terça-feira, 28 de maio de 2013

China pode ser “âncora” para retorno de Portugal à Ásia



27 maio 2013, Macauhub http://www.macauhub.com.mo (China)

A China, com crescentes laços aos países de língua portuguesa bem como às elites económicas de outras potências emergentes asiáticas, pode servir de “âncora” para a re-aproximação de Portugal à Ásia, defende o investigador Ming K. Chan.

Numa palestra em Abril na Sociedade Histórica da Independência de Portugal
, em Lisboa, o investigador do Centro de Estudos do Leste Asiático da Universidade de Stanford (EUA), passou em revista as relações luso-chinesas de “três oceanos, quatro continentes e cinco séculos”, este ano celebrados.

“As ligações Lisboa-Macau-Pequim estenderam-se para além da China, para abranger outras áreas e populações ultramarinas, caso das redes globais de chineses no estrangeiro, incluindo poderosas elites económicas no sudeste da Ásia”, afirmou.

“Em muitos aspectos, o ‘Factor China’ pode tornar-se numa âncora funcional e eficaz para a re-aproximação portuguesa à Ásia no século XXI, baseada num intercâmbio de ‘soft power’ multi-dimensional”, segundo Chan.

O investigador recorda um artigo de meados de 2010 em que o China Daily qualificava Portugal de “polo ibérico e ponte da China para o Mundo”, defendendo que também Macau pode ser a ponte de Portugal para a China e a China a ponte de Portugal para a Ásia.

Nos últimos anos, as empresas estatais chinesas assumiram posições de destaque nos negócios em Portugal, com a compra de participações na EDP – Energias de Portugal e Redes Energéticas Nacionais e em parcerias com a Galp Energia no Brasil ou na energia em Moçambique.

No contexto da presente re-aproximação portuguesa à Ásia, Ming K. Chan deixou sugestões como o aproveitamento dos “tesouros humanos” na sociedade, como os “macaenses, imigrantes e estudantes asiáticos e chineses em Portugal” e pessoas com experiência asiática, “especialmente os regressados de Macau, como os funcionários públicos ou os quadros técnicos”.

Outras oportunidades, defendeu, residem na formação ao nível universitário e numa “abordagem mais focada na Ásia pelas empresas”, na comercialização de bens e serviços, desde a tecnologia ao “design”, no turismo e na apresentação dos “íntimos laços funcionais” entre Portugal e o bloco de língua portuguesa.

“Entre os países-chave asiáticos, a China deveria ser a primeira escolha óbvia a ancorar esta re-aproximação portuguesa à Ásia”, referiu, segundo a sua intervenção escrita.

As razões para esta primazia, sustentou, residem na robustez da economia chinesa, mas também nos laços oficiais “cordiais” entre os dois países, “sustentados por e através da cidade semi-lusitana de Macau”.

“Estrategicamente, a China tem defendido o desenvolvimento de uma relação especial de cooperação multilateral com o bloco de língua portuguesa”, sublinhou o investigador da universidade de Stanford.

Os alvos prioritários são “Angola e Brasil”, principais parceiros da China em África e na América Latina, respectivamente, e a relação luso-chinesa bilateral é “vitalmente importante para o alcance global [de Pequim] e abranger 8 países em 4 continentes”, em grande medida através de Macau.

Macau pós-1999, segundo Chan, tem tido “novos papéis de vanguarda, ligando, relacionando e facilitando as relações em expansão da China e do bloco de língua portuguesa, com impactos económicos e estratégicos globais significativos. (macauhub)

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