10 setembro 2014, Resistir.info http://www.resistir.info (Portugal)
por Juan Torres López
Quando há pouco mais de dois anos Mario Dragui acabou com a
especulação que fazia subir tão perigosamente o prémio de risco de vários países
europeus, dentre eles a Espanha, foi aclamado como um herói ao conseguir
travá-la com uma simples frase: "Farei o que for necessário para
salvar o euro, e será suficiente". Escrevi neste mesmo diário que em lugar
de aplauso merecia ser processado porque acabava de demonstrar que o Banco
Central Europeu podia ter evitado o custo financeiro tão impressionante que se
estava a gerar para os governos e que toda a Europa se encaminhasse de novo
para a recessão e a crise ( Dragui
debe ser procesado ).
Agora torna a passar-se praticamente o mesmo. Aplaudem Dragui e o BCE por ser valente e colocar as taxas de juro num nível histórico, supondo que assim vão facilitar que o crédito flua finalmente às empresas e que isso permita levantar a economia europeia. Mas mais uma vez se vão equivocar aqueles que tenham a ingenuidade de acreditar que as coisas vão ser assim.
Na realidade, esta medida in extremis do BCE é a manifestação palpável do seu fracasso e o de toda a Troika na hora de
manejar a crise.Agora torna a passar-se praticamente o mesmo. Aplaudem Dragui e o BCE por ser valente e colocar as taxas de juro num nível histórico, supondo que assim vão facilitar que o crédito flua finalmente às empresas e que isso permita levantar a economia europeia. Mas mais uma vez se vão equivocar aqueles que tenham a ingenuidade de acreditar que as coisas vão ser assim.
Na realidade, esta medida in extremis do BCE é a manifestação palpável do seu fracasso e o de toda a Troika na hora de
A aplicação de políticas de austeridade quando a economia carecia de alimentação nos seus principais motores (o consumo, o investimento privado e as exportações) foi "pro-cíclica", ou seja, agravou a falta de actividade e criou mais encerramentos de empresas, mais paralisação e mais dívida, levando a economias a uma nova fase de recessão. Quiseram aliviar os males do enfermo tirando-lhe a vida e agora percebem que está sem remédio e aplicam uma medida que parece radical e contundente mas que, sem dúvida, vai ser mais uma vez ineficaz. Ou melhor dizendo, favorável só aos grandes fundos especulativos que vêm apostando na baixa de taxas há meses.
Será ineficaz, em primeiro lugar, porque as autoridades europeias não fizeram praticamente nada para resolver o mal de fundo do sistema financeiro europeu que não é outro senão a quebra generalizada dos bancos. Portanto, qualquer dinheiro a mais que estes recebem (tal e como tem sucedido até agora) será utilizado só, na imensa maioria, para tentar sanear seus balanços e aumentar artificialmente suas contas de resultados, tal como têm feito até agora.
Em segundo lugar, porque, ainda que com essas taxas mais baixas se conseguisse que os bancos aumentassem o crédito a empresas e famílias, não se conseguirá que o custo efectivo deste financiamento seja suficientemente baixo quando chegue a eles. Os bancos, graças ao seu impressionante poder de mercado, continuarão a aplicar margens brutais que impedirão que se resolva realmente o problema do financiamento ao conjunto da economia.
Em terceiro lugar, porque a carência de ganhos (de clientes nas empresas e de rendimento disponível nas famílias) obriga-os a dedicarem-se de preferência a reduzir dívida (a "desalavancar-se", como se diz na gíria). De modo que, enquanto não se tomarem medidas que garantam que a actividade real e a procura efectiva aumentem para que assim se encaminhem ganhos suficientes para os bolsos das empresas produtivas e dos consumidores, as políticas de taxas de juro continuarão a ser inúteis para fazer que a economia europeia levante voo. Poderão levar o cavalo à água, talvez, mas não poderão fazer com que beba.
As autoridades europeias afundaram conscientemente a Europa com o único objectivo de salvar bancos e grandes empresas e agora não vão poder levantá-la utilizando o mesmo procedimento.
Albert Einstein dizia que "a loucura é fazer a mesma coisa repetida vezes esperando obter diferentes resultados". E isso é o que se passa com Dragui e o resto das autoridades europeias: estão loucos se acreditam que vão conseguir algo diferente fazendo o mesmo de sempre, por mais lucros na bandeja da banca e das grandes empresas.
A Europa necessita de outra terapia diferente que não cabe no âmbito do capitalismo neoliberal que promovem e impõem (certamente, de modo cada vez mais anti-democrático) as autoridades europeias.
Em primeiro lugar, é prioritário que se resolva o problema da dívida artificialmente gerada pela política do BCE e pela acção especulativa dos fundos financeiros. Todas as instituições e políticas europeias funcionam para criar dívida (desde o momento mesmo em que se impediu que o banco central financie a custo zero os governos – naturalmente sob critérios estritos de estabilidade a médio e longo prazo) e isso – juntamente com o grande poder político acumulado pela banca – é a fonte da crise actual e das que vão continuar a produzir-se.
Em segundo lugar, é imprescindível que se recupere a actividade real, os mercados de bens e serviços, e para isso é obrigatório forçar uma repartição diferente do rendimento para que as empresas (e sobretudo as pequenas e médias) voltem a ter clientes às suas portas e possam contratar novos trabalhadores. A desigualdade crescente é a fonte da recessão actual e não se poderá evitar que seja recorrente enquanto não for combatida com decisão.
Em terceiro lugar, é necessário rectificar a orientação produtiva imposta na Europa nas últimas décadas reconduzindo a actividade sectorial, o modo de produzir e consumir, e reforçando os mercados locais e internos para acabar com a estúpida estratégia de competitividade que, como se vê dia a dia, não é senão uma máquina de empobrecimento mútuo.
08/Setembro/2014
Ver também
BCE passa a conceder empréstimos aos
banqueiros privados com juros reaisnegativos
*Catedrático na Universidade de Sevilha, no Departamento de Teoria Económica e Economia Política.
O original encontra-se em juantorreslopez.com/impertinencias/dragui-o-el-fracaso-de-europa/
*Catedrático na Universidade de Sevilha, no Departamento de Teoria Económica e Economia Política.
O original encontra-se em juantorreslopez.com/impertinencias/dragui-o-el-fracaso-de-europa/
----------
DRAGHI DEBERÍA SER PROCESADO
31 julio 2012, Juan Torres Lopez http://juantorreslopez.com
(España)
Publicado en Público.es el 31 de julio de 2012
Los medios de comunicación han festejado que una sola frase de
Draghi (“Haré lo que sea necesario para salvar el euro, y será suficiente”)
haya bastado para salvarnos, deteniendo la acelerada subida de la prima de
riesgo española.
Lo muestran como un todopoderoso dios monetario capaz de paralizar
de un solo golpe la furia de los especuladores, la “irresponsabilidad” de los
mercados que el Ministro de Economía denunciaba días atrás, cuando sus ataques
encarecían la venta de nuestra deuda hasta niveles prohibitivos.
Y lo es. Es el titular de un poder nuevo, pero de un poder no
democrático y que, como este mismo caso demuestra claramente, no se ejerce en
beneficio de los pueblos sino infligiéndole un sacrifico tan inhumano como
innecesario y cruel.
Por eso me parece que lo noticioso no debería ser la acción
todopoderosa de Draghi sino que no haya comparecido para explicar por qué no la
llevó a cabo antes.
Si el Banco Central Europeo, como a nadie le cabe ya la menor duda
y como acaba de ser de nuevo demostrado, puede evitar tan fácilmente el
sobrecoste artificial que los mercados imponen a nuestra deuda, lo que
tendríamos que preguntarnos es la razón del retraso en la acción salvadora, las
causas de una omisión tan flagrante del deber de protección y auxilio económico
que las instituciones tienen respecto a las economías y a los pueblos que las
han creado.
No se trata de un hecho baladí. De una semana a otra se suceden
subastas que al ir encareciéndose aumentan en miles de millones de euros la
factura que pagan los estados, y si el Banco Central Europeo no hace nada,
pudiéndolo hacer, para que no sea más elevada de lo necesario, lo que está
provocando es un daño terrible a las naciones, a las personas y a las empresas
concretas, a sus patrimonios y a su capacidad de creación de riqueza y empleo.
Un daño, además, que se hace solamente en aras de permitir que los inversores
se enriquezcan todavía más simplemente apostando en un casino en donde se juega
a costa del bienestar y la paz de las naciones.
No es la primera vez que Draghi se ve inmerso en acciones de este
tipo, que ocasionan un daño tan evidente y grave a las economías. Fue directivo
de Goldman Sachs e inevitablemente corresponsable, si no responsable directo,
de los engaños que el todopoderoso banco urdió en Grecia, y parece que también
en Italia, para hacer negocio manipulando sus cifras de déficit. Y su presencia
está vinculada igualmente a escándalos (que terminaron también beneficiando a
Goldman) relacionados con la privatización de empresas públicas en Italia. Sabe
bien lo que significa utilizar recursos públicos para beneficiar a los
intereses privados.
Pero en este caso estamos hablando de algo mucho peor y más grave. Es
cierto que el comportamiento del Banco Central Europeo y su falta de acciones
determinantes para evitar que los problemas de liquidez de los estados se
conviertan en uno muy dramático de solvencia viene dado por las restricciones
de su estatuto (que lo consolida como un engendro que en realidad no responde a
su nombre de banco central). Pero es que incluso en el macro de sus restringida
capacidad de actuación puede hacer mucho más de lo que hace, y algo muy
distinto a lo que viene haciendo, como el propio resultado de las palabras de
Draghi acaba de mostrar.
Los pueblos no pueden continuar en silencio ante este tipo de
hechos. Debemos pedir cuentas. El Banco Central Europeo actúa como un auténtico
pirómano al servicio de la banca privada, que sin disimulo se ha encargado de
poner a su cabeza a unos de sus representantes más conocidos y preeminentes,
precisamente porque lo que está ocurriendo no es un accidente sino una
estrategia bien urdida para consolidar el poder de los grandes grupos
financieros y ocultar a la ciudadanía su responsabilidad criminal en el
estallido de la crisis y en las consecuencias que trae consigo.
Estamos hablando de un auténtico crimen porque esa actuación (por
activa cuando el Banco Central Europeo toma decisiones tan claramente beneficiosas
solo para los bancos privados y por pasiva cuando no hace nada para evitar el
daño) produce, como ya es mucho más que evidente, un sacrificio doloroso y
cruel a las personas. Es un crimen económico de los que llamamos contra la
Humanidad que se debe perseguir y castigarse de modo ejemplar.
Es imprescindible tipificarlos con rigor y crear los tribunales
necesarios para que juzguen estos comportamientos evaluando el daño y
precisando la responsabilidad concreta de quienes los llevan cabo, así como el
grado de complicidad que se da en otras autoridades que asienten o que incluso
reclaman que el BCE actúe de esta forma. Y por supuesto, es una exigencia
democrática de primer orden que se desvele y difunda la naturaleza real del
discurso que envuelve sus actuaciones, que se haga pedagogía y se muestre a la
ciudadanía el engaño y la impostura con las que se reviste esta gigantesca
operación de saqueo a los pueblos europeos, un crimen que ya se ha llevado a
cabo con anterioridad en otras latitudes y cuyas consecuencias muy lesivas para
los pueblos son, por tanto, perfectamente conocidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário