Portal do MST/18 outubro 2007
As Pastorais Sociais que fazem parte da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) regional Sul lançaram hoje uma carta pública em apoio as três colunas do MST que marcham em direção a Fazenda Coqueiros, no Rio Grande do Sul. A carta é uma reação aos setores reacionários gaúchos que querem impedir, na Justiça, que as marchas do MST cheguem a Coqueiros do Sul.
Na semana passada, uma entidade de classe da região entrou com pedido de Ação Civil Pública nos Ministérios Públicos Estadual e Federal para que os Sem Terra fossem retirados da cidade de Passo Fundo, onde uma das colunas se encontra atualmente. Na Ação a entidade alega perigo de confronto com os ruralistas da região.
Carta de Apoio às Marchas do MST e a Luta Pela Reforma Agrária no Rio Grande do Sul
No Estado do Rio Grande do Sul, desde 11 de setembro, mais de 1500 pessoas se deslocam até a fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, um latifúndio de mais de sete mil hectares de terra. Os marchantes estão em três grupos: um saiu de Pelotas, outro de Bossoroca e o terceiro de Eldorado do Sul.
Os objetivos das Marchas são pressionar os governos Federal e Estadual para que desapropriem terras para assentamento das famílias; dialogar com a sociedade sobre a realidade agrária e agrícola e sobre a situação que se encontram as famílias Sem Terra no Estado do RS.
Diante dessa situação dramática, muitas vidas correm risco, seja pela violência, fome e humilhação, seja porque o Estado não atende os direitos humanos fundamentais, conforme prevê a Constituição Federal de 1988. Nós, das Pastorais Sociais do Estado do Rio Grande do Sul, apoiamos as marchas e a luta pela terra. Entendemos que a reforma agrária é necessária e que os latifúndios devem ser desapropriados para a dignidade de milhares de famílias Sem Terra. Pois, onde há concentração (da terra, da riqueza, do poder...) a vida não se manifesta.
“A Doutrina Social da Igreja, com base no princípio da subordinação da propriedade particular à destinação universal dos bens, analisa as modalidades de exercício do direito de propriedade da terra como espaço cultivável e condena o latifúndio como intrinsecamente ilegítimo. (Para uma Melhor Distribuição da Terra. O desafio de reforma agrária. nº. 32). “Nos lugares onde subsistem condições iníquas e de pobreza, a reforma agrária representa não só um instrumento de justiça distributiva e de crescimento econômico, mas também um ato de grande sabedoria política” (nº. 44, idem). “Porque aquilo que te atribues a ti, foi dado em comum para uso de todos. A terra foi dada a todos e não apenas aos ricos. Quer dizer que a propriedade privada não constitui para ninguém um direito incondicional e absoluto” (Populorum Progressio, nº.23).
Coerente ao Evangelho e ao Ensino Social da Igreja, apoiamos a justa e necessária Marcha das famílias sem terra em busca de pão e vida digna.
Pedimos a Jesus de Nazaré que abençoe a luta do povo organizado.
Pastorais Sociais – CNBB SUL 3.
Porto Alegre, 15 de outubro de 2007
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