quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Angola/Estabilidade em África foi debatida em Luanda

10 setembro 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Kumuênho da Rosa

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem em audiência, no Palácio da Cidade Alta, o argelino Smail Chergui, comissário para a Paz e Segurança da União Africana, com quem conversou sobre a actual conjuntura do continente africano e da região dos Grandes Lagos, em particular.

Os temas que dominaram o encontro que se insere no âmbito da presidência angolana da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos são três: a periclitante transição política na República Centro Africana (RCA), processo de paz e da estabilidade no leste da RDC, com realce para o processo de desarmamento e desmobilização dos rebeldes da FDRL, e também a Líbia, onde desde Julho, duas facções armadas entraram em conflito violento para controlar
a capital, Trípoli. A maior parte da capital, incluindo o aeroporto militar de Mitiga, é controlada actualmente pelo grupo Fajr Libya.

O comissário para a Paz e Segurança da União Africana disse que dos temas abordados, foi dado maior destaque à paz e estabilidade no leste da RDC. “Pensamos que se esta questão for resolvida pode ajudar-nos a levar a paz para outros países onde há conflitos e beneficiar o nosso continente", disse Smail Chergui.

“Encontrámos uma solução para o M23, mas temos a FDRL, que continua a causar problemas na região e é preciso rapidamente encontrar uma solução”, referiu. Smail Chergui disse que o engajamento do Presidente angolano na resolução da crise no leste da RDC, no quadro da CIRGL, é reconhecido e apreciado por todos. “Angola já realizou duas cimeiras e uma reunião ministerial sobre este assunto e pensamos que sob a liderança do Presidente angolano podemos encontrar uma solução também para a FDRL."

Chergui lembrou que na mais recente cimeira da CIRGL, em Luanda, os líderes da região deram uma espécie de ultimato à FDRL para que colaborem no processo de paz. “Eles têm um prazo de seis meses que foi definido aquando da última cimeira de Luanda e pensamos que é o prazo final", declarou o argelino, para quem as “forças negativas" que teimam em desestabilizar a região leste da RDC, devem acatar os conselhos e seguir o caminho da paz. Na Cimeira de Luanda, antecedida por uma reunião dos ministros da Defesa da região, foi convencionado que até Dezembro as FDLR concluam o processo de rendição e entrega das armas, sob escrutínio da CIRGL, através do seu Mecanismo de Verificação Conjunto Alargado, da SADC e da MONUSCO.

FDRL deve acatar
“Creio que a Comunidade Internacional está engajada para que o prazo dado às FDRL seja o último. Estamos a fazer tudo para que não tenhamos que recorrer a uma solução militar, mas para isso a FDRL tem que acatar os nossos apelos para abraçar o projecto de desarme de forma pacífica."

O comissário da UA manifestou-se impressionado pelos progressos que viu em Angola, durante a sua visita. Disse que o que viu levou-o a felicitar o Presidente angolano, pela clarividência e a forma dedicada como trabalha em prol do povo angolano. “Já cá estive noutras ocasiões e agora no meu regresso fiquei positivamente surpreendido com os progressos. Não quis desperdiçar a oportunidade de felicitar o Presidente e o povo angolano por tudo o que têm conseguido, desde a conquista da paz."

Tensão na Somália
O comissário da UA também falou sobre as acusações de abuso e exploração sexual de mulheres e jovens por soldados da Missão da União Africana na Somália. As acusações são da Human Rights Watch (HRW), num relatório divulgado na segunda-feira.

Smail Chergui disse que a União Africana já emitiu um comunicado, no qual afirma que está a investigar a veracidade das denúncias, mas que se mantém firme no combate a este tipo de comportamento. “A União Africana procura apurar se estas denúncias da HRW são verdadeiras, saber se houve ou não casos de abuso e exploração sexual, mas a nossa posição em relação a isso é clara e inequívoca: não toleramos situações dessas nas nossas forças."

A organização recolheu testemunhos de 21 somalis que se queixam de ter sido violadas ou exploradas sexualmente desde 2013, em duas bases na capital, por militares do Uganda e do Burundi ao serviço da AMISOM. Foram também ouvidas mais de 30 testemunhas, observadores estrangeiros, soldados e responsáveis de países que contribuem para o contingente.


A AMISOM está na Somália desde 2007 e apoia as autoridades na luta contra os islamitas da Al-Shabab. É financiada principalmente pelas Nações Unidas e pela União Europeia, que pagam os salários dos militares, e pelos Estados Unidos e Reino Unido. É formada por contingentes do Uganda, Burundi, Quénia, Etiópia, Djibuti e Serra Leoa.

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