terça-feira, 14 de abril de 2015

Moçambique/Nyusi peremptório: Não quero ser Presidente de um país dividido

13 abril 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse sábado último no povoado de Nwadjahane, distrito de Mandlakazi, em Gaza, que não pretende dirigir um país dividido e que, por isso, irá inspirar-se nos ideais de Eduardo Mondlane com vista a consolidar a unidade nacional.

Nyusi escalou sábado a terra-natal de Eduardo Mondlane para agradecer a população pelo voto que lhe conferiu nas eleições gerais de Outubro, o que fez com que se tornasse Presidente da República, e que a Frelimo ganhasse a maioria na Assembleia da República – órgão legislativo.

“Mondlane ensinou-nos a união. Eduardo Mondlane nunca lutou contra outro irmão. Não lutou, por exemplo, contra o povo português. Lutou sim contra o Governo colonial português. É esse valor de união que devemos cultivar”, defendeu.

Filipe Nyusi disse que durante a pré-campanha eleitoral escalou Nwadjahane para pedir apoios junto da população, em geral, e da família Mondlane, em particular, tendo dito que inspirado em Mondlane iria ser Presidente de todos os moçambicanos e não somente dos que o votassem. Até porque em Nwadjahane, conforme humorizou, todos, à excepção do representante de um determinado partido político, votaram nele e
no seu projecto de governação, o que lhe confere autoridade para ser legítimo representante dos moçambicanos.

“Vou olhar a todos da mesma maneira. Vou trabalhar com todos porque todos têm boas ideias para podermos desenvolver o nosso país. Os moçambicanos não devem invejar-se uns aos outros”, disse o Presidente da República, apelando à união e consequente conjugação de sinergias para enfrentar os desafios da actualidade.

O Chefe do Estado afirmou que o país possui muitos desafios pela frente, nomeadamente o prosseguimento das obras de construção de estradas e pontes, o aumento das redes sanitária e educacional, de energia eléctrica, do abastecimento de água, o que só pode ser alcançado em união.

No comício, Nyusi condenou aqueles que privilegiam a violência no lugar do diálogo, afirmando que nenhum moçambicano pretende viver em situação de nomadismo devido a distúrbios no seu próprio país.

Na mesma ocasião apresentou Nyeleti Mondlane à população, afirmando que Nwadjahane pode se sentir orgulhoso porque possui um representante no seu Governo. Nyeleti Mondlane é vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.

“Se nós não podermos cá estar todos os dias então aproveitem a Nyeleti para apresentarem as vossas preocupações, porque ela está no Governo e ela é a filha de Eduardo Mondlane, o arquitecto da unidade nacional”, disse o Chefe do Estado, que na mesma ocasião apresentou os restantes membros da delegação que o acompanha nesta visita a Gaza. (Salomão Muiambo)

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Moçambique/Editorial do Jornal Domingo sobre a unidade nacional
10 de Abril de 2015, Jornal Domingohttp://www.jornaldomingo.co.mz (Moçambique) 

Na terça-feira, quando se celebrava o Dia da Mulher Moçambicana, o país centrou as suas atenções para a cerimónia de lançamento da chama da unidade, que a partir de Namatili, no distrito de Mueda, em Cabo Delgado, irá percorrer todos os distritos e localidades nacionais até desaguar em Maputo a 25 de Junho, o dia do 40.º aniversário da independência nacional.

A chama da unidade e o seu percurso pelo país todo estão carregados de um simbolismo absolutamente oportuno nos dias que correm em Moçambique. A necessidade de reafirmar e vincar a unidade no seio dos moçambicanos é, em nossa opinião, uma constante, por entendermos que o projecto de nação que abraçámos nos longínquos anos da luta armada de libertação nacional está longe de ser acabado.

Ao mesmo tempo que contabilizamos os aniversários da nossa independência também efectuamos o levantamento dos nossos méritos e deméritos, sempre na perspectiva de tonarmos Moçambique a pátria com que os moçambicanos sonham. Ora, para se atingir o estágio de nação consolidada, em que cada moçambicano se afirme, por exemplo, em paz, próspero e solidário com o próximo, há um trabalho árduo a ser seguido colectiva e individualmente. Há uma batalha ainda a ser prosseguida por cada cidadão nacional e por cada organização política, social ou de qualquer outra índole nas várias esferas de actuação para atingirmos o desejável.

O simbolismo da chama da unidade aglutina também o sentido de pertença que os moçambicanos nutrem pelo seu país, que se constituiu como tal há uns precisos 40 anos, quando se libertou do jugo colonial. Quer dizer, aquela tocha que desde 7 de Abril vem passando de mão-em-mão nos lugares para onde ela é levada simboliza um dos mais nobres sentimentos dos moçambicanos: a sua unidade. Esta é muitas vezes manifestada de forma espontânea, como quando nos unimos em volta dos nossos representantes em eventos culturais, desportivos ou outros que nos trazem a glória, ou em momentos menos bons e às vezes trágicos, ao exemplo das calamidades naturais que amiúde grassam o território nacional. Os nossos políticos, nos tempos que correm, por serem pertença da nação, são mais do que nunca chamados a se engajarem mais para a construção de um Moçambique unido, pacífico e próspero.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, discursando no lançamento da chama da unidade em Namatili, fez um apelo para que os moçambicanos se engajem na construção dessa unidade. Neste sentido, reiterou que não há lugar para os moçambicanos viverem divididos ou em conflito, tendo sublinhado que a unidade é que nos ensina a necessidade de os moçambicanos estarem unidos e em paz.

Esse apelo veio do facto de estarmos a viver períodos conturbados devido às constantes ameaças à paz protagonizados por um grupo político, a Renamo, a quem os cidadãos também apelam à prudência e ao engajamento, tal como o Governo que há poucos meses entrou em acção e outros sectores da sociedade para que Moçambique seja um local melhor para os moçambicanos.      


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