sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Moçambique/Privilegiando a participação do sector privado: PR defende novas formas de cooperação com Brasil

“Estabelecer novas formas de cooperação que privilegiem a participação do sector privado na realização das oportunidades de investimento existentes em Moçambique e no Brasil constitui um importante objectivo da nossa visita a este país”, disse ontem o Presidente Armando Guebuza, quando se dirigia ao governador do Estado de São Paulo, José Serra, no decurso de um concorrido jantar oferecido pelas autoridades estaduais à delegação governamental e empresarial moçambicana, momentos depois de terem visitado o chamado Museu Afro-Brasil. O Chefe do Estado ajuntou que a presença de uma delegação empresarial tem em vista dar expressão a este desejo de cooperação.


Maputo, 6 Setembro 2007 - “Já na noite de ontem, prolongando-se hoje de forma mais intensa, iniciaram-se os contactos entre os empresários dos dois países, trocando cartões de visita e pontos de vista”, acrescentou o Presidente.

Esta vontade e expectativa de Guebuza de colher resultados poderá ser respondida quando terminar, dentro de dias, um seminário sobre negócios, organizado pela Federação das Indústrias de São Paulo, um dos pontos fortes da presença moçambicana na cidade paulista. “Manifestamos a vontade de que o resultado desta interacção seja de grande valor para os propósitos desta visita, ao contribuir para o reforço do papel do sector privado de dinamizador das relações entre os nossos dois povos”, disse.

Num outro momento da sua intervenção, o Presidente reconheceu e saudou, de forma reiterada, o envolvimento dos operadores privados brasileiros que, na sua apreciação, têm estado a mostrar interesse em estabelecer-se em Moçambique, participando na geração de emprego e riqueza, condição essencial para a erradicação da pobreza. Nesta perspectiva, o estadista fez uma menção especial à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), como empresa pioneira de um percurso cujo destino era ainda pouco conhecido entre nós, em Moçambique. Esta companhia está a trabalhar para a exploração do carvão mineral das minas de Moatize, em Tete.

Para o Presidente da República, a CVRD soube superar os desafios, trilhando o caminho que é hoje seguido por outras empresas brasileiras, a exemplo da Camargo Correa, a Odebrecht e a Seden, todas estas a prepararem-se para entrar no mercado nacional.

Por seu turno, o governador do Estado de São Paulo, José Serra, provável candidato à substituição de Lula da Silva na presidência do Brasil, situou a sua intervenção nos fortes laços de irmandade histórica que unem os dois povos desde os primórdios da existência humana, destacando que “é por isso que em muitos brasileiros ainda hoje circula sangue moçambicano”.

“Para além da língua comum, as nossas artes, as nossas danças e a nossa culinária têm muito em comum”, sublinhou Serra, ajuntando que há muito que por isso os nossos povos aspiravam em comum os valores da liberdade.

José Serra disse ao Presidente Guebuza que, enquanto líder estudantil, foi um lutador acérrimo para a causa da libertação de Angola e Moçambique, ao mesmo tempo afirmando-se como destacado combatente na luta contra o regime de Salazar, em Portugal.

Numa outra passagem do seu discurso, enalteceu os feitos do crescimento económico em Moçambique, bem como o estandarte da governação do Presidente moçambicano, nomeadamente no que diz respeito à luta contra a pobreza absoluta.


“Moçambique tem uma economia que oferece muitas oportunidades de investimento e, por isso, deve ser apoiada”, acrescentou José Serra.


Ainda ontem o Presidente Guebuza, no normal cumprimento da sua agenda de trabalho, recebeu em sucessivas audiências em São Paulo o poderoso grupo brasileiro para a área de construção e habitação, neste momento com fortes interesses em Moçambique, os membros da Direcção da Câmara de Comércio Moçambique-Brasil e ainda manteve contactos com a prestigiada Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. (Noticias / Alfredo Macaringue em São Paulo)

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