2 abril 2015, Jornal de Angola
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Kumuênho da Rosa e João
Dias
A parceria estratégica
entre Angola e o Brasil "vai bem e recomenda-se", disse ontem o
ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, à saída da audiência do
Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ao ministro brasileiro Mauro
Luiz Vieira, no Palácio Presidencial da Cidade Alta.
Georges Chikoti destacou os novos acordos de
cooperação assinados ontem, em Luanda, e valorizou o facto de Angola ter sido a
primeira escolha do chefe da diplomacia brasileira na sua primeira
deslocação fora do continente sul-americano.
“Essa visita permitiu-nos avaliar o quadro da nossa cooperação que é bastante bom, e os acordos assinados vão permitir maior promoção dos investidores públicos e privados, em áreas como agricultura, energia e serviços”, realçou Georges Chikoti.
O ministro Mauro Luiz Vieira foi portador de uma mensagem da Presidente brasileira para o seu homólogo angolano. “Foi uma mensagem muito próxima do Governo brasileiro, e
O ministro brasileiro realçou a “extrema gentileza” com que foi recebido e a “profundidade de conhecimento dos temas internacionais” por parte do Chefe de Estado angolano, com quem partilhou pontos de vista sobre os países vizinhos de Angola, que são, como disse, do interesse do Brasil.
Mauro Luiz Vieira falou da crise do preço do petróleo no mercado internacional e o seu impacto nas economias de Angola e do Brasil. “É verdade que os preços internacionais afectam os países produtores, o Brasil é produtor, mas é também comprador, e isso naturalmente tem implicações em todos os projectos”, referiu.
Para Mauro Vieira nenhum país produtor de petróleo está imune ao impacto negativo da queda do preço do crude e à actual situação económica mundial. “Todos os países estão a rever as suas contas, os seus orçamentos, fazendo ajustes macroeconómicos para enfrentarem o cenário económico e produzirem resultados que tragam de volta as grandes taxas de crescimento a médio prazo”, frisou o ministro brasileiro.
Acordos assinados
Antes da audiência na Cidade Alta, Georges Chikoti e Mauro Vieira assinaram dois acordos de cooperação para a facilitação e promoção do investimento nos sectores da Indústria, Agricultura, Energia e Serviços. O primeiro acordo tem como objectivo promover o investimento e a diversificação da cooperação numa perspectiva mutuamente vantajosa, criando um ambiente atractivo às oportunidades de cooperação Sul-Sul.
O segundo documento assinado é um memorando de entendimento para a Promoção de Investimentos nos Sectores da Indústria, Agricultura, Energia e Serviços. O documento estabelece as bases de concretização de acções e projectos que favoreçam o crescimento do comércio, prestação de serviços e parcerias nas áreas da indústria, agricultura e energia.
“Os acordos enquadram-se na parceria estratégica com o Brasil, firmada em Junho de 2010”, disse o ministro Georges Chikoti. O chefe da diplomacia angolana reconheceu que os acordos abrem espaço para os investimentos públicos e privados serem consolidados na agricultura, indústria, energia e serviços. “O protocolo de facilitação de vistos de curta duração entrou em vigor no dia cinco de Janeiro e está a permitir uma maior circulação dos homens de negócios e cumprimos mais uma etapa importante nas relações entre Angola e Brasil”, referiu Chikoti.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que os acordos assinados reflectem o elevado nível de cooperação e de investimentos. “A nossa agenda bilateral é prova de que as nossas relações são profundas e próximas, próprias de duas nações amigas e de dois povos irmãos”, disse o ministro Mauro Luiz Vieira.
Investimentos recíprocos
O ministro das Relações Exteriores do Brasil manifestou a intenção de aprofundar a cooperação na área de gestão governamental, desenvolvimento social, saúde e educação e disse acreditar que da cooperação ambos os países saem beneficiados e com ganhos significativos.
Mauro Vieira falou também da cooperação na área de Defesa e qualificou-a de “intensa e importante”, especialmente no âmbito do ensino militar que tem grande potencial de crescimento, numa altura que coincide com o estabelecimento da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul. “Os nossos países precisam de trabalhar em conjunto para continuarem a fomentar negócios e investimentos recíprocos”, defendeu Mauro Vieira, acrescentando que “as relações avançam em ritmo significativo”.
Segurança marítima
O ministro Georges Chikoti anunciou a organização, em Luanda, no segundo semestre deste ano, de uma conferência internacional sobre Segurança Marítima e Energética, que deve contar com a participação de vários parceiros, incluindo países membros da Zona de Paz e de Cooperação do Atlântico Sul.
O ministro das Relações Exteriores sublinhou que o país regista com expectativa a reaproximação diplomática entre os EUA e Cuba, visando a reabertura das respectivas embaixadas. “Angola apoia o fim imediato do embargo económico que os EUA impõem a Cuba desde 1962”, salientou Georges Chikoti, reconhecendo o apoio diplomático prestado pelo Brasil na expressiva vitória de Angola na eleição para membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU.
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