terça-feira, 23 de outubro de 2007

Cabo Verde/Governo quer diversificar relações para mobilizar novos parceiros

Cidade da Praia, 23 outubro 2007 - O governo de Cabo Verde quer reforçar relações diplomáticas com países como Senegal, Brasil ou Rússia, para assim "conseguir mobilizar parcerias" na nova fase de país de rendimento médio.
Cabo Verde passa a fazer parte, a partir de um de Janeiro de 2008, do grupo de países de rendimento médio, pelo que irá perder alguns dos apoios que tinha até agora da comunidade internacional.
É por isso que, segundo o primeiro-ministro, que falava segunda-feira numa conferência organizada pela ONU sobre a graduação do país, é preciso "mobilizar novas parcerias" e ter "uma política de vizinhança inteligente", que passa por reforçar as relações com o Senegal, Marrocos, Mauritânia e Brasil.
A estratégia cabo-verdiana passa ainda pelo reforço das relações diplomáticas com a Rússia, com países do golfo-pérsico e com a China, "para diversificar a rede de relações no sentido de conseguir mobilizar parcerias".
Também os principais parceiros de Cabo Verde (como Portugal), vão ser convidados a mudar o tipo de apoio que prestam agora, adaptando-o à nova situação, disse aos jornalistas o ministro da Economia, José Brito.
Cabo Verde já está na transição para graduação de país de rendimento médio, o dia 01 de Janeiro "é só uma data" e o governo encara a situação na perspectiva de que quer colocar o arquipélago no grupo de países desenvolvidos e não de rendimento médio, disse o ministro.
Ainda assim, avisou, Cabo Verde tem vulnerabilidades, como a falta de água e a grande dependência em relação ao exterior, que só podem ser combatidas com muito trabalho.
Cabo Verde foi admitido pela ONU na categoria de países menos avançados (PMA) em 1977, dois anos após a independência.
Em 2004, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu graduar o país, elevando-o à categoria de rendimento médio, mas deu um período de três anos para Cabo Verde preparar, em colaboração com os parceiros bilaterais e multilaterais,uma estratégia de transição de forma a que a "promoção" não se torne um entrave ao desenvolvimento do arquipélago.
Até agora Cabo Verde conseguiu satisfazer dois critérios de graduação, o rendimento per capita e o índice de desenvolvimento do capital humano. No entanto está longe de atingir o terceiro critério, o índice de vulnerabilidade económica, reconhece o Comité de Políticas de Desenvolvimento da ONU.
Em termos de vulnerabilidade económica, Cabo Verde é o sétimo mais vulnerável de todos os países menos avançados.
Economicamente, Cabo Verde continua a depender fortemente de dois factores externos: a ajuda pública ao desenvolvimento e as remessas da comunidade na diáspora.
Entre 1997 e 2001 mais de 80 por cento dos investimentos públicos foram financiados pela ajuda pública ao desenvolvimento.
No mesmo período, as remessas dos emigrantes contabilizaram entre 12 a 14 por cento do PIB, três vezes superior às exportações de mercadorias e cerca de 2,5 vezes mais do que as receitas do turismo.
Actualmente as remessas dos emigrantes tendem a diminuir mas estão a aumentar as receitas provenientes do turismo.
Entre 2000 e 2005 o PIB cresceu em média 5,7 por cento, verificando-se uma melhoria significativa do padrão médio de vida, com o PIB per capita a crescer em média 3,6 por cento.
Segundo estimativas, se o PIB continuar a crescer no mesmo ritmo a pobreza em Cabo Verde poderá reduzir-se a metade do valor de 1990 antes de 2015. (AngolaPress)

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