26
julho 2013, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz
(Moçambique)
Numa conferência internacional
bastante concorrida realizada ontem, na cidade de Aberdeen, Escócia, sobre o
desenvolvimento de infra-estruturas de petróleo e gás em Moçambique o
Presidente Armando Guebuza alertou que, para se colher os benefícios dos
recursos naturais será necessário ter a certeza de haver, por um lado, um
equilíbrio entre a exportação das matérias-primas e, por outro lado, fazer-se
com que essas matérias-primas fiquem disponíveis para o mercado interno de
maneira que seja social e economicamente viável e sustentável.
A conferência de dois dias,
especialmente dedicada a Moçambique,
era aguarda com elevada expectativa, dado
o “boom” das descobertas de gás natural na bacia do Rovuma, que constitui o
epicentro da visita de trabalho do Presidente Guebuza, que hoje termina e que é
uma iniciativa de uma empresa moçambicana de consultoria, denominada Williams
Associados em parceria com o Governo moçambicano, com a empresa África Matters,
presidida pela Baronesa Lynda Chalker, que foi a moderadora do encontro.
Na intervenção inaugural, Guebuza
disse que o Governo está activamente à busca de uma visão para tornar os
recursos naturais a força motriz da transformação social sustentável da
industrialização em Moçambique, através da agregação de valor dentro dos país
com crescente participação.
A visão referida pelo Presidente
explica assim a participação de 28 empresários moçambicanos que viajaram
especialmente à Aberdeen representando vários segmentos de negócio com
interesse na emergente área de hidrocarbonetos.
Dirigindo-se a uma audiência que
incluía representantes do Governo do Reino Unido, do Governo escocês e de
empresas directa e indirectamente relacionadas com a indústria de gás e
petróleo e a áreas de investigação, o Presidente falou dos desafios que
Moçambique enfrenta para dar resposta às expectativas do povo, especialmente
para os jovens face as descobertas de recursos naturais. Considerou que as
expectativas são legitimamente altas e que buscam resultados não amanhã, mas
sim ontem e enumerou três desafios.
Em primeiro lugar, disse que enquanto
se melhora a governação económica e social para garantir uma maior
transparência e continuidade de boa governação, é necessário uma e outra vez
enfatizar que os benefícios integrais do “boom” de recursos naturais não serão
todos imediatos. Em segundo lugar, explicou que apesar do facto de esses
recursos pertencerem a todos os moçambicanos, independentemente de onde eles
estão localizados, onde se está, eles não vão ser a solução para todos os
problemas individuais e colectivos relacionados com a pobreza. E por fim
sublinhar que a nação moçambicana não deve perder de vista os outros sectores
da economia que têm sido os motores da taxa de crescimento médio de 7 por
cento.
Falou da ânsia prevalecente no país
para se aproveitar as oportunidades que a indústria de hidrocarbonetos vai
trazer para o país, cujos benefícios deverão ser colhidos através da
sustentabilidade e inclusão na economia. É ai onde entra a paz. Para isso disse
ser necessário valorizar-se e promover-se a consolidação da cultura da paz através
do diálogo, solidariedade, da democracia multipartidária, bem como através do
sentido de pertença e do destino comum. Reafirmou que “a alternativa à paz é a
própria paz”.
Por seu turno, as intervenções
iniciais de praxe proferidas pelos representantes do Governo do Reino Unido, da
Grã-Bretanha, da Escócia e do presidente do Município de Aberdeen, destacaram a
abertura para a transmissão da experiência acumulada ao longo de mais de três
décadas, particularmente em Aberdeen, outrora uma cidade fundada na pesca, hoje
referência mundial na indústria de hidrocarbonetos e investigação.
Deram igualmente realce a criação
de parcerias empresariais e protecção do meio ambiente no contexto de produção
de gás natural. “Faremos os possíveis para que o negócio de gás em Moçambique
seja dos moçambicanos”, disse Mark Simmons, Ministro para África no Ministério
dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.
Os temas da conferência incluem,
nomeadamente “indústria de petróleo e gás em Moçambique: oportunidades de
investimento nacional. Visão de desenvolvimento de um ambiente propício para
investimentos e oportunidades de negócios; oportunidades e desafios para as
PME`s, a cadeia de valor e construção de parcerias; indústria de petróleo e gás
em Aberdeen: lições aprendidas; agregação de valor, industrialização local;
capacitação institucional: como foi feito em Aberdeen.
Rogério Sitoe, em Aberdeen
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