24 junho 2013, Movimento
Contra a Corrupção Eleitoral http://www.mcce.org.br (Brasil)
Fonte:
Ascom_MCCE
É preciso
reduzir imensamente os custos das campanhas
Brasília
---Em
Ato Público no Conselho Federal da OAB, o Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral - MCCE, juntamente com a OAB e
dezenas de entidades nacionais, lançaram a Campanha Eleições Limpas.
O
MCCE, que coordenou a vitoriosa campanha para lei de iniciativa popular, a
Ficha Limpa (LC 135/2010), agora inicia a coleta de mais de 1,5 milhão de
assinaturas para a campanha Eleições Limpas que promete mudar o sistema
eleitoral brasileiro.
Para
o diretor do MCCE, Márlon Reis, Nosso sistema
eleitoral não serve ao Brasil. Se um dia ele serviu, hoje não serve mais. Ele
não diz respeito aos nossos valores, ele desrespeita o senso da sociedade ao
privilegiar o abuso do poder político e econômico
ao dar vazão à desigualdade
nas disputas eleitorais.
As
estatísticas mostram que dos 513 deputados federais, 369 foram eleitos entre os
que tinham mais volume de recursos financeiros. Ante as empresas privadas, o
número de doadores pessoas físicas é ínfimo, apenas 2% nas eleições de 2010.
Nas palavras de Márlon, As eleições brasileiras
são pagas por empresas e isso está errado na concepção das entidades que vêm
trabalhando na construção do projeto Eleições Limpas. Se nós quisermos igualdade nas disputas, temos que construir
outro modelo de financiamento, um modelo que permita que a disputa aconteça não
na base de quem tem mais dinheiro em caixa, mas na base de quem tiver as
melhores propostas para o país.
Para
o MCCE e para as entidades da campanha, é preciso reduzir imensamente os custos
das campanhas. Por isso, o primeiro ato foi propor a extinção de doação de
empresas, pelo fato de empresas não serem titulares de direitos políticos, não
exercerem cidadania, e sim, terem por finalidade a obtenção de lucro. Por isso
elas têm agido com tanto vigor nas eleições.
Segundo
o diretor, há pesquisas que demonstram a vinculação no aumento na receita das
empresas e as suas participações como doadoras eleitorais. Para isso é preciso
o Financiamento Democrático de Campanha proposto pela campanha que se inicia
agora, finalizou.
O
presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil OAB, Marcus
Vinícius Furtado, disse que as modificações propostas pela Campanha
devem se transformar em realidade em nosso país e, que para isso é preciso
acabar com a corrupção administrativa, de onde se inicia a corrupção eleitoral.
Para ele, o financiamento democrático de campanha é fundamental para que se
tenha Eleições Limpas e para o desestímulo de práticas indevidas de corrupção
eleitoral.
O
presidente da OAB ainda disse que todas as seccionais da Ordem,
em todas as unidades da federação terão pontos para coleta de assinaturas para
a campanha.
O
MCCE lembra que a coleta de assinaturas se dará por meio físico (formulário em
papel ) e meio eletrônico (acessando www.eleicoeslimpas.org.br)
onde há certificação digital e segurança criptografada.
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Relacionada
Brasil/Novo modelo de campanha pode valer nas próximas eleições, diz OAB
Brasília – Em entrevista coletiva
concedida nesta segunda-feira (24), o presidente nacional da OAB, Marcus
Vinicius Furtado, disse que se houver participação e pressão da sociedade
haverá condições para aprovar uma reforma política a tempo de ser aplicada
nas eleições de 2014. “O grito nas ruas contra a corrupção tem que repercutir
numa mudança profunda e radical na estrutura do Estado brasileiro, no combate à
corrupção e também numa reforma política que desestimule o caixa dois de
campanha e financiamentos espúrios de empresas a candidatos no período
eleitoral”, afirmou.
Segue a entrevista, na
íntegra:
Pergunta – O que é mais
importante nesse projeto? Como ficará a questão do financiamento de campanha?
Marcus Vinicius Furtado
– É hora de mudarmos o Brasil, acabando com a corrupção administrativa, que
começa com a corrupção eleitoral. Vamos retirar qualquer incentivo para que
relações indevidas entre candidatos e empresas possam influenciar no resultado
das eleições. Sem isso, nunca iremos combater as causas da corrupção em nosso
País, que começa com a corrupção eleitoral. Portanto, o financiamento
democrático de campanha é fundamental para que tenhamos eleições limpas e para
que desestimulemos práticas indevidas de corrupção eleitoral.
Pergunta – O financiamento
democrático é o financiamento público de campanha?
Marcus Vinicius –
O financiamento democrático se resume em duas medidas: primeiro, barateamento
das campanhas, de tal modo que o atual recurso utilizado para o financiamento
de partidos no Fundo Partidário seja utilizado nas campanhas eleitorais, como
recursos do orçamento; mas com a contribuição de pessoas físicas no limite de
até R$ 700,00. Entendemos que as empresas não podem ter partidos
políticos, nem ideologia; as empresas não podem participar da definição dos
rumos do País. O conceito de povo constante na Constituição Federal não admite
que ele seja integrado por empresas. Povo é constituído pelas pessoas que
compõem nosso País, de modo que somente as pessoas podem contribuir para as
campanhas eleitorais, e não as empresas.
Pergunta – Essa lei sobre
financiamento de campanhas poderia ser usada a partir de que eleições?
Marcus Vinicius – A ideia é de que
seja aprovada ainda este ano, utilizando toda essa força que vem sociedade
brasileira, para que o Congresso Nacional se sensibilize e aprove, com a
pressão da opinião pública, essa reforma política que é inadiável. A atual
falta de legitimidade, o atual distanciamento da representação política do povo
que visa representar só tem uma resposta institucional possível – uma reforma
política que faça com que tenhamos eleições limpas em nosso País. Então, essa
reforma tem que ser aprovada o mais rápido possível, ainda este ano, para já
ser aplicada nas eleições do próximo ano.
Pergunta - Como serão
colhidas essas assinaturas? Eletronicamente, nas igrejas, como será feito?
Marcus Vinicius –
Estamos lançando o site Eleições Limpas (www.eleicoeslimpas.org.br ) com a
exclusiva e fundamental utilidade da coleta de assinatura por via
eletrônica. Todo brasileiro poderá ingressar no site, para dar sua contribuição
com assinatura digital. Além disso, todas as entidades da sociedade ajudarão.
Pergunta – O projeto trata
da questão da criação de novos partidos?
Marcus Vinicius –
O projeto desestimula os partidos de aluguel, e diz, em um dos dispositivos,
que o apoio de partido político não significará mais tempo de televisão, nem
implicará em mais recursos de campanha. Portanto, com uma votação que será
transparente, a população poderá verificar quais são os eleitos, em quem ela
está votando. O projeto acaba com o sistema atual em que a população vota em A
e elege B, em que não votou e não quis eleger. Portanto, esse novo sistema que
foi lançado hoje no ato público, de eleições limpas, significa maior verdade
eleitoral. A população poderá fazer um maior controle ético em relação aos que
serão eleitos, acabando com o atual modelo em que alguns, de forma escusa e
obscura, não se apresentando claramente para a população, acabam sendo eleitos
por conta de uma votação expressiva daquele que é puxador de votos em uma
determinada coligação. O sistema objetiva acabar com esse tipo de prática
indevida, como também desestimular e acabar com os partidos de aluguel,
partidos de família, partidos que não tem a menor representatividade social.
Pergunta – E com relação à
PEC 37?
Marcus Vinicius –
A Ordem dos Advogados do Brasil entende que é hora de todas as entidades se
unirem em prol do combate à corrupção. Temos que acabar com esse
distanciamento, esse embate entre Polícia e Ministério Público. Os dois têm que
se unir no combate à corrupção. Os dois têm que agir em conjunto, acabando com
essa disputa de poder e fazendo com que esta união resulte em inquéritos feitos
pela Polícia e controlados pelo Ministério Público, porque o que importa para a
sociedade é que os dois se unam e trabalhem pelo combate à corrupção em nosso
País. Foi constituído um grupo de trabalho no âmbito do Ministério da Justiça,
do qual participam diversas entidades, inclusive Ministério Público e Polícia,
e disso resultou uma nova redação. Imagino que é chegada a hora de que a nova
redação seja repensada, que todos possam se sentar à mesa para aperfeiçoar e
melhorar o sistema de investigação no Brasil. O sistema atual também não é bom;
manter o sistema atual, nós todos sabemos, não está resultando em combate à
corrupção. Não adianta a Polícia ficar de um lado e o Ministério Público ficar
de outro lado. Temos que construir um sistema em que os dois se unam no combate
à corrupção, em que a Polícia investigue, o Ministério Público controle a
Polícia, para evitar que haja inquéritos que não apurem nada e para que existam
denúncias eficazes para o combate à corrupção. Nós não compreendemos de
que forma possa contribuir para o Brasil esse tipo de antagonismo do tudo ou
nada. Nós precisamos da união dos dois entes. Os dois foram criados, foram constituídos
pelo Estado brasileiro para investigar e combater a corrupção e não se imagina
que excluindo um ou outro, vá se chegar a um bom termo. Portanto, a Ordem
é favorável que haja um avanço, e que uma nova reconstrução seja feita E que
tenhamos uma redação de proposta que uma as duas entidades, Ministério Público
e Polícia, em prol do combate à corrupção, e não as afaste, e não as coloque
uma num canto e outra num outro canto adverso, como se fossem entidades ou
instituições adversárias ou inimigas, porque esse distanciamento não será
bom para a sociedade brasileira e não é bom para o combate à corrupção.
Pergunta – A Lei de
Transparência não está funcionando?
Marcus Vinicius –
Este é um ponto fundamental. A Lei da Transparência e a Lei de Acesso à Informação
não estão sendo cumpridas em nosso País. A maioria, senão a quase totalidade de
municípios, Estados não estão cumprindo essas duas leis. Exemplo disso são os
próprios gastos com a Copa do Mundo, sobre os quais a sociedade não tem acesso
ás informações. O Comitê de Controle Social dos Gastos Públicos objetiva por
uma lupa nesses gastos, nos investimentos públicos feitos, inclusive em relação
à Copa do Mundo, ou seja, em relação a hospitais superfaturados, ou quaisquer
outros. Assim poderemos denunciar à imprensa, à sociedade, ao Ministério
Público e aos entes de fiscalização, para que atuem severamente no combate a
todo tipo de desmando na administração pública. Portanto, o Comitê de Controle
Social dos Gastos Públicos objetiva combater a corrupção administrativa.
Pergunta – É possível
juntar o projeto de lei do financiamento democrático de campanha com a
minirreforma política que está sendo debatido no Congresso?
Marcus Vinicius –
Penso que esse projeto de iniciativa popular guarda conotação totalmente
distinta do que vinha sendo debatido no Congresso Nacional. E a Ordem dos
Advogados do Brasil e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral entendem que
sem a pressão da opinião pública, sem a forte pressão da sociedade brasileira,
o Congresso Nacional não irá aprovar essa reforma política. Precisamos nos unir
em torno desse projeto; a sociedade precisa urgentemente acorrer e subscrever
esse projeto para que possamos apresentá-lo ao Congresso Nacional. Portanto, é
preciso continuar a manifestação de pressão para que possamos aprová-lo,
porque, repito: o grito nas ruas contra a corrupção tem que repercutir numa
mudança profunda e radical na estrutura do Estado brasileiro, no combate à
corrupção e também numa reforma política que desestimule o caixa dois de
campanha e financiamentos espúrios de empresas a candidatos no período
eleitoral.
Pergunta – Quantas
assinaturas são necessárias para a apresentação do projeto de lei de iniciativa
popular?
Marcus Vinicius –
Em torno de um milhão e meio de assinaturas são necessárias para que possamos
apresentar no Congresso Nacional este projeto de lei de iniciativa popular, que
objetiva a reforma política por eleições limpas no Brasil.
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