Antonio Arrais/Repórter da Agência Brasil
Brasília, 15 outubro 2007 - O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) José Flávio Sombra Saraiva afirmou hoje (15), em entrevista à TV Nacional, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está certo" em dar prioridade a visitas ao continente africano, como está fazendo. Lula iniciou hoje, em Burkina Faso, viagem a quatro países africanos. O roteiro inclui também visitas à República do Congo amanhã (16), à África do Sul quarta-feira (17) e a Angola quinta-feira (18).
Esta é a sétima viagem do presidente Lula à África desde seu primeiro mandato.
Na entrevista, Sombra Saraiva disse que o destaque dado pelo presidente Lula à África (com essa viagem serão, ao todo, 19 países visitados naquele continente) demonstra o interesse econômico do Brasil nas potencialidades africanas.
Segundo ele, em 2002, 2003, as exportações brasileiras para a África atingiam de US$ 5 a 6 bilhões e hoje já são US$ 15 bilhões, ampliando as vendas brasileiras para países africanos de 2% para 6% a 7%, atualmente. Sombra Saraiva lembrou que "há uma disputa internacional sobre o continente africano, que envolve as antigas metrópoles, como Inglaterra e França, que jamais saíram da África, há a aproximação da China". E ele mesmo questionou: "Por que o Brasil, tão próximo da África, com relações históricas e atuais, cruzaria os braços a essa importante relação com países africanos amigos?".
O professor ressaltou que "há na África uma democratização crescente, o que vai ao encontro da posição brasileira de negociar com países de viés democrático. Há 15 anos, eram 14 a 15 conflitos armados internos, na África; hoje são apenas cinco. O continente cresce numa faixa de 4,5%, 5% a 5,5% ao ano, portanto, um crescimento superior à média brasileira. Então, há razões para o Brasil estar presente na África e há razões também para selecionar com quem queremos negociar. Não é apenas um romantismo. Há uma fronteira internacional do capitalismo, uma grande disputa internacional, e o Brasil tem todas as condições de ter o seu lugar", disse o professor.
Também em entrevista à TV Nacional, a professora de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB) Tereza Cristina do Nascimento, afirmou que, com a sétima viagem à África, o presidente Lula "está tentando aprofundar não somente os laços culturais e raciais que unem Brasil ao continente africano, mas abrir caminho para novas dinâmicas, para outras perspectivas, outras inserções que vão aproximar mais ainda o Brasil da África, no sentido de ampliar as relações comerciais e a abertura de novos mercados".
Mesmo tendo na agenda o encontro da 2ª Cúpula do Fórum de Diálogo, Índia, Brasil e África do Sul (IBAS), que será realizada quarta-feira na África do Sul, acredita a professora Tereza Cristina que a prioridade do presidente Lula serão as relações econômicas do Brasil com os quatro países visitados durante essa viagem.
Para a professora, foi o presidente Lula o primeiro, entre os cinco últimos governantes brasileiros, a se voltar para a África, tanto no campo das relações diplomáticas como, principalmente, nos entendimentos comerciais. Segundo ela, o presidente Lula está "aprofundando, de fato, esse novo cenário: ele está conhecendo e alcançando espaços que, até então, não faziam parte da agenda direta dos presidentes da República anteriores a ele, como é o caso, nessa viagem, de abrir relações com Burkina Faso e a República Democrática do Congo".
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