Brasília, 28 agosto 2007 - O cientista político brasileiro Walder de Góes lança nesta quarta-feira, na embaixada de Portugal em Brasília, o livro "Revolução em Portugal", da editora Universidade de Brasília (UnB).
"O livro é, sobretudo, um relato de como a sociedade portuguesa experimentou cotidianamente o processo revolucionário", afirmou Góes à Agência Lusa.
O autor reuniu no livro de 355 páginas os artigos e ensaios que escreveu na época em que viveu em Portugal como correspondente do Jornal do Brasil (1974-1975).
Segundo Walder de Góes, pouco foi ainda escrito sobre a "Revolução dos Cravos", que é desconhecida no Brasil. "Espanta-me o desconhecimento absoluto no Brasil da Revolução em Portugal, que foi a maior da Europa do ponto de vista da duração - 19 meses", assinalou Góes, que também tem interesse em lançar a obra em Portugal.
Na avaliação do cientista político, a revolução portuguesa de 1974 não foi universalista, como a francesa e a russa, mas teve semelhanças com esta última.
Tanto na Rússia, em 1917, como em Portugal, em 1974, houve uma absoluta destruição do sistema político preexistente e foi mesmo preciso construir uma nova ordem, explicou Góes.
"Em Portugal, a queda do salazarismo, em 25 de abril de 1974, foi um golpe de Estado tão clássico quanto o russo. Assim como na Rússia, nada do sistema político preexistente sobreviveu. Portugal passou a experimentar um processo irreversível de modernização".
Góes considera como fatores determinantes da "Revolução dos Cravos" o autoritarismo obsoleto do regime salazarista e a guerra colonial, também obsoleta e, afinal, perdida.
O cientista político lembra ainda no livro que foi em Portugal, naquele momento, que os Estados Unidos inauguraram uma nova estratégia mundial.
Os norte-americanos, que financiavam grupos de extrema-direita no âmbito da Guerra Fria, mudaram de estratégia e passaram a apoiar o Partido Socialista para conter o avanço dos comunistas.
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