Maputo, 8 outubro 2007 - Moçambique poderá contar, a partir de 2011, com uma indústria de fundição de ferro e aço, um empreendimento cujos investimentos estarão acima de um bilião de dólares norte-americanos. Entre as razões da implantação da unidade no território moçambicano está a disponibilidade de gás natural de Pande, um dos pressupostos importantes quer para a produção de ferro quer do aço, cuja cotação no mercado internacional tende a melhorar.
Para o efeito, os governos de Moçambique e da África do Sul, representados pelos respectivos ministros da Indústria e Comércio, sentaram-se sábado último à mesma mesa, para discutir o estudo de pré-viabilidade do projecto, elaborado e apresentado por uma equipa de consultores.
Segundo o director nacional da Indústria, Sérgio Macamo, citando o estudo de pré-viabilidade apresentado na África do Sul, há condições para a viabilização do projecto, porque do lado de Moçambique há gás, água e electricidade em quantidades suficientes para uma indústria desta envergadura e, do da África do Sul estão garantidos os minérios também em porções consideradas satisfatórias.
Além disso, de acordo com Sérgio Macamo, o mercado internacional do ferro e aço apresenta-se favorável em termos de preço e procura, tendo destacado, nesta última componente, uma maior procura na China e outros países da Ásia.
Conforme o estudo de pré-viabilidade citado pelo director nacional da Indústria, o minério poderá ser transportado a partir de Phalaborowa, na África do Sul, para Moçambique por linha férrea ou mediante uma conduta (minereduto), senão a combinação dos dois mecanismos.
Foi entendimento das duas delegações reunidas na África do Sul que os governos têm um mês para fazer consultas internas, antes da realização de uma nova ronda sobre o projecto.
“Se tudo correr bem, de Janeiro a Junho do próximo ano deverá decorrer o estudo de viabilidade propriamente dito, o qual não será mais do que a actualização dos dados do projecto MISP”, disse ontem, o director nacional da Indústria, num breve contacto telefónico com a nossa Reportagem.
Sérgio Macamo demonstrou algum optimismo ao afirmar que “se tudo correr bem podemos ter os primeiros lingotes de ferro e aço em princípios de 2011, sobretudo porque os governos dos dois países estão comprometidos com o projecto”.
A deslocação da delegação moçambicana à África do Sul, chefiada pelo Ministro da Indústria e Comércio, António Fernando, constitui a prossecução das negociações havidas entre as partes em Maio, sendo que na altura, uma das recomendações foi a necessidade de se analisar aspectos-chave, antes da sua formalização.
Este projecto tinha sido idealizado em finais da década de 1990, na altura pela ENRON, mas que não chegou a avançar devido à falência desta multinacional norte-americana, na sequência de um escândalo financeiro e, por outro lado, pela queda dos preços de ferro e aço no mercado internacional.
Trata-se de um projecto descrito como sendo de grande envergadura sob ponto de vista de impacto socioeconómico, se se considerar que para além de poder dinamizar o surgimento doutras unidades industriais em seu redor, tem potencial para empregar pelo menos cinco mil pessoas durante a fase de construção e outros mil quando laborar em pleno.
Ao abrigo do acordo que tinha sido alcançado entre o Governo moçambicano e a ENRON, esta última tinha se comprometido a desenvolver um mercado para o gás natural de Pande (província de Inhambane), tendo como principal consumidor deste hidrocarboneto o projecto de fundição de ferro e aço.
Contas feitas na altura indicavam para a probabilidade de a fundição ter uma capacidade para exportar qualquer coisa como dois milhões de toneladas de lingotes de ferro e aço/ano, para os mercados europeu, asiático e para os Estados Unidos da América, através do Porto de Maputo.
Quando da assinatura do acordo para a implementação do projecto, em Maio de 2001, uma das preocupações do Governo tinha a ver com questões ambientais, particularmente no que diz respeito à proveniência da água para o arrefecimento dos metais. (Notícias)
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terça-feira, 9 de outubro de 2007
Moçambique negoceia fundição de ferro e aço
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