terça-feira, 16 de setembro de 2014

Angola/Conjuntura regional analisada em Luanda

16 setembro 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Kumuênho da Rosa

A presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, reuniu-se ontem, em Luanda, para consultas, com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Em trânsito para Bangui, onde foi testemunhar a transferência de mandato da Força da União Africana (MISCA) para Missão das Nações Unidas para a República Centro Africana (MINUSCA), a presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, reuniu-se ontem em Luanda para consultas com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

À saída do Palácio da Cidade Alta, Nkosazana Dlamini Zuma destacou a importância do encontro com o Chefe de Estado angolano, líder em exercício da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos, num dia marcante para a região, e também para Angola, cujo mandato iniciado em Janeiro à frente da CIRGL tem sido marcado por um grande esforço político e diplomático para
se ultrapassar as crises, principalmente na RDC, RCA e Sudão.

“Foi uma boa oportunidade para passarmos em revista vários dossiers da agenda africana, nomeadamente a situação política e de segurança na região dos Grande Lagos, pois havia questões bastante pertinentes que era preciso tratar, como os conflitos que grassam na região, como o do leste da RDC e o da RCA, e sendo Angola também um membro da UA, pudemos também analisar as questões de paz e segurança na Líbia, Sudão e Darfur."

Sobre a transferência do mandato das forças internacionais no teatro militar na RCA, Nkosazana Dlamini Zuma disse que o momento é de “expressar gratidão" a todos os homens e mulheres africanos que arriscaram as suas vidas para conter a situação na RCA, quando tudo indicava que ficava fora de controlo. “Temos de dizer obrigado a todas as nações de África, pois foi graças a esses africanos e africanas do MISCA, e também das outras forças que ali estiveram, que hoje podemos dizer que apesar de não ser uma situação perfeita, foi conseguida uma certa estabilidade na RCA."

Desabafo de Dlamini Zuma

“Toda a gente sabe que as forças das Nações Unidas só chegam quando a situação no terreno se torna de certa forma estável. Agora eles estão em condições de assumir as suas responsabilidades", desabafou a presidente da Comissão da União Africana, que considera haver “ainda muito por fazer" na RCA.

O actual Governo da RCA é um órgão de transição que precisa de tempo para consolidar-se e que os centro-africanos vão levar ainda muito tempo para ultrapassar os problemas causados pela guerra.
 
“Eles precisam de tempo para organizar-se a si próprios, as instituições, as forças da ordem, os tribunais, tratar do registo de eleitores, preparar eleições, o processo em si de reconciliação nacional, ou seja, temos ainda um longo caminho pela frente", disse a presidente da Comissão da União Africana, que se diz confiante num “futuro de progresso" para os centro-africanos.
 
O país de 4,5 milhões de habitantes mergulhou no caos desde o golpe de Estado de Março, realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou o Presidente François Bozizé.

No encontro entre José Eduardo dos Santos e Nkosazana Dlamini Zuma também foi discutido o desenvolvimento regional e do continente, com Angola e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) entre os destaques. “Falámos de desenvolvimento e de Angola, em particular, porque os progressos são visíveis. Quem vem a Angola vê e sente isso. Discutimos também o desenvolvimento regional, em particular as comunidades económicas regionais, assim como a nível da União Africana, as infra-estruturas e a sua reabilitação", disse Nkosazana Dlamini Zuma.


A presidente da Comissão da União Africana aproveitou o encontro para falar das fontes de financiamentos desta organização continental. “Discutimos as questões dos financiamentos da União, porque Angola acredita que a nossa organização deve ter fundos próprios e sejam tomadas decisões que possam ser implementadas com base em recursos próprios", referiu.

Fontes alternativas
O Presidente da República manifestou o seu apoio relativamente ao processo do Presidente Obasanju e defende que sejam encontradas fontes alternativas de financiamentos para resolução dos problemas continentais. A dirigente sul-africana adiantou que em relação ao caso a União Africana está a estudar vias de financiamentos para que as suas recomendações e actividades tenham resolução com base em recursos provenientes de fundos próprios.
“Manifestámos o nosso apreço pelo facto de Angola ter as suas contas em dia na União Africana e pelo apoio que tem dado à União Africana, não apenas no contexto individual, mas também no contexto da comunidade da SADC", declarou Nkosazana Dlamini Zuma.

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