14
maio 2013,
Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br (Brasil)
Gilberto Costa, correspondente da Agência Brasil/EBC
Lisboa - O terceiro maior
continente do mundo abrigará a população economicamente ativa mais jovem do
planeta em 2040 e, em 20 anos, a população africana alcançará 2 bilhões de
pessoas (o dobro do número atual), segundo o secretário executivo da Comissão Econômica
para África (ECA, sigla em inglês), Carlos Lopes.
O contingente será mais urbano do
que rural, mais escolarizado do que o atual e terá diversas atividades
econômicas. “Será a maior reserva de mão de obra jovem do mundo”
, disse Lopes
ao encerrar na noite de ontem (13) uma conferência na sede da Comunidade de
Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
A força de trabalho em abundância
aumenta o potencial econômico do continente que dispõe de 12% das reservas de
petróleo do mundo, de 40% das de ouro e 60% das terras aráveis. A
disponibilidade de recursos naturais atrai investidores estrangeiros,
especialmente os chineses, mas também empresas brasileiras como a Vale e a
Petrobras, em mais de um país.
O acúmulo de capitais (US$ 500
bilhões depositados em bancos africanos) permite que já ocorra inversão do
fluxo de dinheiro, por exemplo, entre Angola e Portugal. O capital angolano
está investido em banco, empresa petrolífera, operadoras de telefone e TV a
cabo, além de grupos de comunicação em Portugal.
De acordo com Carlos Lopes, das 20
economias que mais crescem no mundo, dez estão na África. Assim como no Brasil,
parte do crescimento (taxas acima dos 5% nos próximos anos para a África
Subsaariana) é estimulada pelo mercado interno (dois terços da demanda). Para o
secretário executivo da ECA, o potencial econômico causa uma mudança na visão
sobre o continente. “Estamos vivendo o crepúsculo da ajuda ao desenvolvimento.”
Carlos Lopes, que é da
Guiné-Bissau, sugere que os países africanos e os membros da CPLP invistam em
novas tecnologias de informação. “Se a comunidade quer surfar na onda e ficar à
frente dos grandes movimentos que vão ter lugar nos próximos 20 anos, a aposta
nas novas tecnologias é fundamental.”
Para ele, as novas tecnologias
oferecem possibilidades de responder à descontinuidade geográfica dos países
que formam a CPLP (espalhados em quatro continentes) e atender a população
migratória de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e do Timor Leste.
Para ele, falta no entanto uma
política articulada para a área de novas tecnologias na CPLP, e o Acordo
Ortográfico será fundamental para que se produza mais conteúdos nas plataformas
eletrônicas, inclusive para aumentar a escolarização. “Uma boa parte dos
conteúdos será produzida para cursos em linha. A circulação da informação e dos
livros também será feita em linha.”
Lopes não criticou o adiamento da obrigatoriedade da adoção Acordo Ortográfico
no Brasil, mas fez ressalvas quanto à decisão do governo brasileiro de suspender o envio de estudantes do Programa Ciência sem
Fronteiras a Portugal para forçar os bolsistas a aprenderem outro idioma. “O
objetivo é louvável, mas não pode ser radicalizado”, disse ao ressalvar que
essa é uma opinião.
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