12 junho 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br
(Brasil)
Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Escritores de
diversos povos indígenas, entre eles Xavanti, Kaingang, Munduruku e Guarani se
reuniram hoje (12), no Rio de Janeiro, para participar do 10º Encontro de
Escritores e Artistas Indígenas. Eles usaram o auditório do Centro de Convenção
Sul América, na cidade Nova, centro do Rio, para um momento de troca de informações
e de demonstração da cultura de cada povo presente.
Além da leitura de textos de livros
publicados, eles puderam passar para os participantes do encontro as diferentes
formas de pintura corporal, que varia conforme o povo indígena, sexo ou motivo
de comemoração. Entre os indígenas, a escritora, advogada e a primeira índia
mestre em direito, Fernanda Kaingang, classificou o encontro como um fato
histórico.
“É uma oportunidade de exercer a multiculturalidade do Brasil em
verso e prosa, canto e dança, de forma muito rica na literatura brasileira”,
disse.
Ela ressaltou que nos livros que
publica procura passar a cultura kaingang, que, para a escritora, é um povo
guerreiro, valente e que sobreviveu. “Durante muito tempo havia a resistência
dos adolescentes em se pintar, as crianças não queriam sair no 7 de Setembro
[data comemorativa da Independência do Brasil] pintadas.
Então, este projeto é
resultado de uma reviravolta. Eles já reproduzem os desenhos em roupas e
pinturas corporais e desfilam com orgulho dizendo: eu sou kaingang”, declarou.
Para Cristino Wapichana,
organizador do evento, dez anos depois o seminário ganhou uma outra dimensão e
está mais maduro e isso faz com que as publicações estejam em nível melhor.
“Este décimo encontro é um marco porque, nos nove anos, nós trabalhamos com um
núcleo de escritores indígenas. Como um núcleo tem mais dificuldades de captar
recursos, decidimos criar uma associação de escritores indígenas”, explicou.
Daniel Mundukuru,
diretor-presidente do Instituto Uka - Casa dos Saberes Ancestrais, doutor em
educação pela Universidade de São Paulo (USP) e criador do encontro, disse que
os dez anos coordenando o seminário representaram um aprendizado muito grande.
“A gente teve que aprender muitas
coisas e foi percebendo a importância de trabalhar com qualidade editorial para
que o livro seja uma obra de arte, muito mais que um objeto. Com o tempo,
percebi que era possível chegar a um nível profundo para oferecer à sociedade
brasileira um novo olhar para os povos indígenas”, ressaltou. Daniel é autor de
47 livros de literatura indígena.
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Relacionada
Brasil/Senado aprova projeto que obriga cartórios a respeitarem nomes indígenas
12 junho 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br
(Brasil)
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Comissão de
Constituição e Justiça do Senado aprovou hoje (12) projeto do senador Cristovam
Buarque (PDT-DF) que estabelece a obrigatoriedade de os cartórios respeitarem
os prenomes escolhidos pelos indígenas no momento do registro das crianças. O
projeto retira dos oficiais de cartório, neste caso, o direito que eles têm por
lei de se recusarem a registrar uma criança com nome que considere vexatório ou
com risco de expor o portador ao ridículo no futuro.
“O tratamento legal dispensado aos
índios deve ser diferenciado em razão de sua cultura, que acentua valores da
natureza e os aplica aos nomes dos filhos. A etnia também conta, pois é honra
entre índios atribuir ao filho o nome de um antepassado”, justifica o senador
no projeto.
Cristovam Buarque diz que muitos
dos nomes indígenas acabaram sendo assimilados de maneira definitiva pela
cultura brasileira. É o caso dos nomes femininos de Andiara, Iara e Moema, ou
dos masculinos de Ubirajara, Tabajara ou Irapuã.
O senador alega que, apesar disso,
há outros nomes menos conhecidos e que, por terem pronúncia difícil, podem ser
barrados nos cartórios. São os casos de Kraó, Aaem, Sassanaam e Murusuru.
“Esses nomes têm valor especial para os integrantes do grupo ou da etnia, e não
deve a lei proibi-los, como faz relativamente às pessoas de cultura não índia”,
diz a justificativa do projeto.
O projeto foi aprovado
anteriormente na Comissão de Direitos Humanos, onde recebeu uma emenda de
redação. Na CCJ, a matéria recebeu apoio do relator, senador Acir Gurgacz
(PDT-RO). A matéria segue para a Câmara dos Deputados, exceto se houver recurso
para análise do plenário do Senado.
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