19 junho 2013, União da Juventude Socialista http://ujs.org.br (Brasil)
Nos debates e mobilizações que
buscam solucionar o problema do transporte público, a grande mídia e uma
pequena parcela da sociedade tem escondido a responsabilidade dos empresários,
ou melhor, da máfia dos transportes públicos. De nada adiantará os subsídio
governamentais, que pesam no bolso da população junto com as altas tarifas, se
a caixa preta dos custos e lucros não for aberta, permitindo um debate
transparente com toda a sociedade.
Ricos empresários para
pobres usuários
Maria Setti Braga dona de um império no
ABC Paulit
No dia 13
de maio foi encontrada uma Ferrari destruída no Cebolão (junção da Marginal
Tietê com a Pinheiros), na capital paulista. O motorista mandou retirar as
placas e outras peças do veículo e abandonou o local. Mas descobriu-se
que o veículo que custa cerca de R$ 2 milhões pertencia a José Romano Neto,
filho de Maria Setti Braga, dona de um império de transporte em São Bernardo,
no ABC Paulista. O carro foi encontrado totalmente destruído por estar em
altíssima velocidade.
Joaquim Constantino é o maior
empresário do setor no mundo
Já o
mineiro Joaquim Constantino de Oliveira é o maior empresário do setor de
transportes do mundo. Ele tem 6.000 ônibus e 24 empresas em cinco cidades e
fatura R$ 800 milhões por ano. Outro empresário de Belo Horizonte, José Ruas
Vaz, é dono de 3.400 ônibus e faturamento de R$ 600 milhões ao ano. Em
São Paulo, Joaquim Constantino já domina 13% do mercado da capital, onde
circulam 15.025 veículos. Constantino faz parte do chamado “grupo mineiro” que
veio tomar conta do transporte de São Paulo. Como um empresário bastante
agressivo começou a comprar diversas concorrentes até transformar-se no maior
dono de frota de ônibus do mundo.
Uma ação
na Justiça do Distrito Federal questiona a manobra da família Constantino, dona
da Gol Linhas Aéreas, para controlar quase a metade do transporte público de
Brasília – um negócio que está pela primeira vez em licitação e que deve render
R$ 8 bilhões em dez anos. Embora uma lei distrital proíba que um mesmo grupo
econômico explore mais de 25% da frota de ônibus da cidade, as empresas
administradas pelos herdeiros do patriarca Nenê Constantino já asseguraram 24%
e estão no páreo para abocanhar mais 16%.
O
Ministério Público do Distrito Federal recomendou que fosse revogada a decisão
que habilitou a Viação Piracicabana a participar de licitação para atuar no
sistema de transporte do DF. Porque a empresa não enviou relatório minucioso de
providências tomadas sobre supostas ilegalidades. A recomendação foi ignorada e
a empresa foi a vencedora da licitação.
Em
Belo Horizonte a força dos tubarões do transporte é tamanha que a maioria das
empresas está nas mãos de apenas seis empresários que, nas décadas de 1960 e
de1970, receberam as linhas de graça da prefeitura e ainda ganharam o direito
de explorá-las sem pagar impostos. Na década de 1980, o governo de Minas Gerais
deixou por conta dos empresários do transporte a decisão do valor das tarifas
cobradas nos ônibus da capital mineira, com a possibilidade de reclamar na
prefeitura caso tivessem prejuízos.
Jacob Barata e Jacob Barata Jr
Já o
empresário Jacob Barata quer ampliar os negócios da família que é dona de 25%
da frota de ônibus do Rio de Janeiro, Barata vai tentar a sorte na privatização
de trens e barcas do estado. O transporte urbano no Rio é negócio de lucro
certo superior a R$ 1 bilhão por ano. Porque cerca de 80% da população da
capital fluminense depende dos ônibus para se locomover.
Quanto
foi gasto em cobertura contra chuva, sinalização e iluminação em paradas de
ônibus? Ninguém sabe e não existem dados disponíveis na internet.
Na região
metropolitana de São Paulo todas as linhas de ônibus são operadas por 16
consórcios privados, que respondem à São Paulo Transporte (SPTRANS) através de
concessões do poder público por 15 anos.
Essas
empresas limitam informações a respeito de seus faturamentos, o que denota a
utilização do esquema denominado “caixa preta”, e não tornam essas informações
de domínio público. Muitas delas, não têm sequer um site, outras quando
têm uma página na internet, ou nas redes sociais não informam nem mesmo quais
os nomes de seus presidentes ou diretores. Essa ocultação inviabiliza uma
consulta pública sobre quem são os empresários que dominam o transporte
coletivo na cidade.
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