26
julho de 2013 Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)
Moçambique
possui cerca de 3,83 milhões de explorações agro-pecuárias. Destas, cerca de 99
por cento são classificadas como pequenas explorações, que cultivam 96,4 por
cento de um total de cerca de 5,6 milhões de hectares cultivados em Moçambique.
Cerca de 2 por cento da área total
é cultivada pelas médias explorações,
revelam os resultados de estudos
temáticos realizados no seguimento do II Censo Agro-Pecuário, realizado entre
2009 e 2010.
As províncias de Nampula e Zambézia
possuem as maiores áreas cultivadas, estimadas em cerca de 1,04 milhões (18,4
por cento) e 1,07 milhões de hectares (19,1 por cento), respectivamente.
Refira-se que as duas províncias são as mais populosas do país. Em sentido
inverso, a cidade de Maputo e a Província de Maputo possuem as menores áreas
cultivadas. Contudo, é na Província de Maputo onde se localiza o maior número
de grandes explorações, estimadas em cerca de 29 mil, ou seja, cerca de 39 por
cento do total de todas as grandes explorações do país. As médias explorações localizam-se
principalmente nas províncias de Tete e Gaza.
Relativamente ao número de
explorações com culturas alimentares, os dados do I Censo Agro-Pecuário
(1999-2000) mostram que existiam cerca de 2,74 milhões de explorações que
cultivavam milho, cerca de 553 mil explorações cultivavam arroz. As culturas
alimentares menos produzidas foram a mexoeira (4,3 por cento) e o feijão
manteiga (8,3 por cento). Nampula e Zambézia são os principais locais de
produção da mandioca, onde um total de 28,8 e 26,5 por cento, respectivamente,
cultivam essa raiz. Na zona sul do país, a mandioca é produzida mais
frequentemente na província de Inhambane. A província da Zambézia é também uma
das maiores produtoras de batata-doce, pois ali cerca de 26 por cento das
explorações cultivam esse tubérculo.
Em relação à área com culturas
alimentares básicas temos um total de cerca de 4,4 milhões de hectares, dos
quais cerca de 32,6 e 23,6 por cento são ocupados por milho e mandioca,
respectivamente.
De acordo com os resultados do estudo,
as explorações agro-pecuárias dos agregados familiares reportaram várias razões
que provocam a escassez de alimentos, sendo que a falta das chuvas é a
principal causa da referida escassez de produtos alimentares. Esta informação
foi reportada por 51 por cento de agregados familiares e por cerca de 76 por
cento das médias explorações. “Esse resultado não é surpreendente se se tiver
em conta que a agricultura moçambicana é maioritariamente de sequeiro”, refere
o estudo.
Por seu turno as explorações agro-pecuárias
(agregados familiares) reportaram várias razões que provocam a escassez de
alimento. A falta das chuvas é a principal causa evocada por 51 por cento de
agregados familiares e por cerca de 76 por cento das médias explorações. Estes
dados não constituem nenhuma surpresa se se tiver em conta que a agricultura
moçambicana é maioritariamente de sequeiro.
O cultivo de áreas pequenas foi a
segunda principal razão apontada pelas pequenas explorações para a escassez
alimentar. Apesar de Moçambique aparentemente possuir terra abundante para a
agricultura, a escassez de mão-de-obra durante o período de pico da campanha
agrícola, principalmente durante a preparação da terra, pode ter contribuído
para a não expansão das áreas cultivadas. A ausência de tracção animal ao norte
do rio Zambeze, associada a falta de uso de tractor, contribuiu para a menor
expansão da área cultivada.
Frutos silvestres minimizar escassez
A escassez de alimentos em várias
regiões, levou muitas famílias a adoptarem estratégias para minimizar o
problema. Apesar de algumas familias não terem reportado nenhuma estratégia,
nomeadamente as que foram referidas no âmbito do censo agro–pecuário,
relativamente a escassez de alimentos, acredita-se que algumas pessoas terão
recorrido a frutos silvestres para mitigar a fome.
Sabe-se entretanto, de acordo com
os resultados do estudo, que cerca de 457 mil explorações (19,9 por cento) não
adoptaram nenhuma estratégia destinada a minimizar a falta de altimentos.
Todavia, um total de 268 mil explorações (11,7 por cento) reduziram a prática
de actividade agrícola para se dedicar a outras actividades; 237 mil
explorações (10,3 por cento) aumentaram a ajuda mútua entre famílias para
melhorar a situação da fome. A maioria das explorações viu os seus hábitos
alimentares afectados devido à escassez alimentar. Cerca de 65 por cento das
explorações afirmaram ter sido muito afectadas pela escassez alimentar.
As províncias de Nampula e Zambézia
foram as mais afectadas pela escassez de alimentos. Esta situação é mais
preocupante nas Províncias de Nampula e Zanbémzia por serem aquelas que detêm
maior número de habitantes. Portanto, uma situação de insegurança alimentar e
nutricional naquela região tem elevado impacto nas estatísticas nacionais de
segurança alimentar e pobreza.
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