18 maio 2013, ODiário.info
http://www.odiario.info (Portugal)
Há meio século,
a OUA tinha como objectivos fundamentais libertar a África do colonialismo e do
apartheid e garantir a unidade continental. Hoje há 54 países africanos
independentes e subsiste por resolver a situação da República Árabe Saharauí
Democrática, proclamada pela Frente Polisário na ex-colónia espanhola do Sahara
Ocidental, entretanto anexada por Marrocos. Os benefícios económicos, sociais,
culturais e em todos os domínios que as independências trouxeram aos povos
africanos são imensos. Do ponto de vista histórico, a derrota do colonialismo e
a libertação nacional de África significam um avanço enorme. Os sacrifícios dos
patriotas nas lutas emancipadoras não foram em vão.
A África prepara-se para festejar o
50.º aniversário da Organização da Unidade Africana (OUA), rebaptizada em 2002
União Africana (UA). O ponto alto das comemorações será a 25 de Maio, em Addis
Abeba, onde em 1963 foi fundada a organização continental, ainda hoje com sede
na capital etíope.
Empunhando as bandeiras do
pan-africanismo e do renascimento africano, os líderes de África querem
sensibilizar as novas gerações para os ideais da unidade e do progresso. E
aproveitar a ocasião para fazer o balanço do trajecto percorrido nestas cinco
décadas e desenhar os caminhos do futuro. Num momento em que a UA está virada
para as questões da integração do continente e «do desenvolvimento económico
sustentável e centrado nas pessoas».
Há meio século, a OUA tinha como
objectivos fundamentais libertar a África do colonialismo e do apartheid e
garantir a unidade continental. Outros princípios que orientaram a sua formação
foram o respeito pela soberania de cada estado, mantendo intocáveis as
fronteiras coloniais, e a promoção do desenvolvimento económico e social.
Agora há 54 países africanos independentes
e subsiste por resolver a situação da República Árabe Saharauí Democrática,
proclamada pela Frente Polisário na ex-colónia espanhola do Sahara Ocidental,
entretanto anexada por Marrocos.
Longo e difícil foi este percurso
dos países africanos após as independências, sobretudo considerando o ponto de
partida de atraso e destruição herdados da barbárie colonialista.
Desde logo, após a conquista da bandeira e do hino – da dignidade nacional –, houve a consolidação dos novos estados, a maioria com fronteiras impostas pelos colonialistas e com nações por forjar.
Desde logo, após a conquista da bandeira e do hino – da dignidade nacional –, houve a consolidação dos novos estados, a maioria com fronteiras impostas pelos colonialistas e com nações por forjar.
Paulatinamente, registaram-se
grandes avanços na formação de quadros, na escolarização das crianças, na
alfabetização de adultos; no alargamento da prestação dos cuidados de saúde, do
acesso crescente de famílias à agua potável e à electricidade; na redescoberta
da História, da literatura, das artes; na recuperação e construção de
infra-estruturas fundamentais para o desenvolvimento (hospitais, escolas,
habitações, estradas, pontes, barragens…); na estruturação dos transportes, das
comunicações, dos serviços públicos; no estabelecimento de relações soberanas
com outros povos.
No domínio económico, há casos de
sucesso e, de um modo geral, o crescimento africano tem sido acelerado, acima
da média mundial. Por exemplo, em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) de
Moçambique deve crescer 8,4%, o de Angola 6,2%, o de Cabo Verde 4,1%, o de S.
Tomé e Príncipe 4,5% e até o da Guiné-Bissau crescerá 4,2%. No ano passado,
houve países da África Ocidental com crescimento ainda maior, como a Serra Leoa
(19,8%), o Níger (11,2%) ou a Costa do Marfim (9,8%). Segundo previsões
recentes do Fundo Monetário Internacional, a economia da África sub-sahariana
vai crescer 5,5% em 2013 e 2014 e a inflação vai descer abaixo dos 5% em mais
de metade dos países da sub-região.
É claro que existem ainda nos
nossos dias problemas gravíssimos em África. De resto, como nos outros
continentes – a começar na «civilizada» Europa…
Há golpes de estado, guerras civis,
agressões militares do imperialismo. Há o tráfico de droga, de armas, de seres
humanos, que põem em causa a existência de estados como a Somália, a
Guiné-Bissau ou a Líbia. Há as divisões e os conflitos étnicos e religiosos em
geral instigados de fora. Há as doenças, a fome, a pobreza e a miséria, as
secas e as cheias, o roubo de terras. E há, sobretudo, a exploração de
mão-de-obra barata e a pilhagem das riquezas naturais de África pelas potências
ocidentais associadas às classes dirigentes nativas, que assim aprofundam as desigualdades
sociais.
Apesar de todas estas dificuldades,
os africanos prosseguem com confiança a sua caminhada histórica, o seu
desenvolvimento nas condições específicas de cada sub-região, de cada país.
Os benefícios económicos, sociais,
culturais e em todos os domínios que as independências trouxeram aos povos
africanos são imensos. Do ponto de vista histórico, a derrota do colonialismo e
a libertação nacional de África significam um avanço enorme. Os sacrifícios dos
patriotas nas lutas emancipadoras não foram em vão.
Inspirados pelos ideais dos seus
heróis contemporâneos – o congolês Patrice Lumumba, o ganês Kwame Nkrumah, o
guineense-caboverdiano Amílcar Cabral, o angolano Agostinho Neto, o moçambicano
Samora Machel –, os trabalhadores e os povos africanos continuam a lutar por
uma África unida, próspera e progressista, liberta da dominação imperialista e
da exploração do homem pelo homem.
*Este artigo foi publicado
no “Avante!” nº 2059, 16.05.2013
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