São Paulo, 13 outubro 2007 - Sobreviventes da 2ª Guerra Mundial fizeram nesta semana, em São Paulo, um ato contra testes atômicos. O médico Hiroo Dohy, presidente do Hicare, Conselho Internacional de Hiroshima para tratamento das vítimas de radiação, fez um apelo pela suspensão de todos os testes atômicos, como os atualmente programados em Nevada, nos Estados Unidos. O médico participou de seminário no Hospital Santa Cruz, onde recebem acompanhamento especializado muitas das 130 vítimas das bombas atômicas lançadas sobre o Japão que hoje residem no Brasil.
"Os atuais artefatos atômicos são milhares de vezes mais poderosos que os lançados em Hiroshima e Nagasaki e estão deixando, comprovadamente, resíduos que estão poluindo o mundo, com conseqüências imprevisíveis para a Humanidade", afirmou Dohy.
Ao lado do médico Shizuteru Usui, presidente da seção japonesa dos Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear, ele mesmo vítima da Bomba Atômica em Hiroshima, proferiram palestras também o professor Katsuhide Ito, da Faculdade de Medicina de Hiroshima, e o também médico Kuniaki Nomura, diretor da Assistência e Seguridade de Hiroshima.
O acompanhamento constante das vítimas continua necessário, parcialmente subsidiado por mecanismos implantados pela Província de Hiroshima, inclusive para residentes no Brasil.
A Associação Médica de Hiroshima estabeleceu um acordo de cooperação com a Associação Paulista de Medicina para intensificar o intercâmbio entre as instituições. Visa a não só conscientizar a população sobre os riscos das radiações, como lutar pelo banimento mundial das armas atômicas.
Efeitos distintos
Os especialistas explicaram que as bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki eram diferentes e deixaram seqüelas distintas. A primeira era de urânio e provocou 140 mil mortos até dezembro de 1945, a fase mais aguda dos efeitos, deixando 80 mil feridos. A de Nagasaki, de plutônio, provocou 70 mil mortos e 80 mil feridos. No total, estima-se 400 mil vítimas.
No primeiro momento, as vítimas e as autoridades japonesas não sabiam que tipo de bomba os tinha atingido. Somente com os danos provocados sobre filmes utilizados em aparelhos de raios X é que começaram as desconfianças sobre as radiações de materiais atômicos.
Estudos acurados efetuados até hoje, primeiro pelos japoneses, e depois em cooperação com os norte-americanos, mostram que a fase aguda das muitas leucemias foi encerrada em torno de 1965, com a morte das vítimas. Hoje, os sobreviventes sofrem com vários tipos de câncer e outras doenças, mais do que a população em geral.
Dados detalham as diferenças de efeitos considerando a idade em que as vítimas foram afetadas, bem como as distâncias em que encontravam do epicentro das explosões das bombas, classificando o grau das radiações a que foram expostas. Até o momento, não se constatou seqüelas entre os descendentes destas vítimas, e as cidades de Hiroshima e Nagasaki não apresentam mais resíduos de radiação.
O estudo disponível no Japão é único. Não há similares sobre as vítimas de Chernobyl ou de Goiânia, no Brasil. Nem das vítimas dos testes norte-americanos no Atol de Bikini, no Pacífico. (Agência Estado)
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domingo, 14 de outubro de 2007
Brasil/Sobreviventes de Hiroshima fazem apelo contra testes
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