Adital / 12 setembro 2007
A Codehupy afirma ainda seu repúdio à decisão dos deputados de rejeitar a Lei de Praguicidas, Agrotóxicos, Fertilizantes e Emendas, apresentada pela Plenária Popular Permanente, com o Centro de Estudos e Investigação de Direitos e Reforma Agrária (Ceidra/ UCA). A organização solicita ao governo paraguaio que "se ocupe de preservar a vida do povo e expulse as empresas Monsanto e Cargill pela sua responsabilidade nas mortes por intoxicação".
Análises laboratoriais como a realizada em 2003, pelo Ministério da Saúde, em moradores do distrito de San Pedro Del Paraná, departamento de Itapúa, comprovam que a grande quantidade de agrotóxico utilizada nas lavouras está afetando gravemente a população. O resultado da análise comprovou a existência de carbamatos e glifosatos na urina de moradores que deram entrada no Hospital Regional de Encarnación, além de detectar as substâncias na água utilizada pelos moradores.
O problema já atinge pelo menos 14 dos 17 departamentos do Paraguai. Entre os anos de 1999 e 2003, foram contabilizadas 250 mortes anuais ocasionadas por uso de agrotóxico, segundo dados da Organização de Direitos Humanos para o Direito à Alimentação (FIAN Internacional) e da Vía Campesina. De acordo com organizações sociais, o processo de contaminação teria começado em 1997, com o início da plantação de soja transgênica.
Já em 1998 teria sido registrado o caso de envenenamento por agroquímicos mais grave do país, no qual cerca de 700 toneladas de sementes vencidas de algodão tratadas com esses produtos foram despejadas em um terreno de 2,5 hectares, causando a morte de um morador e afetando outras 600 pessoas.
Hoje, com o Paraguai ocupando o terceiro lugar nas exportações mundiais e o quarto na produção de soja, pelo menos 80% da produção que se cultiva no país é transgênica. Durante 2005, de acordo com a Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco), foram cultivados 2 milhões de hectares de soja da qual pouco menos de 90% é transgênica. Este dado, conforme análise da organização Altervida, revela que no país estão sendo utilizados oito tipos de químicos, entre os quais se encontram vários de alta toxicidade.
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