
indígenas, habitantes de regiões muito específicas da América Latina.
“Para entendermos melhor a relação
entre as populações andinas e amazônicas, precisamos comparar mais fragmentos
de DNA e, posteriormente, realizar novas inferências demográficas. O próximo
passo da pesquisa é usar outra população que habita a mesma região geográfica
dos Shimaas para mostrar se o padrão que encontramos é um padrão geral.”
Shimaas e Quéchuas
Apesar da comprovação de que os
dois povos se separaram recentemente, seus hábitos são muito diferentes.
Enquanto os Quéchuas vivem basicamente da agricultura e são típicos
representantes dos habitantes dos Andes, os Shimaas são identificados como
representantes da cultura amazônica, não só por sua língua (da família
Arauaque), mas por compartilharem modo de vida mais parecido com o dos povos
amazônicos que com o dos andinos.
Além disso, os Shimaas,
diferentemente dos Quéchuas, habitam uma região de transição chamada “selva
alta”. Localizada no Peru, a selva alta apresenta características tanto dos
Andes como da planície amazônica. “Os dois povos falam línguas diferentes,
habitam regiões diferentes, têm costumes diferentes e, mesmo assim, descobrimos
que os Quéchuas deram origem aos Shimaas. É muito importante entendermos como,
há apenas cinco mil anos, um povo pode ter se originado de outro que possui
cultura tão distinta”, conclui a pesquisadora.
Tese:
Genética de populações e inferências estatísticas sobre a história demográfica
de populações nativas sul-americanas
Autora: Marília de Oliveira Scliar
Orientador: Eduardo Martim Tarazona Santos
Defesa: fevereiro de 2012, no Programa de Pós-graduação em Genética, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB)
Autora: Marília de Oliveira Scliar
Orientador: Eduardo Martim Tarazona Santos
Defesa: fevereiro de 2012, no Programa de Pós-graduação em Genética, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB)
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