quinta-feira, 27 de junho de 2013

Brasil/OS INVESTIMENTOS NAS COPAS, A MÍDIA CONSERVADORA E OS JUROS



26 junho 2013, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br (Brasil)

(Foto: O estádio do Maracanã (RJ)

O clamor das ruas é induzido, pela mídia conservadora, a ver no investimento do país com as copas das Confederações e do Mundo, e com as Olimpíadas, como gasto de dinheiros que seria melhor aplicado em saúde e educação. A mídia conservadora manipula os dados, esconde os benefícios que geram para a economia brasileira e, sobretudo, cala-se, interesseiramente, face aos juros monumentais pagos aos especuladores financeiros.

Por José Carlos Ruy
Os movimentos sociais das últimas semanas colocaram em pauta os gastos do governo com as copas das Confederações e do Mundo e com as Olimpíadas. Há, entre tantas manifestações, inclusive uma que circula pelo YouTube que inclui, entre "As cinco causas" que movem os manifestantes, duas que envolvem diretamente este financiamento: ela quer a “investigação de irregularidades nas obras da Copa do Mundo de 2014” e também uma “CPI da Copa”.

Esta pauta, que faz parte da agenda conservadora que ganhou as ruas nestes dias, se alimenta da desinformação ou da má fé - ou de ambas, simultaneamente.
Ela se ancora em reportagens que manipulam os dados e fazem crer que o governo federal inunda de recursos retirados de outros investimentos mais prementes, para preparar os grandes espetáculos esportivos dos próximos anos. As matérias veiculadas pela mídia conservadora faltam com a verdade neste particular. E o governo federal foi ao ponto quando, no dia 23 (domingo), divulgou uma nota com esclarecimentos a respeito, através do Blog do Planalto, assinada pelos ministérios do Esporte e do Planejamento, Orçamento e Gestão.

A nota denunciou que a matéria publicada pela Folha de S. Paulo, no mesmo dia, “distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma interpretação errada dos fatos”. Esclareceu, entre outras coisas, que “não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa”; “há uma linha de empréstimo, via BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer outra modalidade de crédito do banco”, cujo valor máximo é de R$ 400 milhões por estádio; as “isenções fiscais não podem ser consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos”.

Na segunda feira (24), o ministro Aldo Rebelo, do Esporte, voltou à carga, em uma coletiva de imprensa, para esclarecer que os gastos com os estádios correspondem a apenas 26% do custo da Copa do Mundo. Explicou que estes gastos consumirão R$ 7,5 bilhões dos R$ 28,1 bilhões previstos para a Copa. E que não envolvem dinheiro do Orçamento da União, mas sim de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Não há recursos do governo federal, apenas empréstimos no valor máximo de R$ 400 milhões [por estádio] via BNDES”, disse o ministro. Segundo ele, o restante dos investimentos previstos na Matriz de Responsabilidades (R$ 20,6 bilhões) destina-se a obras úteis e necessárias para o Brasil, já previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e que aconteceriam independentemente da Copa. Entre estes investimentos estão R$ 8,9 bilhões com mobilidade urbana, R$ 8,4 bilhões com melhorias nos aeroportos (sendo R$ 5,1 bilhões do setor privado) e R$ 1,9 bilhão com segurança.

Os investimentos são altos, sem dúvida. Mas essa não é a fonte da crítica. A fonte, inconfessada, é outra. Até recentemente o cerne da crítica conservadora que envolvia as Copas (da Confederação e do Mundo) e as Olimpíadas dizia que as obras não ficariam prontas a tempo, levando o país ao vexame mundial. Mas os calendários foram cumpridos, os estádios ficaram prontos (e elogiados!), e o complexo de vira-latas dos críticos transformou-se em complexo de cachorro louco, e ele passaram a babar e uivar contra... os gastos do governo com os eventos. E, hipocritamente, comparando estes gastos com aqueles previstos para Educação, Saúde e o adequado, no momento, Transporte Público.

Eles esquecem alguns aspectos importantes na argumentação fraudulenta com a qual tentam colocar o governo federal nas cordas. Em primeiro lugar não se referem ao retorno deste investimento, que é certo, segundo vários estudos independentes feitos a respeito. Além disso, diz Aldo, para cada dólar público (do governo) investido há outros 3,4 vindos do poder privado, gerando um efeito benéfico com a criação de empregos e a melhoria de renda dos brasileiros. “Esta é uma Copa com recursos privados. O governo investe em obras para a população. Obras que seriam feitas independentemente da realização do torneio - a maioria delas faz parte do PAC. Evidente que muitas foram antecipadas para atender as necessidades da Copa. No caso dos aeroportos, por exemplo, eles seriam reestruturados mesmo que não houvesse Mundial. A melhoria na mobilidade (metrô, VLT, trens, viadutos, avenidas) também aconteceria”, disse Aldo Rebelo em entrevista a Sonia Racy (O Estado de S. Paulo, 10.6.2013).

Os estudos que se divulgam sobre as perspectivas econômicas dos eventos esportivos são mais otimistas do que os que choramingam através da grande mídia conservadora. Cada real investido na viabilização da Copa do Mundo será multiplicado por cinco, injetando no total R$ 142,39 bilhões até 2014, mostra o estudo "Brasil Sustentável - Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014", elaborado pela Ernst & Young juntamente com a FGV. Estão previstos investimentos diretos de R$ 22,46 bilhões na infraestrutura e na organização, e mais R$ 112,79 bilhões para a realização da competição, levando em conta os setores interligados. Além disso, serão gerados 3,63 milhões de empregos por ano, impulsionando o consumo interno. A arrecadação será beneficiada, com um adicional de R$ 18,13 bilhões para reforçar cofres públicos. Estes valores terão impacto direto e favorável sobre o PIB: entre 2010 e 2014 serão R$ 64,5 bilhões, correspondendo a 1,5% do valor do PIB para 2010, que foi de R$ 4,3 trilhões. Neste sentido, diz Luiz Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte a Copa e a Olimpíada não devem ser encaradas “como um custo para o Brasil, e sim como uma oportunidade para alavancar o crescimento econômico”. (Princípios, nº 120, ago/set 2012).

Esta é a comparação pelo lado positivo dos investimentos com a Copa e a Olimpíada. Há outra comparação que precisa ser feita, mas ela não comparece nas análises dos pessimistas da mídia conservadora - ver estes gastos em relação com o dinheiro gasto pelo governo federal para aplacar o ganancioso apetite dos especuladores financeiros. Em 2012, a Saúde ficou com 4,17% do Orçamento da União; a Educação com 3,34%; Transportes, com 0,7%; ao Esporte coube apenas 0,02%. Ao lado disso, os juros pagos aos especuladores consumiram 43,98% do Orçamento da União em 2012, informa o portal Auditoria Cidadã da Dívida!

Este é o verdadeiro escândalo, é o peso que constitui o maior obstáculo a seu desenvolvimento. Só em 2012 esse peso morto (e estéril) consumiu 753 bilhões de reais do Orçamento da União (de 1,7 trilhões de reais). Em apenas um ano (em 2012) os especuladores embolsaram 27 vezes mais do que o investimento previsto para a Copa do Mundo, a ser feito entre 2010 a 2014! Esta é a realidade que, ela sim, merece o clamor contrário de todos os brasileiros interessados no desenvolvimento do país e no bem estar dos brasileiros! (Fonte: Portal do Vermelho)

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