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setembro 2014, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
Inspirada em ideais neoliberais idênticos àqueles do
PSDB, Marina Silva assume compromissos com o mercado financeiro que nem o mais
emplumado tucano ousaria propor. Pode-se afirmar que a proposta da candidata é
a privatização da política econômica em seu conjunto, legando a gestão
econômica brasileira aos bancos e ao mercado financeiro.
Por Paulo Teixeira* e Guilherme Mello**
Na política monetária, Marina propõe a
"independência" do Banco Central. Desta maneira, o governo eleito democraticamente
perderia qualquer possibilidade de influenciar a política de juros, que estaria
entregue nas mãos de "técnicos" não eleitos, notadamente relacionados
ao mercado financeiro. Esses "técnicos" teriam como meta apenas o controle
da inflação, não importando o custo social de suas ações. O Banco Central
estaria "livre" da influência do governo, mas completamente
emparedado pelas expectativas, influências e interesses do mercado financeiro.
George Soros e Marina Silva
legando esse controle para
"conselheiros" que se submetam às pressões do mercado financeiro.
Não tendo mais domínio sobre a política monetária e a política fiscal, Marina propõe que o governo também deveria abrir mão do manejo e administração da taxa de câmbio. Neste caso, é de se esperar a retirada das medidas de regulação do mercado cambial implantadas pelo governo Dilma Rousseff, que reduziram a volatilidade da taxa de câmbio, fazendo com que volte a ser definida totalmente pelo mercado financeiro.
Na política comercial, a abertura passa a ser um princípio em si mesmo, pensado como mecanismo de "forçar a eficiência das empresas brasileiras". A liberalização comercial no atual cenário de baixa competitividade das empresas nacionais deve redundar em absoluto desmonte do que restou de nossa cadeia produtiva, fazendo com que o Brasil adentre as estratégias globais de produção das empresas multinacionais de maneira completamente subordinada e submissa.
Além disso, Marina ainda propõe o fim do direcionamento do crédito, enfraquecendo programas como o Minha Casa, Minha Vida e o crédito rural, além da diminuição do papel do BNDES, que se mostrou tão fundamental na superação da crise econômica de 2008. A oferta e direcionamento do crédito ficariam sob o controle dos bancos privados, com seus juros escorchantes.
O conjunto das propostas de Marina visa retirar do governo eleito democraticamente a possibilidade de propor um projeto de desenvolvimento nacional autônomo, deixando o país de joelhos em busca da aprovação dos mercados. Acreditamos que tal projeto não se coaduna com os desejos de mudanças e avanços do povo brasileiro.
Para avançar em setores como Saúde, Educação, Transporte e Segurança, é fundamental um setor público forte e a serviço do povo, não dos bancos e multinacionais. O projeto de Marina na economia pretende tornar a democracia uma ilusão, pois em sua distopia neo-neoliberal o comando do país estará nas mãos do mercado, aquele que sonha apenas com seu próprio bolso.
*É deputado federal pelo PT de São Paulo
**É economista e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon)/Instituto de Economia/ Universidade de Campinas (Unicamp)
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