7 junho 2013, Radio Moçambique http://www.rm.co.mz
Os números do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil apontam uma alta
substancial na relação brasileira com os países africanos (sem contar o Médio
Oriente) na última década: houve um aumento de 416% no intercâmbio comercial
entre as partes de 2002 a 2012. Além do crescimento bruto, os países africanos
também aumentaram a sua parcela na absorção das exportações brasileiras: em
2002, eram destino de 3,91% dos produtos do Brasil; 10 anos mais tarde, o
percentual cresceu para 5,03%.
Doutor em história das
relações internacionais e professor-adjunto do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de Brasília, Pio Penna Filho justifica o
crescimento por uma convergência de factores. O primeiro deles é a diminuição
de conflitos no continente africano,
com uma decorrente estabilidade política e econômica. E o segundo, trata-se da acção governamental brasileira, mais atenta ao cenário da África nos últimos anos.
com uma decorrente estabilidade política e econômica. E o segundo, trata-se da acção governamental brasileira, mais atenta ao cenário da África nos últimos anos.
Esse quadro de
convergências facilitou a penetração de pequenas e médias empresas do Brasil no
continente, aumentando os investimentos brasileiros por cá. Já as grandes
companhias que estavam no mercado africano, em especial empreiteiras,
conseguiram ampliar a sua actuação, uma vez que a estabilidade política trouxe desenvolvimento
econômico. “Houve aumento no consumo e em demandas de infraestrutura e
urbanização”, relata Filho.
No entanto, o professor
da UnB ressalta que a aproximação entre Brasil e África deve ser maior e que a
intensificação de trocas comerciais, ainda que importante, deve ser melhor
compreendida para que não surja um optimismo exagerado em cima da questão. “A
penetração brasileira na África ainda depende muito de decisões governamentais,
não existe uma dinâmica de mercado”, aponta.
O saldo da balança
comercial brasileira com os países africanos é negativo. Em 2012, foi de menos
US$ 2 bilhões. O principal produto de importação que justifica esse valor,
revela o professor de Relações Internacionais da ESPM Rio Fernando Padovani, é
o petróleo, que vem de países como Angola, Argélia e Nigéria. Outro parceiro no
continente é a África do Sul, destino de automóveis brasileiros. De acordo com
Padovani, outro item de destaque nas transacções entre Brasil e países
africanos é o açúcar e outros derivados da cana.
Ambos os professores
comemoram o aprofundamento das relações Brasil-África, por representar uma
diversificação de mercado para os produtos brasileiros. “A África está muito
conectada com a Europa, é interessante para o Brasil pegar uma parcela desse mercado”,
relata Padovani, destacando o fortalecimento da classe média e a sensação de
euforia no continente africano, factores atractivos para investidores. Com a
experiência de três anos vividos em Guiné-Bissau, ele não hesita em afirmar que
aplicar dinheiro na África é “aposta certa”. “Tem uma população jovem a
consumir muito, tem que se investir”, afirma.
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