sexta-feira, 3 de abril de 2015

BRICS, Rússia/OTAN IMITA A OPERAÇÃO "BARBAROSSA"

2 abril 2015, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Francisco Rosa

As forças da OTAN realizaram perto das fronteiras da Rússia a operação militar “Determinação Atlântica”. Esta operação é muito semelhante ao plano “Barbarossa” executado por Hitler, em 1941. Os preparativos para a guerra  foram realizados ao longo da década de 30 com a participação do capital financeiro dos EUA e das elites britânicas.

Agora, ameaçam a Rússia com nova operação, que começou com o envio de forças militares norte-americanas a­dicionais  para a região do Mar Báltico. Sob o pretexto de proteger a Europa do Leste contra a “agressão russa”, mais de uma centena de tanques “A­brams” e veículos de transporte blindados “Bradley” passaram através da Letónia e de outros países europeus. No mês passado, uma unidade militar motorizada semelhante foi desdobrada na cidade de Narva, na Estónia, com bandeiras americanas, içadas por este regimento apenas a 300 metros da fronteira russa. Narva é uma cidade que fica a cerca de 100 quilómetros de São Petersburgo.
 
Durante o cerco de São Petersburgo pelas tropas nazis morreram mais de um milhão de habitantes. Sobre o recente desdobramento das forças na Letónia, o general norte-americano John O'Konnor disse que as tropas dos EUA vão deter a “agressão russa”. Washington aumentou significativamente a sua presença militar na região estrategicamente sensível, violando as obrigações assumidas perante Moscovo. No ano passado, o número dos voos da OTAN na região do Báltico e as visitas dos navios de guerra no Mar Negro, quadruplicaram.
 
Washington e os Governos da Lituânia, Letónia e Estónia, dirigidos pelos americanos, arrogaram-se o direito de desenvolver actividades proibidas pelos acordos obrigatórios como o Acto Básico Rússia-OTAN, assinado em 1990.
 
A operação “Determinação Atlântica” baseia-se nas alegações infundadas dos EUA
(principalmente propagandísticas) de que a Rússia é a fonte de agressão, tanto na Ucrânia como noutros países da Europa. Mas o facto é que a Rússia não tem forças nem na Ucrânia nem em qualquer outro país europeu. Esta falsificação escandalosa da realidade faz parte da propaganda dos Estados Unidos.
 
O exercício militar realizado sob a direcção do Comando dos EUA inclui lançamentos de mísseis “Patriot” e mísseis Cruzeiro. Manobras semelhantes estão previstas para os próximos meses na Polónia, República Checa, Hungria, Roménia, Bulgária, na Ucrânia e Geórgia, no flanco sul da Rússia.

Sobre o exercício a realizar na Europa, o coronel das Forças Armadas dos EUA Michael Foster disse: “Até ao final do Verão podemos ter operações do Báltico até ao Mar Negro".  Existem muitas dúvidas de que este oficial norte-americano conheça o significativo histórico destas perspectivas militares. Parte do problema reside no facto de que os norte-americanos, assim como muitos representantes dos países ocidentais, se orientarem pouco no processo histórico. A operação “Determinação Atlântica” tem paralelos marcantes com a operação militar “Barbarossa”, que ditou a  invasão do território da União Soviética pela Alemanha nazi no Verão de 1941.
 
Tal como na operação “Barbarossa”,  a operação “Determinação Atlântica” foi igualmente realizada do Báltico até ao Mar Negro, com pontos de infiltração na Estónia, Polónia e Ucrânia.

Durante a operação “Barbarossa”, alguns regimentos ucranianos exerceram a função auxiliar das unidades do “Waffen SS”, no massacre de milhões de compatriotas ucranianos, russos, polacos, ciganos e judeus. Hitler e a Alemanha nazi quiseram destruir a URSS.
 
Esta obsessão foi intimamente partilhada por elites o­cidentais na véspera da II Guerra Mundial. É necessário dizer que o fascismo na Europa (Portugal, Espanha, Itália e Alemanha) foi apoiado pelas elites ocidentais como um baluarte contra a propagação de movimentos socialistas inspirados pela Revolução de Outubro na Rússia. A Alemanha de Hitler foi como um contrapeso ao regime soviético.

As grande empresas americanas e os bancos de Wall Street investiram grandes meios na construção da máquina de guerra nazi durante a década de 30. Hitler também foi ocultamente adulado pela elite conservadora britânica, chefiada pelo primeiro-ministro Chemberlain e pelo ministro das Relações Exteriores, Lord Halifax.

A operação “Barbarossa”, realizada no Verão de 1941, tinha um objectivo estratégico: esmagar a URSS como rival geopolítico da Alemanha e das potências ocidentais, que secretamente apoiaram a maquina de guerra nazi.

Podemos adicionar um outro facto significativo: depois do término da II Guerra Mundial, as mesmas potências ocidentais começaram a usar os agentes fascistas na Guerra Fria contra a União Soviética.

A Rússia, chefiada pelo Presidente Vladimir Putin, é considerada um obstáculo para a dominação capitalista dos EUA no mundo.
 
A posição firme da Rússia, que se baseia no direito internacional, é um factor desagradável para Washington, que deseja usar a sua força militar em qualquer altura e lugar para reforçar a sua hegemonia global imaginária.

O apoio público ao Presidente russo prestado internacionalmente e dentro da Rússia apresenta mais uma fonte de profunda decepção para Washington. Neste contexto é necessário avaliar as hostilidades dos EUA em relação à Rússia e os sinais militares escondidos que emanam da operação “Determinação Atlântica”.

A operação “Barbarossa” e o exercício “Determinação A­tlântica” são partes da mesma política de agressão do Ocidente contra a Rússia, porque é considerada como uma força capaz de deter a hegemonia ocidental.
 


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