segunda-feira, 27 de maio de 2013

União Africana/ÁFRICA VAI VENCER – Guebuza na Etiópia



25 de Maio de 2013, Radio Moçambique http://www.rm.co.mz

O Presidente da República, Armando Guebuza, destacou hoje, em Addis Abeba, a importância da solidariedade dos países africanos para a libertação do continente, tendo igualmente sublinhado o papel desempenhado por Moçambique na região.

Falando num debate sobre “Pan-Africanismo e Renascimento Africano”, inserido nas celebrações da passagem de 50 anos da criação da Organização da Unidade Africana (OUA) – hoje União Africana (UA), Guebuza falou do papel desempenhado por Moçambique numa altura em que o pais também lutava pela sua libertação do jugo colonial português.

“Retribuindo a solidariedade que recebemos, acolhemos nas zonas libertadas em Moçambique – quando também ainda lutávamos pela independência – movimentos de libertação que connosco vinham aprimorar os fundamentos da guerra de guerrilha”, disse o estadista moçambicano.

Depois da independência nacional, Moçambique continuou a prestar solidariedade aos povos irmãos, acolhendo cidadãos perseguidos por se oporem aos regimes ditatoriais que vigoravam nos seus respectivos países.

“Hoje, o nosso espírito solidário com outros povos constitui um dos cânones centrais da nossa política externa e a nossa auto-estima é o fermento para a paz, unidade e cultura de trabalho”, disse Guebuza, sublinhando que com estes valores “acreditamos que a nossa mãe África vai vencer. Por isso, a luta continua”.

Guebuza foi um dos vários intervenientes neste debate, que teve um painel constituído pelo Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Donald Kaberuka, o antigo Primeiro-Ministro da Jamaica, P.J. Patterson, a académica e escritora nigeriana Amina Mama e a secretária-geral da União da Juventude Pan-Africana, Tendai Wenyika.

As apresentações destes foram seguidos de debates pelos diversos Chefes de Estado e de Governo da UA – que só foram limitados pelo reduzido tempo – mas mesmo assim, os lideres do continente reiteram o seu posicionamento sobre os passos necessários para o desenvolvimento de África.

As intervenções defenderam a necessidade de se acelerar a integração de África, a promoção do comércio intercontinental, desenvolvimento de infra-estruturas, geração de empregos bem como a apropriação do continente na tomada de decisões.
Contudo, para a maioria desses desafios, os lideres africanos reconhecem a necessidade de investimentos.

Refira-se que igualmente que a União Africana pretende tornar estas celebrações do seu jubileu do 50º aniversário para reflectir sobre os últimos cinquenta anos de esforços em direcção a unidade africana com a intenção de definir o pan-africanismo para as futuras gerações.

Igualmente, o evento também serve como uma plataforma para lançar as bases de discussão do plano estratégico da UA para os próximos 50 anos, ou seja até 2063.

O estadista moçambicano deverá ainda discursar no evento, na sua qualidade de Presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Depois destas celebrações dos 50 anos da OUA/UA, Guebuza deverá participar na 21/a cimeira da organização a ter lugar no Domingo e Segunda-feira.
(RM/AIM)

------------ Relacionada

União Africana /África celebra 50 anos de esforços pela unidade
25 maio 2013, AngolaPress http://www.portalangop.co.ao (Angola)

Addis Abeba - Os líderes africanos celebraram sábado em Addis Abeba os 50 anos de esforços pela unidade do continente, com a esperança de que o actual boom económico na África permita realizar os sonhos florescidos durante a descolonização e independência.

"Os pais fundadores (da União Africana) se comprometeram em formar a Organização da Unidade Africana no alvorecer da independência há 50 anos, e é conveniente que nos encontremos hoje, no momento em que a África se recupera", declarou o primeiro-ministro etíope Hailemariam Desalegn, anfitrião da cúpula.

Enquanto a África é cada vez mais cortejada por seus recursos naturais e seu potencial econômico, as cerimônias de Addis Ababa atraíram muitas personalidades de todo o mundo.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, participaram da cerimónia de abertura. O vice-primeiro-ministro da China, Wang Yang, é esperado durante a tarde, assim como o presidente da França, François Hollande, único chefe de Estado europeu a priori.

Os líderes africanos querem celebrar o nascimento, em 25 de maio de 1963, da Organização da Unidade Africana (OUA), a primeira instituição pan-africana, criada por 32 chefes de Estado em meio a uma verdadeira onda de descolonização, e ancestral da actual União Africana (UA), dotada desde 2002 de instituições mais ambiciosas.

Ao homenagear os fundadores do projecto de unidade africana, Desalegn estabeleceu uma nova meta para o pan-africanismo: "a construção de um continente sem pobreza e conflitos, em que os nossos cidadãos beneficiarão do status de país de renda média".
"A auto-suficiência e independência económica evocados por nossos fundadores ainda estão um pouco fora de alcance, e as desigualdades sociais persistem", reconheceu, por sua vez, a presidente da Comissão da UA, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma.

"Se falamos de soluções africanas para os problemas africanos, é porque sabemos que podemos silenciar as armas, agir em solidariedade e de forma unida", declarou no pódio da nova sede da UA, construída e financiada pela China.

A China, que está investindo pesadamente na África há anos, foi o único país a receber agradecimentos neste sábado. O chefe de Estado etíope expressou "o seu mais profundo apreço pela China por investir bilhões (...) em infra-estrutura para apoiar os nossos esforços".

Cerca de 10.000 convidados são esperados na capital etíope - sede histórica da OUA e da UA - para estas celebrações.

A organização reservou um orçamento de 1,27 milhões para esta abertura, informou o Instituto de Estudos de Segurança (ISS). As comemorações do cinquentenário, que acontecerão ao longo do ano, vão custar cerca de 3 milhões no total, indicou à AFP o vice-presidente da Comissão da UA, Erastus Mwencha.

O coreógrafo sul-africano Somzi Mhlongo, que organizou a abertura e encerramento da Copa do Mundo de 2010 e da Copa das Nações em 2013 na África do Sul, assegurou ter planeado grandes celebrações.

Uma centena de bailarinos vão apresentar um programa de uma hora. Entre os músicos convidados, estão o malinense Salif Keita, o congolês Papa Wemba e o grupo de reggae britânico Steel Pulse.

Telões foram instalados por toda Addis Abeba para permitir que as pessoas acompanhassem as festividades.

Após a festa, os chefes de Estado vão se concentrar a partir de domingo nos problemas africanos durante o encontro semi-anual da organização.

Na pauta, além da prolongada crise política em Madagáscar, será discutida a situação da segurança na República Democrática do Congo (RDC) e no Sahel, especialmente após os dois atentados suicidas que deixaram vinte mortos no norte do Níger.

"O terrorismo é uma séria ameaça para a África. (...) O que está acontecendo no Níger não é um caso isolado", observou o ministro das Relações Exteriores etíope, Teodros Adhanom, em uma reunião com John Kerry.

Se o número de guerras está em declínio na África, a situação sócio-económica, também em progresso, continua a ser desigual. Ao longo dos últimos 50 anos, os indicadores de desenvolvimento na África - saúde, educação, mortalidade infantil, crescimento económico, governança - melhoraram consideravelmente. Alguns destes países registaram os maiores crescimentos económico no mundo, de acordo com o FMI.

Mas de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas, os doze países menos desenvolvidos do mundo estão na África e, entre os 26 países no fim do ranking, apenas um não é africano: o Afeganistão.

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