sexta-feira, 31 de agosto de 2007

SADC recusa base americana na região

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) recusou o pedido de instalação de um Centro de Comando Americano (Africom) dentro do seu espaço territorial, uma decisão tomada na cimeira da organização regional, realizada recentemente em Lusaka, a capital da Zâmbia. Esta decisão já é do conhecimento do Governo norte-americano, segundo o Ministro sul-africano da Defesa, Mosiuoa Lekota.

Maputo, 31 Agosto 2007 (Notícias) - Entretanto, alguns observadores políticos internacionais alertaram que esta posição da região pode pôr em causa o sucesso das missões de paz da União Africana (UA) no continente.

“A ideia de os Estados Unidos da América direccionarem as suas atenções para a África não é algo novo. Eles estão cientes da situação que se vive no continente. Todavia, a SADC decidiu adoptar esta posição assumindo que eles agiram sem conhecimento de causa”, explicou Lekota.

O Presidente norte-americano, George W. Bush, ordenou, ano passado, que fosse criada uma base militar em África, que se responsabilizasse pelas operações no continente. Entretanto, esta ideia aparece agora mais amadurecida e com uma abordagem diferente de que o Comando em África serviria, também, de abrigo para um contingente de civis responsáveis pelas missões humanitárias e pelos programas de ajuda ao continente.

No entanto, foi discutido até á exaustão o facto de que a criação de um Comando distinto em África aumentaria a atenção dedicada pelo Ocidente às crises como o conflito de Darfour, no Sudão.


O plano era de ter a base instalada em África até Outubro. Mas, presentemente, as operações norte-americanas estão a ser comandadas a partir de Estugarda, na Alemanha.


Lekota garante que os países africanos foram todos unânimes em dizer que tinha que se evitar a presença de forças estrangeiras no continente. “Há um sentimento comum de que um fluxo de forças militares para um país africano ou outro qualquer poderá afectar as relações entre países irmãos e levar a uma situação de tensão”, disse.


Entretanto, este cenário não encorajaria o clima de segurança e paz pretendido pelos líderes africanos. “Não temos qualquer tipo de problema com a base de comando dos Estados Unidos, mas não queremos ver forças novas no continente”, disse Lekota, explicando que esta não é apenas uma posição da SADC, mas do continente. Porém, reconheceu que, embora possam existir certos países que não concordem com a posição tomada, estes vão, de certeza absoluta, adoptar a posição da União Africana.


Porém, o analista do Instituto para Estudos de Segurança, Henri Boshoff, disse que os americanos estariam já a estudar zonas alternativas, adiantando que “se a SADC não nos quer, nós vamos a um outro sítio qualquer”.

Boshoff revelou mesmo que a Nigéria, Quénia e “muitos outros países” manifestaram interesse em receber os americanos. Segundo este analista, o que se pretende instalar “não é uma força militar, é um Centro de Comando que traz consigo entre 800 e 1000 pessoas, o que significa um certo investimento financeiro para uma determinada área”. (Noticias)

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