Um grupo de defesa dos direitos das mulheres de Timor-Leste feitas escravas sexuais pelo exército japonês, durante a ocupação da então colónia portuguesa entre 1942 e 1945, quer que Portugal pressione Tóquio a pagar compensações às vítimas.
Segundo Kiyoko Furusawa, da organização não-governamental Coligação Japonesa por Timor-Leste, as forças japonesas que ocuparam Timor sujeitaram pelo menos 270 mulheres timorenses, muitas delas pré-adolescentes, a escravidão e torturas sexuais, tal como fizeram noutros países da Ásia Oriental, como a China e a então Coreia, hoje dividida em Norte e Sul.
"Para recuperar a dignidade, as mulheres timorenses exigem um pedido oficial de desculpa e indemnizações ao governo japonês. A Coligação Japonesa por Timor-Leste e alguns deputados fazem esse pedido ao governo todos os anos, especialmente na data da invasão japonesa de Timor", disse Kiyoko Furusawa em declarações telefónicas à agência Lusa em Pequim.
Furusawa disse que a resposta de Tóquio é sempre negativa, uma vez que Díli nunca fez qualquer pedido oficial, porque quando Timor-Leste e o Japão estabeleceram relações diplomáticas após a independência timorense em 1999, concordaram esquecer as questões do passado.
A Coligação Japonesa por Timor-Leste pede agora a Portugal para pressionar o Japão, lembrando que quando as mulheres foram feitas escravas sexuais, ou "mulheres de conforto"', o território era então uma colónia portuguesa.
"Há que lembrar uma coisa: os timorenses eram nacionais portugueses quando o exército japonês ocupou o território. Por isso o governo português pode também apoiar o processo de busca da verdade e reconciliação com as vítimas", afirmou a responsável da Coligação Japonesa por Timor-Leste.
"Portugal, definitivamente, deveria apoiar os esforços de busca de compensação e desculpa oficial das mulheres de Timor-Leste", adiantou.
As forças japonesas entraram em Timor-Leste em Fevereiro de 1942 para combater as forças australianas que tinham ocupado o território em Dezembro de 1941, violando a neutralidade da então colónia portuguesa.
Os japoneses ordenaram desde o início aos líderes locais que fornecessem mulheres para servir de escravas sexuais às tropas, executando vários que se recusaram a cumprir ordens.
No ano 2000, grupos não-governamentais preocupados com a falta de responsabilização pelas atrocidades sexuais no tempo da guerra criaram em Tóquio um tribunal popular, em que participou Gabrielle Kirk McDonald, a juíza que presidiu ao primeiro Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, que condenou o imperador Hirohito (já falecido) e altas patentes militares japonesas por crimes contra a humanidade. (Lusa / 23 de Maio de 2007)
Nenhum comentário:
Postar um comentário