1
novembro 2013, Ministério das Relações Exteriores http://www.itamaraty.gov.br
(Brasil)
O texto será considerado
pela III Comissão da Assembleia Geral e, posteriormente, pelo
plenário da própria Assembleia.
Brasil e Alemanha
apresentam à Assembleia Geral da
ONU projeto de
resolução sobre o direito
à privacidade na era digital
Os Governos do
Brasil e da Alemanha apresentaram hoje
à Assembleia Geral da ONU projeto de resolução acerca do direito
à privacidade na era digital.
O texto será considerado pela III Comissão da
Assembleia Geral e, posteriormente, pelo plenário da própria Assembleia.
Segue
a tradução para português do referido
projeto de resolução, bem como sua versão original, em inglês:
Tradução para português
A
Assembleia Geral,
PP1.
Reafirmando os objetivos e princípios da Carta das
Nações Unidas,
PP2.
Reafirmando também os direitos humanos e liberdades
fundamentais consagrados na Declaração
Universal de Direitos Humanos e tratados internacionais relevantes sobre direitos humanos, inclusive o Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais,
PP3.
Reafirmando, ainda, a Declaração
de Viena e seu Programa de Ação,
PP4.
Observando que o ritmo acelerado do
desenvolvimento tecnológico permite
aos indivíduos em todas
as regiões utilizarem novas tecnologias de
informação e comunicação e, ao mesmo
tempo, aumenta a capacidade de
governos, empresas e indivíduos
de vigiar, interceptar e coletar dados,
o que pode violar os direitos humanos, em particular o direito à privacidade,
tal como consagrado no artigo 12 da Declaração
Universal de Direitos Humanos e no artigo 17 do Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos e constitui, portanto, tema de preocupação crescente,
PP5.
Reafirmando o direito humano dos indivíduos à privacidade
e a não ser submetido a ingerências
arbitrárias ou ilegais em sua vida
privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, bem como o direito
à proteção da lei contra tais
ingerências ou ofensas, e
reconhecendo
que o exercício do direito à privacidade
constitui requisito essencial à realização do
direito à liberdade
de opinião e de expressão sem ingerências e um dos pilares de uma sociedade
democrática,
PP6.
Salientando a importância do pleno respeito à liberdade
de buscar, receber e difundir
informações, inclusive a importância fundamental
do acesso à informação e da participação democrática,
PP7.
Acolhendo o relatório do Relator Especial sobre a Promoção e a
Proteção do Direito à Liberdade
de Opinião e Expressão apresentado ao Conselho de Direitos
Humanos em sua vigésima terceira sessão, o qual trata das implicações da vigilância das comunicações
e da interceptação de dados levada
a cabo por Estados sobre o exercício do direito
humano à privacidade,
PP8.
Enfatizando que a vigilância ilegal das comunicações,
sua interceptação, bem como a coleta
ilegal de dados
pessoais constituem atos altamente intrusivos que violam o direito à privacidade
e à liberdade de
expressão e que podem ameaçar os fundamentos de
uma sociedade democrática,
PP9.
Observando que, embora preocupações com a segurança pública possam justificar a
coleta e a proteção de certas
informações confidenciais, os Estados devem
assegurar o pleno cumprimento de suas
obrigações no âmbito do direito internacional dos direitos
humanos,
PP10.
Profundamente preocupada com
violações e abusos dos direitos humanos que podem resultar de qualquer vigilância, inclusive
extraterritorial, das comunicações, sua interceptação, bem como da
coleta de dados
pessoais, em particular da vigilância,
interceptação e coleta de dados
em massa,
PP11.
Recordando que os Estados devem
assegurar que medidas para combater
o terrorismo estejam de acordo com
o direito internacional, em particular
o direito internacional dos direitos
humanos, o direito dos refugiados e o direito
internacional humanitário,
1.
Reafirma os direitos previstos no
Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, em particular o direito
à privacidade e a não ser submetido a ingerências arbitrárias ou ilegais em
sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, bem como o direito
à proteção da lei contra essas
ingerências ou ofensas, de acordo com
o artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos
Humanos e artigo 17 do Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos;
2.
Reconhece que o rápido avanço das tecnologias da informação e da comunicação,
inclusive a natureza global e aberta da
Internet, constitui força motriz da
aceleração do progresso para o desenvolvimento em suas várias formas;
3.
Afirma que os mesmos direitos que as
pessoas possuem fora da rede ("offline") devem ser protegidos em rede ("online"), em particular o direito à privacidade;
4.
Conclama os Estados a:
(a)
respeitarem e protegerem os direitos
referidos no parágrafo 1 acima,
inclusive no contexto das comunicações digitais;
(b)
adotarem medidas
com vistas à cessação das violações de tais direitos
e a criarem condições para a prevenção
de tais violações, inclusive assegurando que a legislação nacional relevante
esteja em conformidade com
suas obrigações no âmbito do direito internacional dos direitos
humanos;
(c)
revisarem seus procedimentos, práticas
e legislação no que tange à vigilância das
comunicações, sua interceptação e
coleta de dados
pessoais, inclusive a vigilância, interceptação e coleta em massa, com vistas a assegurar o direito à privacidade
e garantir a plena e eficaz implementação de
todas suas obrigações no âmbito do direito
internacional dos direitos humanos;
(d) estabelecerem mecanismos nacionais independentes
de supervisão, capazes de assegurar a transparência do Estado
e sua responsabilização em atividades relacionadas à vigilância das comunicações,
sua interceptação e coleta de dados
pessoais;
5.
Solicita à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos que apresente à Assembleia
Geral, em sua sexagésima nona sessão, relatório preliminar sobre a proteção do direito
à privacidade no contexto da vigilância nacional e extraterritorial das comunicações,
sua interceptação e coleta de dados
pessoais, inclusive sobre a vigilância das
comunicações, sua interceptação e
coleta de dados
pessoais em massa, bem como relatório
final, em sua septuagésima sessão, com
opiniões e recomendações, a serem consideradas
pelos Estados-membros, com o objetivo de identificar
e esclarecer princípios, padrões de conduta
e melhores práticas sobre como lidar com
preocupações relativas à segurança de
modo compatível com as obrigações dos Estados
no âmbito do direito internacional dos direitos
humanos e em pleno respeito pelos direitos
humanos, em particular com relação à
vigilância das comunicações digitais e o uso de outras tecnologias de inteligência que podem violar o direito humano à privacidade,
à liberdade de
expressão e opinião.
6.
Decide
examinar a questão de forma
prioritária por ocasião da sexagésima nona
sessão, sob o sub-item "Questões de
direitos humanos, inclusive enfoques
alternativos para aperfeiçoar o efetivo exercício dos direitos
humanos e das liberdades
fundamentais" do item intitulado "Promoção e proteção dos direitos
humanos".
Versão original, em inglês
The
General Assembly,
PP1. Reaffirming the purposes and principles of the Charter of the United Nations,
PP2. Reaffirming also the human rights and fundamental
freedoms enshrined in the Universal Declaration of Human Rights and relevant international human rights
treaties, including the International
Covenant on Civil and Political Rights
and the International Covenant on
Economic, Social and Cultural
rights,
PP3. Reaffirming further the Vienna Declaration and Programme of Action,
PP4. Noting that the rapid pace of technological development enables individuals
in all regions to use new information and
communication technologies and at the same time enhances the capacity of Governments, companies and individuals for surveillance, interception and data
collection, which may violate human rights, in particular the right to privacy,
as enshrined in article 12 of the
Universal Declaration of Human Rights
and article 17 of the International
Covenant on Civil and Political Rights
and is therefore an issue of
increasing concern;
PP5. Reaffirming the human right of individuals
to privacy and not to be subjected to arbitrary or unlawful interference with
their privacy, family, home or correspondence,
and the right to enjoy protection of
the law against such interferences and
attacks, and recognizing that the
exercise of the right to privacy is an essential requirement for the
realization of the right to freedom of
expression and to hold opinions without interference, and one of the foundations of a democratic society,
PP6. Stressing the importance of the full respect for
the freedom to seek, receive and impart information, including the fundamental importance of access to information
and democratic
participation,
PP7. Welcoming
the report of the Special Rapporteur on the promotion and protection of the right to freedom of opinion and expression submitted to the Human Rights Council at its twenty
third session, on the implications of
the States' surveillance of communications
and the interception of personal data on the exercise of the human right to
privacy,
PP8. Emphasizing that illegal surveillance of communications, their interception, as well
as the illegal collection of personal data
constitute a highly intrusive act that violates the right to privacy and freedom
of expression and may threaten the
foundations of a democratic society,
PP9. Noting that while concerns about public security
may justify the gathering and
protection of certain sensitive information, States must ensure full compliance with their obligations under international human rights law,
PP10. Deeply
concerned at human rights violations
and abuses that may result from the
conduct of any surveillance of communications, including extraterritorial surveillance of communications, their interception, as well
as the collection of personal data,
in particular massive surveillance, interception and data
collection,
PP11. Recalling that States must ensure that measures
taken to counter terrorism comply with
international law, in particular international human rights, refugee and humanitarian law,
1. Reaffirms the rights contained in the International Covenant on Civil and Political Rights, in particular the right
to privacy and not to be subjected to arbitrary or unlawful interference with
privacy, family, home or correspondence,
and the right to enjoy protection of
the law against such interference or attacks, in accordance with article 12 of the Universal Declaration of Human Rights and article 17 of the International Covenant
on Civil and Political Rights;
2. Recognizes the rapid advancement
in information and communication technologies, including the global and open nature of the Internet, as a driving force in accelerating progress towards development
in its various forms;
3. Affirms that the same rights that people have
offline must also be protected online,
in particular the right to privacy;
4. Calls upon all States:
(a) To respect and
protect the rights referred to in
paragraph 1 above, including in the
context of digital communication;
(b) To take measures to put an end to violations of these rights and to create the conditions to prevent such violations, including by ensuring that relevant national
legislation complies with their
obligations under international human
rights law;
(c) To review their procedures, practices and legislation regarding the surveillance of communications, their interception and collection of personal data, including massive surveillance, interception and collection, with a view to upholding the right to privacy and ensuring the full and effective implementation of all their
obligations under international human
rights law;
(d) To establish
independent national oversight mechanisms capable
of ensuring transparency and
accountability of State surveillance of communications,
their interception and collection of
personal data;
5. Requests the United Nations High Commissioner for Human Rights to present an
interim report on the protection of the right to privacy in the context of domestic and extraterritorial, including massive, surveillance of communications, their interception and collection of personal data, to the General Assembly at its
sixty-ninth session, and a final
report at its seventieth session, with views and recommendations, to be considered
by Member States, with the purpose of identifying
and clarifying principles, standards
and best practices on how to address security concerns in a manner
consistent with States' obligations under
international human rights law and in
full respect of human rights, in particular with respect to surveillance of digital communications
and the use of other intelligence
technologies that may violate the human right to privacy, freedom of expression and of opinion;
6. Decides to examine the question on a priority
basis at its sixty-ninth session, under
the sub-item entitled "Human
rights questions, including
alternative approaches for improving the effective enjoyment of human rights and fundamental
freedoms" of the item entitled "Promotion and protection of human rights".
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