Bragança (Portugal), 7 outubro 2007 - A região espanhola da Galiza quer fazer parte da Lusofonia e participar nos acordos sobre a língua portuguesa, através de uma academia que será formalizada no próximo ano.
O anúncio foi feito no sábado em Bragança, no encerramento do VI Congresso da Lusofonia, por um dos promotores da iniciativa, Ângelo Cristóvão, secretário da Associação Amizade Portugal/Galiza.
Esta associação está envolvida no projecto de criação da Academia Galega da Língua Portuguesa, que será divulgado na segunda-feira na Universidade de Santiago de Compostela, na Galiza.
A apresentação do projecto estará a cargo de três académicos galegos, um dos quais Martinho Antero Santalha, que deverá ser o primeiro presidente da nova academia, segundo disse Ângelo Cristóvão.
A divulgação deste projecto insere-se num ciclo de conferências sobre a língua portuguesa em que participarão os académicos Malaca Casteleiro, de Portugal e Evanildo Bechara, do Brasil, que estiveram em Bragança nos últimos quatro dias no congresso da Lusofonia.
O tema do encontro, que terminou no sábado, foi a variante brasileira da língua portuguesa, e na sessão de encerramento o linguista Malaca Casteleiro defendeu que "também o galego é uma variante do português e como tal deve se trazido para o espaço da lusofonia".
Este é propósito dos promotores da Academia Galega da Língua Portuguesa que pretende fazer-se representar através deste novo organismo, como disse o galego Ângelo Cristovão.
O responsável lembrou que a Galiza já participou como convidada na discussão dos acordos ortográficos em 1986 e 1990, mas não de uma forma institucional.
O objectivo é agora dar continuidade a este trabalho participando como observadores ou mesmo como representantes no Instituto Internacional de Língua Portuguesa e outros organismos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Ângelo Cristóvão notou que a Galiza nunca poderá participar em reuniões oficiais dos governos, por não ser um Estado, mas quer dar mais um passo para que o galego seja reconhecido também em Espanha como uma língua de padrão português.
Segundo disse, a nova academia deverá ser oficializada no próximo ano e será constituída por 35 académicos, entre os quais pretende ver também alguns portugueses.
Ângelo Cristóvão lembrou que 80 por cento dos dois milhões de habitantes da Galiza falam o galego, que especialistas defendem ter a mesmo origem do português.
Nas relações entre Portugal e Espanha, o académico português Malaca Casteleiro defendeu que a língua portuguesa pode ser a solução para o diferendo com quase dois séculos entre os dois países pela disputa do território de Olivença.
Malaca Casteleiro está convencido de que "politicamente Portugal não conseguirá trazer Olivença para o lado de cá e deve reconhecer a situação de facto de que está sob o domínio espanhol".
"Portugal devia era defender que tivessem dupla nacionalidade e disponibilizar o ensino da língua portuguesa no território", defendeu.
"É quase impossível continuar a batalhar por Olivença do ponto de vista político, mas é possível do ponto de vista cultural e da língua", sustentou.
No congresso foi ainda entregue o primeiro prémio da Lusofonia, no valor de 1500 euros, instituído pela Câmara de Bragança, que apoia o evento.
Entre 93 trabalhos oriundos de Portugal, Brasil, Canadá e Espanha, o vencedor foi Pedro Baptista, de Coimbra, com um trabalho de poesia "Nove ciclos para um poema".
O galardoado tem 39 anos e trabalha em publicidade num jornal, mas dedica-se há vários anos à escrita com quatro livros editados.
Pretende também publicar o trabalho agora premiado e que foi desenvolvido a partir de pequenos trechos de autores dos países da lusofonia.
O concurso regressará em 2008 junto com o congresso que será virado para África, com o tema central em torno da língua portuguesa e os crioulos. (Notícias Lusófonas)
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terça-feira, 9 de outubro de 2007
CPLP/Galiza quer integrar lusofonia através de Academia e já em 2008
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