2 agosto 2013, Vermelho
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A questão do
militarismo e da luta pela paz, nesta sexta-feira (2), no âmbito do 19º
Encontro do Foro de São Paulo, reuniu a presidenta do Centro Brasileiro de
Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e do Conselho Mundial da Paz
(CMP), Socorro Gomes; o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben;
Zaida Chmaruk, do Partido Comunista da Argentina; e David Florez, da Marcha
Patriótica, da Colômbia.
Por Moara Crivelente, para o Vermelho
Um dos temas mencionados foi a disputa entre a Argentina e o Reino Unido, que
mantém, desde o século 19, um regime colonialista sobre as ilhas Malvinas,
argentinas. A questão tem recebido maior atenção desde um referendo realizado
pelo governo britânico no território argentino, em 2012, e também pela
declaração do chanceler argentino Héctor Timerman, em junho, no Comitê da ONU
para a Descolonização, em que manifestava a intenção da Argentina de retomar as
negociações.David Florez, da Colômbia, ressaltou a ligação direta entre a promoção da paz no continente e a paz colombiana, uma vez que a primeira também determina a situação interna no país, que vem acompanhando o diálogo entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc – EP), desde novembro de 2012, em Cuba.
Para sustentar e conduzir este processo,
Já o embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, lançou também um apelo ao fortalecimento da campanha, no Brasil, pela libertação dos presos palestinos, detidos pelas autoridades israelenses.
No contexto da retomada das negociações entre Israel e a Autoridade Palestina, anunciada na semana passada, a libertação dos prisioneiros é um dos principais assuntos na agenda do processo de paz.
Entretanto, como é característico de processos de paz ainda em fase de negociações, o embaixador afirmou não poder dar mais declarações sobre os termos centrais da agenda, e completou, em tom descontraído: “o único palestino que pode falar sobre isso é o [secretário de Estado norte-americano] John Kerry”, mediador do processo.
Ainda que o esforço pela retomada das negociações seja necessário, dada a urgência por uma solução para o conflito, o embaixador lembra que será a 11ª tentativa de conversação construtiva com Israel em 20 anos, desde a assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993. Neste sentido, a frustração e a desconfiança têm marcado a postura de alguns observadores.
Luta pela paz e integração regional soberana
Em declarações ao Vermelho sobre o militarismo e a integração regional na América Latina, Socorro afirma que mesmo em crise, os gastos militares dos Estados Unidos são crescentes, ainda que em 2012 tenham caído em 6%, e no mundo, em 0,5%.
“Isso quer dizer que os EUA continuam, de longe, a maior potência militar, incontestável. Por exemplo, o seu gasto com a militarização é cinco vezes o da China, em torno de 39% do gasto mundial, que pode chegar a quase 70%, quando somado no bloco da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), o braço armado dos EUA”.
Socorro ressalta também o “recurso do imperialismo às chamadas guerras de quarta geração, caracterizadas pelo uso das agências de inteligência, muito bem denunciadas através do WikiLeaks e, recentemente, pelo Edward Snowden”.
“A falsamente chamada ‘comunidade internacional’, a comunidade dos imperialistas”, diz Socorro, articula suas influências em mecanismos como o Conselho de Segurança da ONU, promovendo a intervenção militar, como foi o caso da Líbia, “que culminou com o assassinato do chefe da nação”.
E o mesmo vem ocorrendo no caso da Síria, lembra, com a introdução de mercenários, da espionagem e da vigilância para promover a instabilidade interna dos países que não se submetem ao Ocidente. “Se um governo que os Estados Unidos têm interesse em dominar e saquear não se submete aos seus desígnios, a Otan inventa um pretexto qualquer, e conta com a grande mídia para criar a mentira, passando por cima do direito internacional”.
A presidenta do CMP, que promove a luta pela paz, pela soberania, a autodeterminação e contra o militarismo traz também a questão ao âmbito da integração latino-americana, em um continente que sofreu e ainda sofre as ameaças do imperialismo estadunidense.
“Todos os países, do Rio Grande até a Patagônia, tiveram a ingerência militar dos Estados Unidos, com a exceção, ainda que indireta, do Brasil, embora os EUA tenham apoiado o golpe de 1964 e mantido uma frota pronta para intervir no país”, ressalta.
Além disso, Socorro cita números variados, entre as cerca de 70 bases militares dos EUA em todo o continente, e “os mais moderados, que falam em 45 bases”, e a Quarta Frota, além dos artefatos ideológicos promovidos pela mídia comercial a favor do Ocidente, nessa busca de domínio.
“No nosso continente, hoje, temos alguns desafios fundamentais, dos quais os mais importantes são a busca pela integração com base na paz. Esta integração tem que ser diferente das outras; não é a lei do mais forte, mas sim a integração solidária, de iguais, que busque construir o futuro, e é isso o que tem acontecido”, afirma Socorro, que faz menção à relevância do legado cubano e chavista, “com o inesquecível comandante Hugo Chávez, um exemplo de dedicação, valores e de chamado à soberania dos povos”.
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