Apoiada por mais de 17.000
assinaturas o texto quer dar mais peso à língua galego-portuguesa na Galiza
Foto: ILP
Valentim Paz-Andrade - Comissom promotora entrega as assinaturas da ILP.
Numha
jornada que (o tempo dirá) poderá ser histórica para o galego-português, o
reintegracionismo consegue introduzir no institucionalismo umha parte das teses
defendidas ao longo de dúzias de anos. Com o apoio de AGE, BNG, PSOE e
mesmo dos ultraespanholistas do PP a ILP Valentín Paz-Andrade foi admitida
ontem (14/05) polo parlamento semi-autónomo galego.
A ILP,
que nos últimos meses foi promovida por toda a Galiza por umha comissom promotora composta por um largo grupo de pessoas de
diferentes ámbitos (filologia, empresariado, política, etc. ...), conseguiu o apoio de 17.000
pessoas, e promove três artigos numha única disposiçom:
·
Artigo
1. O Governo galego incorporará progressivamente, no prazo de quatro anos,
a aprendizagem da língua portuguesa em todos os níveis de ensino regrado. O
domínio do português terá especial reconhecimento para o acesso à função
pública e concursos de méritos.
·
Artigo
2. O relacionamento a todos os níveis com os países de língua oficial
portuguesa constituirá um objetivo estratégico do Governo galego. De maneira
especial fomentar-se-á a participação das instituições em foros lusófonos de
todo o tipo —económico, cultural, ambiental, desportivo, etc.—, bem como a
organização na Comunidade Autónoma Galega de eventos com presença de entidades
e pessoas de territórios que tenham o português como língua oficial.
·
Artigo
3. Para um melhor cumprimento dos fins dos artigos anteriores, e conforme
a Carta Europeia das Línguas e a Diretiva 89/552/CEE, o Governo galego tomará
quantas medidas forem necessárias para lograr a recepção aberta em território
galego das televisões e rádios portuguesas mediante Televisão Digital
Terrestre.
"No
atual mundo globalizado, os organismos galegos, comprometidos com o
aproveitamento das potencialidades da Galiza, devem valorizar o galego como uma
língua com utilidade internacional", tal como explica o texto na exposiçom
de motivos. Destaca, ainda que "o português, nascido na velha Gallaecia,
é idioma de trabalho de vinte organizações internacionais, incluída a UE, assim
como língua oficial de nove países e do território de Macau, na China. Entre
eles figuram potências económicas como o Brasil e outras economias emergentes.
É ainda a língua mais falada no conjunto do Hemisfério Sul".
Assim,
segundo o texto aprovado ontem no Hórreo, "para a melhora do
desenvolvimento social, económico e cultural galego, as autoridades devem
promover quantas medidas forem necessárias para melhor valorizar esta vantagem,
especialmente em momentos de crise".
Numerosos
coletivos do reintegracionismo de base dérom o seu apoio público à iniciativa,
que agora deverá ser debatida e redigida em comisso, para a sua entrada
eventual aprovaçom e entrada em vigor. A admissom da ILP tem despertado
interesse em todo o mundo lusófono, especialmente no vizinho Portugal.
Partido
Popular apoia a ILP
Sem
dúvida, um dos elementos mais rechamantes foi o apoio do ultraespanholista e
ultradireitista Partido Popular (PP) à ILP. Aliás, sem o seu apoio, o texto
teria sido irremediavelmente chumbado, ao dispor este partido da maioria
absoluta na cámara autónoma. Porém, desta vez os 'ultras' chegárom mesmo a
dizer que esta ILP supunha salvar "umha eiva de 30 anos de autonomia".
O optimismo
e bom acolhimento do PP é mais fácil de entender do ponto de vista
económico-empresarial que de umha súbita iluminaçom filológica ou o surgimento
de potentes sentimentos de amor polo galego, os quais nunca fôrom património
dos autoproclamados populares.
Essa
visom economica foi também recolhida na ILP, em cuja exposiçom de motivos dizia
que "é preciso que as nossas empresas e organismos públicos
aproveitem a nossa vantagem linguística, um valor que evidencia a importância
mundial da Língua e o crescente papel de blocos como a Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa".
Ainda,
lembrava a evidência de que "a nossa língua outorga uma valiosa vantagem
competitiva à cidadania galega em todas as vertentes, nomeadamente a económica,
desde que disponhamos dos elementos formativos e comunicativos para nos
desenvolver com naturalidade no seu modelo internacional".
Seja como
for, ontem as teses reintegracionistas, que defendem a integraçom do galego no
seu quadro natural, dérom um mais um importante passo.
Outra ILP
rejeitada
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