terça-feira, 21 de abril de 2015

NAÇÕES COM HISTÓRIA COMUM

21 abril 2015, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Angola e Namíbia, duas nações irmãs com uma história comum de luta pela emancipação, pela democratização e busca de bem-estar das suas populações, encontram-se ligadas por laços fortes de amizade e cooperação. A escolha do nosso país para efectuar a primeira visita de Estado por parte do Presidente da Namíbia, algumas semanas após a sua eleição, espelha bem a importância que as lideranças dão aos laços bilaterais.

Comprovam-no claramente a forma fraterna e calorosa como os angolanos acolheram a chegada do Chefe de Estado namibiano e em particular pela recepção honrosa do Presidente José Eduardo dos Santos. Embora se tenha tratado de uma visita de algumas horas, os dois Chefes de Estado tiveram a oportunidade de passar em revista a cooperação bilateral, rever os projectos em curso, questões de interesse regional e internacional.Atendendo ao passado de desafios comuns que uniu os dois povos, certeza há de que o futuro vai “irmanar” cada vez mais os povos e aproximar as lideranças políticas. 
  
A contribuição de Angola no processo que forçou a materialização da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU, mais de dez anos depois, fica na memória de todos os namibianos, angolanos e povos da região. A derrota do regime do apartheid abriu
caminho para que o mundo testemunhasse o fim de um dos últimos territórios do mundo ainda sob o jugo colonial. 

“Vim para Angola para prestar tributo e tive a honra de visitar o Mausoléu onde está o grande revolucionário António Agostinho Neto”, palavras do Presidente Hage Geingob, que revelam bem o alcance do contributo heróico de Angola para a independência da Namíbia. A celebração dos 25 anos de Independência Nacional na Namíbia contou com a presença do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, como convidado especial, que à frente de uma delegação alargada serviu para demonstrar a relevância que Angola dá à parceria que pretende com a Namíbia. As relações bilaterais fundamentam-se no que se pode chamar de “parceria estratégica”, atendendo ao seu aprofundamento, fruto da vontade dos Estados, dos líderes políticos e dos povos.
 
O futuro é prometedor porque, ao lado dos laços consanguíneos e das relações excelentes entre os Estados, está a abertura aos operadores económicos, numa altura em que se estuda a possibilidade de assinatura de um acordo de protecção recíproca de investimentos. Esta realidade vai potenciar as empresas, os nossos empresários e empreendedores que, protegidos em solo da nação irmã, podem avançar energicamente para empreender, investir, gerar riqueza e crescimento económico. Há áreas em que, por acção directa da guerra, tudo foi destruído e começa tudo do zero, realidade que para os verdadeiros empreendedores constitui uma oportunidade única. Vastas terras aráveis, elevadas quantidades de água, apenas para mencionar estas variáveis, são recursos que representam meio caminho andado para os investidores.
  
Passado o ciclo de resistência e luta em que os dois países andaram de braço dado e foram bem sucedidos, Angola e Namíbia renovam as esperanças com as visitas recíprocas ao mais alto nível. Quando o Presidente Hage Geingob defende que “doravante haverá sempre consultas entre os dois países, visando a abordagem de materiais de carácter bilateral e regional, de modo a contribuir para a resolução de conflitos internos em alguns países de África”, temos fundadas expectativas de que as coisas vão ser diferentes. Desde 2010, quando o Executivo instruiu a colocação no Cuangar, Dirico, Mucusso e Calai de pequenas embarcações modernas para a travessia da fronteira fluvial, melhoraram as condições e reduziram drasticamente os ataques de animais. Aumentou a circulação e continua a aumentar na medida em que os mecanismos que permitem maximizar a circulação entre os dois países conhecem uma dimensão nunca antes vista. Em Março último, os ministros das Relações Exteriores de ambos os países, Georges Chicoti e Netumbo Nandi-Ndaitwah, assinaram um memorando de entendimento que prevê a construção de três pontes de carácter definitivo entre as localidades do Cuangar, Calai e Dirico, do lado angolano, e Nkurenkuru, Rundo e Dihona, do lado namibiano.
 
Como  dois países membros da SADC, que partilham uma longa fronteira e têm rubricados 28 acordos de cooperação, não há dúvidas de que o futuro dos mesmos se assemelha e se baseia em interesses comuns muito fortes.Os povos de Angola e da Namíbia devem sentir-se orgulhosos porque as lideranças têm sabido fazer do passado histórico comum sementes do presente e do futuro.


Nenhum comentário: