8 maio
2013, Mauro Santayana http://www.maurosantayana.com (Brasil)
(HD)-A
eleição do Embaixador Roberto Azevedo para a direção geral da Organização
Mundial do Comércio é uma vitória dos paises emergentes, com o Brics à frente,
e da habilidade diplomática do Itamaraty.
Como se
noticiou ontem, o Brasil teve, contra o seu candidato, os Estados Unidos, parte
da América Latina e a União Européia, com exceção de Portugal. Segundo se
soube, Portugal se somou aos países africanos da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (que nos apoiaram firmemente ao empenho dos diretores dessa
organização), de que é membro, dissociando-se da unanimidade européia.
O
candidato adversário foi o mexicano Hermínio Blanco.
Dois
pontos devem ser destacados no resultado do pleito. O primeiro deles é o
geopolítico. A visita de Obama ao México e à América Central é mais uma
iniciativa, na história das relações entre as duas metades do hemisfério, para
assegurar a presunção imperial de Washington sobre o espaço geográfico que ele
sempre considerou seu pelo Destino Manifesto. Como convém lembrar, em
seu famoso Curso de Filosofia da História, Hegel previu que, em algum momento
do futuro, o eixo da civilização estaria no confronto entre os Estados Unidos e
a América do Sul.
Obama
está, com outras palavras, propondo a integração do México em seu país. Como
cerca de um terço de seu território foi anexado da nação vizinha, os Estados
Unidos iniciam agora, 165 anos depois, o processo de conquista do território
que sobrou.
A
expedição meridional do presidente norte-americano não se isola dos últimos
movimentos de Washington com o propósito de impedir a unidade econômica e
política da América do Sul e do Caribe. Quando olhamos o mapa de nosso
continente, é impossível negar a importância do Brasil, que ocupa quase a
metade do território. Isso não significa que devamos aspirar ao domínio
hegemônico da região, ou à liderança de seu destino político, mas, isso
sim, ser ouvidos nos assuntos de interesse comum.
Foi
contra o Brasil, a Venezuela e a Argentina que o México, o Peru, a Colômbia e o
Chile se aliaram a Washington para criar a Aliança do Pacífico, com ostensivo
patrocínio da Espanha.
Outro
ponto, embora o discurso oficial o negue, é o da reação à política
neoliberal vigente no mundo. Os mais ricos apoiaram Blanco; os mais pobres
preferiram Azevedo. Essa realidade deve orientar o nosso futuro imediato. A
partir de Lula, as nossas alianças naturais no mundo foram sendo identificadas
e assumidas.
Embora
não nos seja conveniente criar atritos com os países centrais, temos que convir
que os nossos amigos encontram-se entre as nações do hemisfério sul, e do
Brics. É certo que nem tudo são flores nas relações internacionais, por
mais fortes sejam os interesses econômicos e geopolíticos que os unem. Mas não
é difícil saber quem está mais próximo de nós, e com quem podemos contar nas
horas difíceis.
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