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novembro 2013, Jornal de Angola
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Um
pouco por todo o continente, de forma segura e bastante exitosa, tem vindo a
aumentar o número de mulheres que desempenham cargos de chefia política, tanto
a nível dos parlamentos, dos governos ou mesmo nas presidências.
Ate há não muitos anos seria
impensável ver-se, em África, um tão grande número de mulheres a desempenhar
tão elevados e responsáveis cargos de direcção. Agora, já se tornou habitual
ver mulheres a desempenhar esses cargos com prestações altamente positivas.
Num estudo recentemente publicado por um observatório internacional sedeado em Genebra, em 36 parlamentos espalhados pelo mundo com uma representação feminina de 30 por cento, onze situam-se no continente africano.
Até finais de 2012, por comparação com o que se havia então passado nos últimos dez anos, o número de parlamentares femininas nos países a sul do Sahara cresceu 7 por cento, situando-se na ordem dos 22 por cento, o que colocou aquela região ao nível
Em muitos casos o aumento do número de mulheres a exercer cargos de grande responsabilidade política fica a dever-se a um sistema de quotas que se está a popularizar a nível de todo o continente mas que não garante uma escolha baseada, simplesmente, a nível das competências. No parlamento do Senegal, no último ano, assistiu-se a imposição de um sistema de quotas que obrigava a que 50 por cento dos assentos fosse ocupado por mulheres. Depois de muitos debates, foram os parlamentares senegaleses a imporem em Setembro já deste ano a posse de uma mulher, Aminata Toure, no cargo de primeira-ministra.
Na África do Sul, 42 por cento dos deputados são mulheres, o que constitui o dobro das que existiam em 1994 quando o partido no poder, Congresso Nacional Africano, impôs um voluntário sistema de quotas que previa uma percentagem de 30 por cento dos postos para representantes do que há muito foi deixado de ser considerado “sexo fraco”.
Este sistema de quotas, mais amadurecido, esteve na base do facto de, actualmente, os cargos no governo sul-africano de ministros do Interior, Defesa e Negócios Estrangeiros estarem a ser desempenhados por mulheres e de serem também mulheres as concorrentes mais bem posicionadas para se apresentarem às eleições presidenciais de 2014.
As mais proeminentes são Helen Zille, líder da Aliança Democrática, principal partido da oposição, Mamphela Ramphele, fundadora de uma nova formação política chamada “Agang” e Nkosazana Dlamini-Zuma, antiga esposa do actual presidente Jacob Zuma, actualmente líder da Comissão Executiva da União Africana e uma séria candidata a assumir o comando do Congresso Nacional Africano no congresso que antecederá a ida às urnas.
Neste momento a Libéria e o Malawi são países já presididos por mulheres, enquanto no Ruanda o presidente Paul Kagame conseguiu que 64 por cento dos assentos parlamentares fossem ocupados por mulheres, o que constitui um recorde absoluto a nível de todo o mundo.
Por contraste, o Botswana apenas tem uma percentagem feminina no parlamento avaliada em 8 por cento, enquanto a Nigéria conseguiu uma ligeira subida de 5 para 7 por cento no espaço de cinco anos.
Noutros países como Angola, Zimbabwe, Namíbia e Moçambique não existe uma preocupação estatística com este problema mas existem dados que deixam perceber uma tendência para basear as escolhas em avaliações de índole de capacidade política.
Essas avaliações de competências, pois é disso que se trata, faz com que as mulheres indicadas para ocupar esses cargos - sejam nos governos ou nos parlamentos - possuam as necessárias capacidades e não são fruto de qualquer tipo de imposição estatística.
De uma forma geral as opiniões dividem-se em relação aos diferentes métodos e aos resultados obtidos com o aumento do número de mulheres no mundo da alta política. Existe, por parte das organizações ocidentais, uma tendência em associar o desempenho feminino na política a um reforço do sistema democrático. Para os defensores desta tese, as mulheres são menos susceptíveis de se deixarem seduzir por sistemas de corrupção e reagem mais ponderadamente quando são colocadas em casos de extrema tensão.
Não havendo dados absolutos que possam ser usados para associar os desempenhos governativos a natureza do género, teremos que sublinhar a crescente tendência para se verificar o aumento do número de mulheres que optam pela carreira política.
Isso acontece de forma natural, sobretudo no continente africano, onde aumenta cada vez mais a diferença entre o número de mulheres e de homens, o que se reflecte em termos do número de votantes de um e de outro sexo. Também em termos de adesão aos discursos e programas políticos será natural que haja uma determinada tendência dos potenciais candidatos a líderes centrarem a sua atenção em função dos seus destinatários.
Ora se o número de mulheres não pára de subir em relação aos homens é normal que os partidos tentem captar os seus apoios optando por apresentar candidatos que estejam em melhores condições de conseguir sucesso. No caso concreto do continente africano não se pode dissociar o aumento de mulheres na política e no desempenho de cargos de direcção aos numerosos e exitosos programas de promoção do género que objectivavam, precisamente, a sua inserção na sociedade em absoluto pé de igualdade com os homens.
Finalmente, o fruto desses programas começa a ser colhido de forma progressiva e natural sem que isso provoque qualquer tipo de constrangimento social. A única coisa que é verdadeiramente importante é que, independentemente do sexo, o continente africano seja dirigido por pessoas competentes e verdadeiramente interessadas no progresso e no desenvolvimento dos seus povos.
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