sábado, 27 de outubro de 2007

Movimentos Sociais do Paraná pedem que a Syngenta saia do Brasil

Portal do MST/26 outubro 2007

Os movimentos sociais do Paraná em nota pública afirmam que se “não bastasse a Syngenta associar o seu nome a crimes ambientais no Estado, associa agora o seu nome de forma definitiva ao sangue derramado de um trabalhador rural”. A nota acrescenta: “Houvesse um mínimo de respeito à sociedade brasileira, a Syngenta retirar-se-ia do território nacional”.

Eis a íntegra da nota pública:

A truculência do latifúndio associado ao agronegócio transnacional fez mais uma vítima no Estado do Paraná. No dia 21 de outubro, o trabalhador rural Valmir Mota de Oliveira, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina foi executado à queima roupa na área de experimentos da multinacional Syngenta Seeds em Santa Tereza do Oeste (PR).
O movimento social do Paraná responsabiliza a multinacional Syngenta, a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR) da região pela execução Valmir Mota e pelo terror que vem espalhando na região contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Essas organizações têm responsáveis com nome, sobrenome e, endereço. Esperamos, confiamos, e exigimos que se faça justiça. É chegada a hora de dar um basta a truculência das oligarquias rurais do Estado do Paraná que se armam e organizam milícias privadas para aterrorizar o movimento social.
Três dias antes do assassinato do militante da Via Campesina, várias de nossas organizações participaram de uma Audiência Pública junto a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDHM). Na oportunidade se denunciou que o latifúndio e o agronegócio estavam contratando seguranças e organizando milícias privadas para promover o despejo dos militantes que ocupam a áreas improdutivas do Paraná.
A morte de Valmir Mota estava anunciada. O presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, reiteradas vezes declarou à imprensa e publicamente que os próprios ruralistas iriam retirar os sem-terra das propriedades. O movimento social paranaense exige a imediata prisão do presidente da Sociedade Rural por julgar que o mesmo representa uma ameaça à integridade física dos trabalhadores e trabalhadoras organizados no MST, na Via Campesina e em outros movimentos.
Registramos ainda que a ocupação da área de testes da Syngenta – realizada em março de 2006 - foi motivada por denúncia do Ibama. Constatou-se na época que os experimentos com plantação de milho e soja transgênicos não respeitavam a distância mínima de 10 km da chamada Zona de Amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu - um dos últimos redutos da biodiversidade na América do Sul.
A ocupação tornou os crimes ambientais da transnacional conhecidos em todo o mundo. Não bastasse a Syngenta associar o seu nome a crimes ambientais no Estado, associa agora o seu nome de forma definitiva ao sangue derramado de um trabalhador rural. Houvesse um mínimo de respeito à sociedade brasileira, a Syngenta retirar-se-ia do território nacional.
Os movimentos sociais do Paraná pedem uma apuração independente, rigorosa e transparente. Exigimos ainda exemplar punição aos mandantes - Syngenta, Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR) da região – pela violência injustificável perpetrada contra os trabalhadores e as trabalhadoras rurais e a proteção dos demais trabalhadores e trabalhadoras ameaçados pelo latifúndio e o agronegócio na região.
Justiça e o fim da impunidade é o mínimo que a sociedade paranaense aguarda.
ASSEMBLEIA POPULAR-PR; CUT-PR CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES; CEPAT - CENTRO DE PESQUISA E APOIO AOS TRABALHADORES; CEFURIA - CENTRO DE FORMAÇÃO IRMA ARAUJO; CONSULTA POPULAR – PR; APP- SINDICATO; SINDICATO DOS BANCARIOS DE CURTIBA E REGIÃO METROPOLITANA; SINDSAUDE; SISMMAC; SISMUC; SINDSEAB; SINDIQUIMICA; SINTCOM ; SITRAVEST; SINDJUS; MANDATO PROF. JOSETE; GRUPO NUSPARTUS; MARCHA MUNDIAL DE MULHERES; CENTRO DE FORMAÇÃO MILTON SANTOS-LORENZO MILANI; CASA DO TABALHADOR; PT - DIRETORIO MUNICIPAL DE CURITIBA; UNB - UNIÃO BRASILEIRA DE MULHERES; PCdoB - DIRETORIO ESTADUAL

http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=4409

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