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julho 2013, Fretilin Media http://fretilinmedia.blogspot.com.br (Timor-Leste)
Dili, 11 de Julho de 2013
Senhor
Presidente!
Senhor Primeiro
Primeiro-Ministro! Ilustres Deputadas e Deputados! Senhores Membros do Governo!
EXCELÊNCIAS!
Senhoras e Senhores!
Cabe-me a subida
honra de fazer, em nome da FRETILIN, um balanço mais aprofundado sobre o Estado
Nação nesta Magna Assembleia de representantes don nosso Povo.
Na verdade são
duas coisas desenvolvidas em simultâneo, a saber, a Nação a ser consolidada e o
Estado a ser institucionalizado. Seria pois, o Estado da Nação e o Estado do
Estado.
Faço-o num
momento em que o Mundo passa por uma fase extremamente crítica de afirmação de
valores e de choques de culturas e de inculturas, talvez melhor, de alguma
arrogância da incultura contra a força das culturas. Assistimos paises a
implodirem ou a serem destruidos em nome de pretensas democracias mais ou menos
induzidas.
Timor-Leste,
país que há quinhentos anos foi “descoberto” por navegadores de outros
continentes tambem tem vindo a descaraterizar-se. Precisa assim de redescobrir
os caminhos das descobertas no reforço da sua identidade.
Durante décadas
encontramos as vias e as formas de mobilização e organização do povo em torno
da causa sublime de Independência Nacional. Precisamos hoje de assumirmos
coletivamente novas causas para o aprofundamento coletivo do sentido de
pertença.
Urge sentir de novo o que significa ter uma Patria conquistada com
tanto sacrificio.A via para o fazer é a da melhoria da vida de todos na nova
luta contra a pobreza como causa nacional.
Tendemos a dizer
que temos sido melhores que os demais povos. Olhando para tudo quue temos feito
de positivo. Contudo, muitas vezes esquecemo-nos de tudo quanto fizemos
deixando o nosso povo cada vez com menos confiança em nós, nas políticas que
desenvolvemos, no sistema que edficamos.
Não esqueçamos
que o povo quer a melhoria da sua qualidade de vida: acesso a melhor
assistência de saúde, educaçāo, nutriçāo, saneamento básico, água potável,
habitaçâo, justiça, etc.
Na verdade, Sr.
Primeiro Ministro. Todos os dias assistimos a problemas noutros paises, a
conflitos que vao nascendo cada vez mais em todo o mundo. Tambem verificamos
que quando não são as armas a destruirem vidas e bens, fa-los a natureza.
Graças ao nosso
empenho na via da tolerância, por um lado, e na da reafirmação da autoridade
democrática do Estado, por outro, temos conseguido reduzir a tendência do uso
da violência como arma de intervenção na politica.
Ainda este ano,
quando muitos pensavam que Timor-Leste não iria poder sobreviver sem convulsöes
com a retirada da presença e das forças internacionais, decidimos marcar mais
uma forma nova e inovadora de fazer politica. Fize-mo-la para melhor servir o
nosso povo, para garantir que as instituições pudessem funcionar normalmente,
assumindo os desafios do desenvolvimento como a questão central na edificação
do Estado de Direito de Democrático. Aprovamos o Orçamento de Estado de 2013
por unanimidade, colocamos na Lei a cláusula inovadora de incentivos para o
investimento. Fizemo-lo, acreditando na capacidade do seu Governo entender a
mensagem que o nosso povo quer mais e melhor de todos nós. A nova postura da
FRETILIN, Sr. Primeiro Ministro nasceu da fé inabalável de querer melhor
servir.
Contudo, temos
que reconhecer que o que temos visto é mais marketing político, mais estrelas
de telivisão, mais seminários e worshop, nacionais e internacionais, mais
viagens internacionais dos políticos com delegações enormes, mais despesas sem
retorno visîvel. Enquanto Vossa Excelência Sr. PM se preocupava cada vez mais
multiplicar os contactos com o povo, muitos dos seus membros do governo claramente
mudaram de residência, passando simplesmente a visitar de quando em vez o nosso
país.
Tudo isso tem
criado um clima de descontentamento latente no seio do nosso povo. Tudo isso
tem dado margens a muitos a questionar a validade do entendimento construido em
torno da adopção por unanimidade da Lei do Orçamento de 2013.
Todos sabemos
das razões que empurram povos, comunidades para a violência, para as guerras. A
razao esta sempre na exclusao social e economica, cultural e politica. Isto e
tao valido para o mundo no seu todo como para cada realidade social, cada
unidade política local ou nacional. Uma governação sem resultados é um factor
de destabilização. Uma governação sem soluções para a vida do povo, perde a
legitimidade democrática e cria frustrações.
O nosso povo
assumiu o caráter prolongado da luta quando, para além da causa nobre da
Independência nacional também tinha um inimigo comum contra o qual se devia
unir. Tudo muda quando se fala da luta pela libertação económica. Aqui quer
resultados visiveis, palpaveis . Deixando as estatisticas e, olhando para a
realidade do nosso dia a dia, podemos concluir que, no geral, o poder está a
distanciar-se das aspirações do povo. Penso até que muitos membros do Governo
começam a ser vítimas das máquinas que montam para a sua auto-promoção, da sua
propaganda.
Senhor
Presidente! Senhor Primeiro-Ministro Excelencias!
Permitam-me que
diga que ė tempo de se fazer um balanco objetivo do Estado da Nacao. Na verdade
somos diferentes. Marcamos a diferenca a partir do dia em que decidimos lutar
pela nossa independencia. Por isso, durante vinte e quatro anos, sendo um povo
reduzido em numero, um pais estreito no tamanho, nunca vascilamos. Sabiamos
que, como dizia o saudoso Presidente Nicolau Lobato, cito “os nossos inimigos
são muitos e muito poderosos, nós somos um pouvo pequeno e fraco, Mas sabemos,
podemos e devemos vencer”.
Era esta
determinacao assumida por todos que nos garantiu a vitoria. E todos os
sacrificios foram consentidos.
Hoje somos um
pais que procura construir pontes de amizade, reforçar relações de
solidariedade. Continuamos determinados a sermos nos proprios, a combater a
todo o momento contra a injustiça social, economica, politica. O combate à
pobreza é a nossa nova causa como Vossa Excelencia, Sr. Primeiro-Ministro
frisou de uma forma clara na sua intervencao.
Mas que lições
teremos retirado nestes dez anos após a Restauracao da Independencia?
Nenhuma crise
nas proporções da crise de 2006-2007 e 2008 teria surgido por simples inducao
de valores estranhos. As crises porque passamos foram fundamentalmente fruto
das nossas próprias impreparações, das nossas proprias concepções da vida
instucional do Estado, do nosso fraco sentido de Estado, da nossa forma de
conceber o ,poder.
O que foi
induzido foi simplesmente o catalizador para acelerar o processo de fermentação
laboratorial e potenciar os reagentes de modo a criar dai criar tempestades de
destruição e de divisão.
Felizmente que o
nosso sentido de Patria, a dignidade de sermos os libertadores da mesma se
sobrepuseram a todas as tentativas de matar o espirito de.Luta e dos deu forças
para superar as nossas fraquezas e encher-nos de coragem para resistirmos as
tentativas de reduzir o pais a um simples protetorado. O sentido de Estado de
alguns de nós levou a que se colocasse o interesse nacional acima dos
interesses mequinhos de assalto ou manutencao do poder.
A partir dali
sentimos a necessidade de refletirmos sobre nós proprios, sobre a “nossa
situacao de ‘pos-conflito’” como Vossa Excelencia, Sr. Primeiro-Ministro ainda
hoje se referiu.
Sr.
Primeiro-Ministro!
Deve estar
recordado daquilo que eu disse a 31 de Dezembro de 2009, aquando do lancamento
de flores em homenagem ao Saudoso Nicolau Lobato. Lancei então um repto e disse
que era nossa responsabilidade fazer da decada seguinte ” a decada de paz,
estabilidade rumo ao desenvolvimento”. Disse-o, consciente da necessidade de se
imprimir uma nova dinâmica em todo o processo de consolidação da Nação e de
construção do Estado. Ainda me lembro da sua resposta dada naquele momento.
Pois, Vossa Excelencia disse: e cito ” I got It”. Acrescentou mais algumas
“confidências” que entendi como desabafo. Por isso não revelarei nunca o seu
conteúdo.
Sr.
Primeiro-Ministro!
Sinto-me
extremamente realizado quando o oiço a afirmar que cito: “Foi importante para
nos mesmos, os timorenses, compreendermos que o processo de ‘ construcao do
Estado’ não é uma tarefa fàcil”.
Faltou-nos a nós
esta visão no periodo de 2002-2007. Alguns de nós pensavam na altura que ter
uma Constituição adoptada, um Parlamento eleito, um Presidente eleito, um
Governo empossado e uns Tribunais embrionários constituidos, jà tinhamos o
Estado edificado. A viabilidade deste projeto não se limitava a isso.
Pensavamos tambem que combater a pobreza era algo que só dependia das nossas
vontades. Ignoravamos que era um processo global e integrado, um processo longo
e sinuoso. Assim, muitos de nós pensavamos que que tinhamos cumprido todas as
nossas obrigações. Deixamos de ter o sentido do dever para passarmos a assumir
só o dos direitos.
Podemos dizer
que, de uma forma ou de outra, todos temos vindo a aprender dos nossos erros. E
todos sabemos da necessidade de se afirmar o Estado como a maior das
instituicoes com vida e cultura instituicionais proprias.
Por isso, Senhor
Primeiro-Ministro!
Há tendência de
se pensar que com a proliferacao da criacao de instituicoes significam por si
só estarmos no caminho certo para a afirmacao da dinamica institucional do
Estado e da boa governação. A comunidade internacional sauda- nos mais quando
criamos instituições que vão de encontro aos seus projetos do que os resultados
factuais por nós conseguidos. Na onda de criação de instituições, muitas vezes
abrimos caminho para conflitos de competências. O facto de existirem
sobreposicoes de competencias e funcoes, criam a inercia, aumentam a
irresponsabilização, atrazam a execucao das politicas, abrem portas para
conflitos institucionais.
Por exemplo:
fala-se na melhoria da gestao das finanças públicas. Em termos de políticas, de
mecanismos, em termos de vontade e de objetivos definidos, até posso acreditar
que sim. Nao duvido da vontade e das intenções. Mas na verdade, assistimos a
problemas concretos que nao ajudam a compreender que houve melhoria. Vemos,
diariamente a desfuncionalidade, o atraso em todos os processos, a incapacidade
generalizada de responder às solicitações do público consumidor de serviços, de
prestar serviços com qualidade e prontidão.
Todos nós
tendemos a dizer que devemos encontrar soluções criativas, inovadoras tendo
como base as nossas proprias realidades. Estamos todos de acordo com isso. Mas
o que não podemos é constantemente assumir e apresentar como certos indicadores
económicos como nosso sucesso e rejeitar outros que não nos agradam como
interferência negativa, simplesmente porque os consideramos desadequados à
nossa realidade economica e socio-cultural. Nao me parece sério se continuarmos
a equacionar desta forma os nossos problemas. Menos sério ainda quando, na
ausência de outros argumentos, continuamos a escudar-nos na necessidade de dar
tempo para mais aprendizagem.
Falamos de
crises noutros paises que acompanhamos à distância, mas com muitas
preocupacoes. Não queremos que o nosso venha algum dia a mergulhar na mesma
situação. Na verdade a crise por que passam países de diferentes continentes
têm geralmente origem na exclusão social e económica, na má governação. Aqui
está a questão. E precisamos de prevenir-nos contra tudo isso.
Contudo, o nosso
pais vive actualmente uma situacao complexa de desfuncionalidade das
instituicoes do Estado. Por mais avesso que somos em relacao aos indices
macro-economicos, não podemos trabalhar ignorando-os, sob pena de estarmos a
provocar mais distorções na nossa economia com intervenções pontuais e
desaquadas que se vai tornando permanentemente de emergência. Qualquer
analgésico só serve e pode aliviar temporariamente a dor mas, sem atacarmos a
causa da doenca, chegará o dia que precisaremos de analgésicos cada vez mais
fortes. Mesmo assim só continuamos a aliviar a dor enquanto deixamos que a
ferida gangrene.
Falamos do
crescimento económico de dois digitos e prometemos criar emprego e controlar a
inflacao. Na verdade, nem uma nem outra conseguimos fazer. O indice de
desemprego aumenta como tambem aumentou a taxa de inflacao. Quando poderemos
nós garantir um crescimento económico com qualidade? Quando poderemos criar
condições para atrair investidores. Que mais devemos fazer para combater a
inflação?
Na legislatura
anterior o Governo de Vossa Excelência fez uma revisão profunda a Lei
Tributària convertendo o nosso em quase paraíso fiscal. Justificaram estas
medidas à necessidade de redução do custo geral de vida e de atração de
invesimentos. Na realidade, isto não se verificou. Tornou, isto sim, a nossa
economia cada vez menos competitiva, inflacionada e entregue às mãos de uma
minoria, de uma classe média de compradores e vendedores, de a uma classe de
intermediários que especulam sobre os preços.
O Investimento
Direto Estrangeiro ou Nacional só acontece quando existem clara mensagem de
estabilidade. Não me refiro só a estabilidade política. É necessário que também
se consiga demonstrar capacidade governativa. Não pode todo um Governo se
acomodar à sombra de uma estabilidade política garantida pela Liderança
nacional com Vossa Excelência o Sr. Primeiro-Ministro a desempenhar um papel de
destaque. É preciso que o Governo como uma máquina executiva de prestar
serviços funcione em toda a sua dimensão.
Sr.
Primeiro-Ministro, com todo o devido respeito por si, pelos seus esforços, pela
sua vontade férrea de melhor servir o nosso povo, tenho a afirmar, publica e
solenemente que o seu Governo não o tem sabido acompanhar e corresponder, falha
redondamente nos planos, nos programas e distorce tudo nos projetos. Projetos
sem qualidade, transações sobrefacturardas, despesas supérfulas e sem qualquer
racionalidade.
Senhor
Presidente! Senhor Primeiro-Ministro!
Assistimos a uma
paralisia funcional de alguns Ministerios. Os titulares de algumas das pastas
passam mais tempo a viajar pelo mundo fora do que a trabalhar no pais a
executar ou fazer executar o seu plano anual de acao.
Por outro lado,
assistimos a concorrência no exercicio das mesmas funcoes por diferentes
membros do Governo.
Na verdade,
áreas tao importantes como a Educação, a Saúde, as Infraestruturas, a
agricultura, os Negocios Estrangeiros indiciam fraco desempenho durante o
primeiro ano desta nova legislatura.
O próprio
Ministerio das Financas, que é tido pelos outros como o mal de todos os males,
parece não conseguir encontrar soluções para os problemas de pagamentos em
falta que se avolumam. Todos se queixam de atrazo de pagamentos e financiamento
de projetos. Os Ministérios diretamente envolvidos passam todas as culpas para
o Ministério das Financas. Este explica-se com a introdução de um novo sistema.
Afinal, é esta a reforma, perguntam alguns?
Na realidade,
pelo nivel de execução orçamental se pode facilmente concluir que existe
realmente uma inercia, no mínimo, uma inércia governativa.
Senhor
presidente!
Senhor Primeiro-
Ministro!
Senhores Vice-Presidentes e Membros da Mesa! Ilustres Deputadas e Deputados!
Senhores Membros do Governo!
Senhores Vice-Presidentes e Membros da Mesa! Ilustres Deputadas e Deputados!
Senhores Membros do Governo!
Excelências!
Senhoras e Senhores!
A reflexão que
acabei de fazer tem o objetivo de refletir o que se vê e o que se ouve nas
ruas, nas escolas, nos hospitais, nos serviços, nas estradas cada vez menos
estradas, nas várzeas e hortas, cada menos produtivas, no drama das populações
caminhando quilometros à procura de água, nos mercados com preços cada vez
especulativos, nos supermercados com cada vez menos oferta e com oferta de
menor qualidade, nas casas inundadas por dentro e por fora em tempo de chuva,
nas empresas, nos quiosques a inundarem a cidade, nas crianças em busca de
restos de comida nas lixeiras. Em suma, pretendo interpretar a realidade do
país real, do Timor-Leste onde a vida da maioria do nosso povo é cada vez mais
difícil.
Sei que o Sr.
Primeiro-Ministro sente tudo isso com a mesma intensidade ou mais ainda do que
eu.
Mas é minha
obrigação aproveitar este dia de reflexão para dizer que. constitui sempre
nosso dever corrigir o que está errado. Mas devemos fazê-lo sempre no sentido
de tornar as instituições do Estado cada vez mais eficientes e eficazes.
Devemos saber adequar o Sistema às nossas capacidades de o fazer funcionar.
Devemos sempre saber adequar o nosso estilo de trabalho à necessidade de
definir as competências de cada estrutura do Estado colocando a pessoa certa no
lugar certo.
Senhor
Primeiro-Ministro, Vossa Excelência tem todas as condições polîticas para
governar com estabilidade. Só depende de si encontrar as melhores formas de
governar com eficiência e eficácia como é seu desejo.
HAMUTUK ITA BELE!
FIAR AN LA’O BA OIN!
HAHU DEZENVOLVIMENTU HUSI BAZE!
” TAU FILA MUDANSA IHA KARETA LARAN” !
FIAR AN LA’O BA OIN!
HAHU DEZENVOLVIMENTU HUSI BAZE!
” TAU FILA MUDANSA IHA KARETA LARAN” !
Obrigado.
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