14 agosto 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br
(Brasil)
Renata Giraldi e Pedro
Peduzzi
Repórteres da Agência Brasil
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, considerou insuficientes as explicações
fornecidas pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, sobre o
esquema de espionagem de agências dos Estados Unidos a cidadãos brasileiros.
Para Bernardo, a interceptação de comunicação privada é um “problema mundial
que extrapola as discussões bilaterais”.
Em audiência pública na Câmara dos
Deputados sobre sistemas de guarda e fluxo de informações no Brasil, o ministro
defendeu que o tema deve ser levado a instâncias internacionais. “Não estamos
satisfeitos com os esclarecimentos prestados [por Kerry]. Por isso, levaremos o
caso aos órgãos internacionais, provavelmente à Organização das Nações Unidas
[ONU]", disse o ministro. "Essas espionagens não são apenas para
combater terrorismo. Envolvem questões de espionagem industrial, comercial e
diplomática."
Paulo Bernardo destacou a
importância do diálogo. “A resposta política não seria o ministro Patriota [das
Relações Exteriores] se engalfinhar com Kerry. Vamos abrir negociação porque
esse assunto está afetando todos os cidadãos do mundo. Vamos continuar
mostrando nossa discordância e que não vamos aceitar isso”, disse.
Na opinião do ministro, o Congresso
Nacional pode ajudar o governo a buscar uma solução, em âmbito internacional,
para conter as ações de espionagem. “A resposta tem de ser uma resposta
política [à questão da espionagem]. Foi uma polêmica quando [nas licitações de
equipamentos de informática e telecomunicações a serem comprados pelo governo]
pedimos que metade da tecnologia fosse desenvolvida aqui. Os Estados Unidos
denunciaram isso à Organização Mundial do Comércio [OMC] e à área de tecnologia
da Comissão Europeia. Isso só confirma que precisamos ter produção de
equipamentos aqui”, disse.
Os ministérios das Comunicações e
da Justiça comandam a equipe de especialistas, designada pelo governo, para
coletar dados nos Estados Unidos e no Brasil em busca de solução para encerrar
o impasse relativo ao monitoramento de dados por agências norte-americanas.
Nesse sentido, o governo anunciou a criação de um centro de certificação
para avaliar equipamentos importados que possibilitem espionagem na rede.
Ontem (13) Kerry avisou que os Estados Unidos não vão parar com o
monitoramento a cidadãos no país e no exterior, apesar da cobrança explícita do ministro das Relações Exteriores,
Antonio Patriota. O secretário de Estado argumentou que o esquema de espionagem
faz parte do sistema de segurança nacional norte-americano para garantir a
proteção dos cidadãos.
Kerry visitou o Brasil no momento
em que as autoridades brasileiras aguardam mais informações dos Estados Unidos
sobre o monitoramento de dados de cidadãos nos meios de comunicação, conforme
denúncias de Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que
prestava serviços para a Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana.
Para o Bernardo, o caso de
espionagem norte-americana reforça a necessidade de o Brasil criar um Marco
Civil da Internet mais avançado.
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