Dado o caráter de
massas das mobilizações e apoio que os jovens estão recebendo da maioria do
povo brasileiro, a imprensa conservadora teve que recuar
Sem dúvida, estamos
vivenciando uma mobilização espontânea da juventude mais impactante dos últimos
20 anos. O ponto de partida destes protestos está relacionado com a mobilidade
urbana, com o aumento do preço da passagem e com os enormes gastos financeiros
que estão sendo aplicados para a Copa do Mundo num país marcado pela profunda
desigualdade social. É justa e legítima, portanto, a mobilização da juventude.
Na verdade, o
processo de redemocratização da sociedade brasileira no pós-ditadura militar
foi incompleto. Ele foi interrompido pelas forças neoliberais que buscaram
consolidar uma democracia formal e restrita no plano da efetivação da cidadania
política e social.
A ofensiva neoliberal
dos anos 1990 retirou da agenda nacional reformas estruturais como a agrária,
tributária, urbana, dentre outras.
A derrota eleitoral das forças neoliberais
não foi suficiente para a retomada de uma agenda pautada em reformas
estruturais de cunho democrático e popular. Isto é explicável pelo fato de que
tais mudanças só vão se viabilizar através de mobilizações de massa.
Este conjunto de
mobilizações da juventude surge num momento em que a sociedade brasileira encontra-se
diante de um dilema. Por um lado, as seguidas derrotas eleitorais impedem as
forças neoliberais de imporem sua agenda clássica dos anos 1990. Fazem uma
movimentação alternativa para, gradativamente, incidir sobre o governo Dilma.
O melhor exemplo dessa
movimentação são as recentes medidas privatizantes do governo federal. Por
outro lado, as vitórias eleitorais para as quais as forças populares
contribuíram, também não possibilitaram as mudanças estruturais. Eis o dilema.
A alternativa construída nos últimos anos foi o neodesenvolvimentismo que
apresentou um programa que contempla tanto a burguesia interna quanto as forças
populares.
Entretanto, as
reformas estruturais continuam fora da agenda política brasileira.
As mobilizações
atuais da juventude têm o potencial de lançar as bases para construir força na
sociedade brasileira suficiente para retomar a luta pelas reformas estruturais.
Para isso, é necessário retirar a luta política brasileira da zona de conforto.
E isto somente ocorrerá quando o centro de gravidade da luta de classes no
Brasil se deslocar da institucionalidade para as lutas de massas.
É fundamental a
construção de uma força social de massas que desmantele o arranjo institucional
conservador que impede a democratização da sociedade brasileira. Uma força
social que preserve as conquistas dos últimos 10 anos de governo de coalizão no
plano federal, mas que avance para as mudanças estruturais.
É insuficiente
apresentar para esta nova geração de jovens que não vivenciou a luta política
dos anos de 1990 uma comparação entre os governos FHC e os governos Lula/Dilma.
Esta comparação é importante, mas não apresenta soluções para as demandas
estruturais da sociedade.
As mobilizações são
sinalizações de uma nova etapa da luta politica brasileira marcada pelo
retomada das lutas de massas. Os atos, marchas e protestos da juventude poderão
cumprir um papel pedagógico para o conjunto da classe trabalhadora brasileira e
possibilitará a entrada em cena do movimento operário.
Certamente, estas
mobilizações contribuirão para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras
do povo que assumirá o compromisso de completar a redemocratização da sociedade
brasileira. E isso não ocorre sem a apresentação de um projeto político pautado
em reformas estruturais e que dialogue com o nível de consciência das massas.
A imprensa
conservadora deu um tiro no pé ao incentivar e legitimar o governador de São
Paulo Geraldo Alckmin a reprimir brutalmente a mobilização da juventude. Além
disso, o dispositivo midiático conservador rotulou o movimento como uma
iniciativa de “vândalos” e “grupelhos”.
Dado o caráter de
massas das mobilizações e apoio que os jovens estão recebendo da maioria do
povo brasileiro, a imprensa conservadora teve que recuar. Nesse momento, de
forma maliciosa e estratégica, a chamada grande mídia procura disputar os rumos
destes protestos. Assim, buscam imprimir na cobertura dos atos um apoio fundado
em valores udenistas exaltando que são mobilizações de quem não aguenta mais a
corrupção, a criminalidade, etc. Ou mesmo canalizar a luta da juventude para a
oposição que as forças neoliberais fazem ao governo Dilma.
Por isso, as forças
populares devem garantir o caráter popular e progressista destes atos, pois
eles são apenas a ponta do iceberg.
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Brasil/FOTO E VIDEO DE
MANIFESTAÇÕES POPULARES EM SÃO PAULO
Protesto
desta segunda-feira (17) contra o aumento das tarifas foi o maior realizado
pelo movimento; mobilização de hoje (18) será no centro de SP
Vídeo produzido pela TV Folha mostra
imagens aéreas do protesto em São Paulo, na segunda-feira (17)
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