terça-feira, 7 de agosto de 2007

Timor-Leste/«Incêndio da Alfândega visou destruição de provas», diz ministra


Dili, 7 Agosto 2007 - O duplo incêndio que destruiu a Alfândega de Díli visou destruir "todas as provas e processos respeitantes a questões sensíveis que podem afectar algumas pessoas", acusou hoje a ministra do Plano e Finanças.

O duplo incêndio que destruiu a Alfândega de Díli visou destruir "todas as provas e processos respeitantes a questões sensíveis que podem afectar algumas pessoas", acusou hoje a ministra do Plano e Finanças.

"Não tenho suspeitas, mas quem fez isto só pode ter um único interesse: destruir os processos que estavam aqui a decorrer", acusou a ministra Madalena Boavida.

"Falo particularmente da questão das armas. As alfândegas foram criticadas durante o período mais quente da crise de 2006 de que teria havido importação ilegal [de armas], mas afinal a Comissão Internacional de Inquérito depois de aturada investigação e entrevistas ilibou os serviços e provou que não tinha havido nada disso".

Dos dois incêndios, "em termos de documentação, em papéis sobre importações e exportações, não se salvou nada", constatou hoje de manhã (hora local) a ministra Madalena Boavida, pouco depois de o segundo incêndio destruir a base de dados da Alfândega de Timor-Leste.

O edifício da Direcção Nacional, na sede dos serviços aduaneiros, na Avenida dos Mártires da Pátria, em pleno centro de Díli, foi destruído por um incêndio depois das 18:00 de segunda-feira (10:00 em Lisboa).

Tratou-se do incidente mais grave dos distúrbios que acompanharam a indigitação de Xanana Gusmão para primeiro-ministro, anunciada segunda-feira, pelo Presidente da República, José Ramos-Horta .

Hoje de manhã, cerca das 06:30 (22:30 de segunda-feira em Lisboa), um segundo incêndio destruiu o edifício onde estava o sistema informático da Alfândega, virado directamente à Avenida Mártires da Pátria e contíguo ao Hotel Timor.

Madalena Boavida queixou-se de falta de protecção da Polícia das Nações Unidas, apesar de essa garantia ter sido dada "pelo general Eric Tan", responsável por questões de segurança da missão internacional em Timor-Leste (UNMIT).

"Foi por acaso que, às 02:00, uma pessoa da Nova Zelândia passou aqui e viu fumo e deu de novo o alarme", relatou a ministra do Plano e Finanças.

"Os bombeiros e os funcionários mais dedicados da instituição tentaram combater o incêndio esta manhã e salvar alguma coisa", disse Madalena Boavida, junto dos edifícios calcinados.

Partes da cobertura e da estrutura do edifício ardido esta manhã ruíam enquanto Madalena Boavida fazia o balanço da destruição da Alfândega.

"Vamos ver se há possibilidade de salvar alguma coisa dos servidores" queimados que foram retirados do local, explicou a ministra.

Madalena Boavida sublinhou que não haverá descontinuidade dos serviços aduaneiros e garantiu que "as alfândegas não vão deixar de trabalhar".

"As pessoas começaram por escrever. Depois passámos para as máquinas, agora voltamos ao início", resumiu.

"As alfândegas não são uma simples direcção-geral, são uma instituição com vida própria e têm uma importância estratégica para o país e por isso a segurança devia ter sido garantida", declarou a ministra.

"No dia em que terminarem os recursos do petróleo, as alfândegas estarão cá a continuar a processar as entradas de mercadorias do nosso país".

O Hotel Timor evacuou a ala ocidental do complexo para prevenir o risco de o incêndio na Alfândega atingir os depósitos de combustível, situados junto ao muro que separa os dois recintos, afirmou a direcção da maior unidade hoteleira do país. (Noticias Lusófonas)

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