18 de Setembro de 2014, Jornal Notícias
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As doenças crónicas fazem agora parte das primeiras 25
causas de morte no país, facto que impõe uma mudança do perfil epidemiológico,
e o Ministério da Saúde já está a reflectir sobre os principais serviços a
integrar no pacote mínimo de cuidados a ser oferecido na rede primária do
Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O facto foi dado a conhecer ontem, em Maputo, por ocasião
da realização da I Reunião Nacional de Saúde Pública, que tem em vista a busca
de consensos para a melhoria da saúde da população.
Com efeito, segundo Francisco Mbofana, director nacional
de Saúde Pública, a esperança de vida dos moçambicanos está a aumentar e
há
cada vez mais gente a viver mais tempo e as doenças crónicas surgem como
principais causas de morte.
“A estrutura etária da população tem estado a mudar.
Consequentemente, há uma mudança do perfil das doenças. Em 1990 doenças
crónicas não faziam parte das primeiras 50 causas de morte prematura no nosso
país, mas agora fazem parte das primeiras 25 causas de morte”, indicou.
Esta mudança, segundo indicou, não se deve apenas ao
facto de a estrutura da nossa população estar a mudar, mas também à avaliação
sobre as condições em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e
envelhecem, que são consideradas as determinantes sociais de saúde.
Mbofana apontou como factores de risco o uso de tabaco,
álcool, inactividade física, sexo inseguro e determinantes-chave, como a
globalização, que fazem com que as pessoas imitam coisas que viram fazer
noutras coordenadas e que são prejudiciais.
Neste quadro, impõe-se, segundo a fonte, que cada
instituição do Estado tenha que dar o seu contributo para reduzir o impacto das
determinantes sociais na saúde da população.
“Sem colaboração o sector da Saúde acaba carregando todo
o peso sobre as determinantes sociais. Se cada um quiser trabalhar no seu
sector significa que os resultados não vão aparecer”, frisou.
Ele defendeu que as condições de vida são centrais para a
boa saúde e se estas não são das melhores claramente que a saúde da família e
da comunidade não vai ser boa.
“Como sector da Saúde temos que estar suficientemente
fortes para assegurar que outros sectores vão fazendo a sua parte, o que
significa criar capacidade para o desenvolvimento de políticas, liderança e
advocacia, defender uma legislação e regulamentos que garantam maior nível de
protecção e criar sistemas de saúde que sejam baseados em cobertura universal e
justiça de financiamento. Temos que evitar situações em que a doença vai ser
catastrófica para as famílias”, ajuntou.
A I Reunião Nacional de Saúde Pública foi aberta pelo
secretário permanente do MISAU, Marcelino Lucas, sustentando que é inevitável o
debate sobre a transição demográfica e epidemiológica, pois destas duas depende
a forma como se organiza o Sistema Nacional de Saúde.
Argumentou que os desafios do dia-a-dia pressionam a ter
sistemas de vigilância e resposta cada vez mais robustos, eficazes e eficientes
para responder às doenças emergentes.
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